Sapopemba: Mãe de aluna aponta possível motivação do ataque em escola de SP; adolescente teria avisado

De acordo com relatos, autor dos disparos sofria bullying e homofobia

Escola Estadual Sapopemba

adolescente de 16 anos responsável pelo ataque a tiros à Escola Estadual Sapopemba, Zona Leste de São Paulo, vinha sendo alvo de bullying e agressões na unidade. Ao Metrópoles, outros alunos comentaram que ele teria avisado sobre o atentado há duas semanas. A Polícia Civil ainda afirmou que a arma era legalizada e pertencia ao pai do atirador.

Jéssica Mattos, mãe de uma estudante, informou que além do bullying, o adolescente também apanhava de outros jovens e era constantemente humilhado. “Ele era agredido e os alunos filmaram um dos episódios em que ele apanhou dentro da sala de aula”, recordou a mulher. O autor dos disparos teria, inclusive, registrado uma ocorrência em 24 de abril, relatando as agressões e ameaças que sofria.

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A filha de Jéssica estava na escola quando os tiros foram registrados no local. Segundo ela, todos se esconderam nas salas de aula, trancaram as portas e colocaram cadeiras para evitar que fossem atingidos. “Eles ficaram escondidos dentro das salas até que uma funcionária apareceu para orientá-los a sair da escola”, contou.

Atentado teria sido avisado; autor era alvo de homofobia

Os estudantes de Sapopemba confirmaram ao portal Metrópoles a possibilidade do atentado ter sido premeditado, uma vez que o autor teria avisado duas semanas antes. Eles também relataram que seriam pelo menos quatro, os autores do ataque, que também sofriam bullying. Segundo informações iniciais da Polícia Militar, um suspeito está foragido.

De acordo com os alunos, os adolescentes eram um estudante gay — que foi detido —, uma aluna lésbica e outros dois estudantes que seriam tímidos e excluídos. Para os jovens, as respectivas orientações sexuais e a timidez seriam os motivos para a ridicularização na escola. “Ele era muito zoado aqui na escola. Sofria bullying por ser gay. Duas semanas atrás, ele avisou que iria fazer esse atentado. Ninguém acreditou”, declarou uma jovem.

Uma professora da instituição, que pediu para manter sua identidade em sigilo, confirmou as importunações. “Ele era vítima de bullying, com base nesses vídeos. Tanto que o ataque, pelo que me falaram, começou dentro da sala de aula onde ele estudava”, salientou. A educadora afirmou ter escutado ao menos cinco disparos enquanto se preparava para começar seu dia de trabalho.

Cerca de 10 viaturas foram até a escola. (Foto: Reprodução/ TV Globo)
Cerca de 10 viaturas foram até a escola. (Foto: Reprodução/ TV Globo)

O ataque

Após a tragédia, a Polícia Civil afirmou que a arma usada no ataque, um revólver calibre 38, pertence ao pai do adolescente e é legalizada. Na ação brutal, uma aluna de 15 anos foi morta ao ser atingida por um tiro na cabeça. Outras duas meninas tiveram lesões na clavícula e no tórax. Um quarto estudante machucou a mão em um vidro ao fugir. Os feridos foram levados para o pronto-socorro do Hospital Sapopemba e conforme boletim médico, o estado das vítimas é estável.

De acordo com a PM, eles foram acionados por volta de 7h30, quando uma pessoa com o uniforme da instituição entrou no local e efetuou diversos disparos. O helicóptero da polícia foi até a escola, além de outras 20 viaturas. O autor do crime foi detido por equipes da PM e levado ao 70º DP (Vila Ema), que investiga o caso.

Por meio de uma nota, o Governo de São Paulo se pronunciou. “O governo de SP lamenta profundamente e se solidariza com as famílias das vítimas do ataque ocorrido na manhã desta segunda-feira (23) na Escola Estadual Sapopemba. Nesse momento, a prioridade é o atendimento às vítimas e apoio psicológico aos alunos, profissionais da educação e familiares”, diz o texto.

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Mais tarde, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) repudiou o ocorrido. “Estamos consternados com mais um terrível ataque nas nossas escolas. Na manhã de hoje, três alunos foram atingidos a tiros na Escola Estadual Sapopemba e um deles, infelizmente, não resistiu. O autor dos disparos e a arma foram apreendidos. Nesse momento, a prioridade é apoiar os estudantes, professores e familiares. Toda minha solidariedade às famílias e a todos os afetados neste triste episódio”, desejou ele no X (Twitter).

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, informou por meio de suas redes sociais que o governo federal já ajuda nas investigações. “Solidariedade às vítimas, suas famílias e à comunidade da escola estadual de São Paulo, alvo de ataque com arma de fogo. Laboratório de Crimes Cibernéticos do Ministério da Justiça foi acionado para auxiliar a Polícia de São Paulo a aprofundar as investigações”, escreveu.

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