Sari Mariana Gaspar Corte Real, ex-primeira-dama do município de Tamandaré (PE), condenada pela morte do menino Miguel, entrou com uma ação por danos morais contra a atriz e apresentadora Luana Piovani. Meses após o registro do processo, nesta segunda-feira (20), Piovani veio a público para se manifestar sobre o caso.
Em um vídeo publicado no Instagram, a atriz expressou sua revolta diante da iniciativa de Sari. “A condenada pela morte do incapaz Miguel está me processando porque se sentiu com a moral ferida, porque eu disse que ela é branca, privilegiada, enfim. Eu vim aqui dizer que há uma inversão de valores muito maluca e que a gente não pode deixar isso acontecer”, declarou Piovani.
A apresentadora convocou seus seguidores e a classe artística a pressionarem o Ministério Público de Pernambuco para dar andamento ao julgamento do caso de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, que faleceu em junho de 2020 ao cair do 9º andar de um prédio em Tamandaré (PE).
A declaração ocorre após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspender uma ação trabalhista movida pela mãe do menino contra Sari. Apesar de ter sido presa em flagrante por homicídio culposo e condenada em maio de 2022 por abandono de incapaz, Corte Real responde ao processo em liberdade.

“Vim aqui falar com todas as mulheres, com todas as mães desse meu Brasil, com todos os artistas que apoiam e sempre apoiaram a Mirtes, mãe do menino Miguel, que está há cinco anos esperando por justiça, e vê que não acontece nada… Queria convocar todos vocês pra que a gente pressionasse o Ministério Público de Pernambuco, também a nossa governadora do Estado de Pernambuco (Raquel Lyra), porque isso não pode ficar assim”, enfatizou Luana.
A atriz também criticou o fato de Sari Corte Real, após ter sua pena reduzida de 12 para 7 anos, continuar recorrendo da condenação e levando uma vida aparentemente normal. “Não é possível que essa já condenada, já conseguiu a diminuição de pena de 12 anos pra 7, está recorrendo à sua condenação, aguardando em liberdade, cursa Medicina no Instagram, já se coloca como doutora, leva uma vida linda, maravilhosa, como se nada tivesse acontecido. E tem cinco anos que uma mãe perdeu o filho e está esperando alguma coisa da Justiça. (…) A gente tem que fazer um movimento, pressionar o Lula, a Janja, a governadora do Estado de Pernambuco, o Ministério Público de Pernambuco, pra que alguma coisa aconteça. Imagina só, a Justiça está sem tempo de julgar o processo da condenada. E aí ela abre um processo, achando que a Justiça vai ter tempo de cuidar do processo que ela abriu contra mim, porque ela se sentiu vítima”, desabafou Piovani.
A atriz ressaltou que tomou todas as medidas legais necessárias e está sendo representada por uma equipe jurídica em Pernambuco. No entanto, reforçou a importância da pressão pública para garantir justiça para Mirtes. “A gente tem que buscar e clamar a justiça pra essa mãe que está há cinco anos vivendo essa tragédia, esse buraco diariamente. Enquanto a outra tá lá, linda, se chamando de doutora, mudou completamente a imagem dela, cheia de procedimentos estéticos, se achando a Miss Brasil 2025”, ironizou.
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O processo
A ação movida por Sari Corte Real contra Luana Piovani foi protocolada no Tribunal de Justiça de Pernambuco em novembro de 2024, poucos meses após a atriz fazer declarações sobre o caso Miguel. Em setembro, Piovani compartilhou vídeos em seu Instagram expressando indignação e chamando Sari de “rica” e “privilegiada”, além de defender que ela deveria estar presa.
“Até quando essa mulher [Mirtes, mãe de Miguel] vai ficar aqui falando que o filho dela foi assassinado por uma branca, privilegiada, rica, que o marido é um corrupto?”, questionou Luana, logo após o STJ suspender a ação trabalhista de Mirtes contra Sari. A suspensão foi determinada pelo ministro Marco Aurélio Bellizze, que argumentou que os danos morais pedidos não estavam diretamente ligados ao contrato de trabalho entre as partes, o que impacta a competência do julgamento.

A defesa de Sari alegou que a ação trabalhista não deveria tramitar na Justiça do Trabalho, pois os pedidos de indenização por danos morais já estavam sendo analisados em outra esfera, evitando decisões conflitantes.
Na época do ocorrido, Mirtes Santana e sua mãe, Maria Marta, trabalhavam como empregadas domésticas na casa de Sari e de seu marido, o ex-prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker. Miguel ficou sob os cuidados de Sari enquanto sua mãe passeava com o cachorro da família. Câmeras de segurança mostraram que a ex-primeira-dama permitiu que o menino usasse sozinho o elevador para procurar a mãe, levando à tragédia que resultou em sua queda de 35 metros de altura.
No processo contra Piovani, Sari pede uma indenização de R$ 50 mil, alegando que as declarações da atriz “feriram sua honra e dignidade”. “A exemplo de que a autora teria assassinado Miguel e ainda era ‘rica’ e ‘privilegiada’, além de afirmar que a situação envolvendo o episódio de Miguel deveria ser definida e a autora ser presa”, argumenta a defesa, em trecho do processo divulgado pelo UOL.
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