Segurança tenta barrar jovem de entrar em supermercado por conta de short curto: “O senhor é um homem”; Estudante denuncia constrangimento — assista!

Que situação… Neste domingo (20), Marcos Pascoal recorreu às redes sociais para expor um caso em que se sentiu constrangido quando tentou entrar num supermercado Walmart, em Salvador, e foi barrado por um segurança por usar short curto. Nesta segunda-feira (21), a rede de supermercados BIG se manifestou sobre o caso e afirmou que o profissional foi afastado.

No vídeo divulgado pelo estudante de psicologia, o segurança aparece afirmando que ele não deveria usar um short curto, apenas por ser homem. “O senhor, até esse momento, o senhor é homem, então o senhor tem que ajeitar seu short. Homem tem que estar composto, temos várias crianças ali”, afirmou ele. Marcos até tentou argumentar: “Mas por que o homem não pode usar short curto?”. O profissional, no entanto, foi irredutível em suas respostas.

Assista:

Em entrevista ao G1, Marcos deu detalhes de como a ação se deu, no último sábado (19). “Eu estava entrando no supermercado com minha amiga, na porta tinha um funcionário com deficiência, que na hora que fui entrar, apontou para o meu short e fez sinal de negativo, de que eu não poderia entrar ali. Eu, de primeira não entendi, achei que fosse uma brincadeira de tamanho absurdo, olhei para o lado e estava um segurança, que não me respondeu nada”, disse.

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“Eu questionei, ‘oxente’ o short? Eu questionei, mas como a pessoa não falava, ela só se comunicava através de gestos, mas gestos foram suficientes para poder não deixar eu passar. Eu coloquei mais um pé para tentar entrar e ele fez o sinal novamente”, acrescentou. A cena chamou atenção de outros presentes, o que deixou o estudante constrangido, fazendo-o abaixar a peça. “Eu abaixei o short de tanta vergonha e, ainda assim, não estava bom para a pessoa que estava na porta, que era esse funcionário. Eu entrei mesmo assim”, comentou.

Marcos Pascoal ficou indignado ao ouvir que seu short curto seria uma má influência para crianças, enquanto outros clientes também usavam o traje. (Fotos: Reprodução/Twitter)

Ao contrário do que aconteceu com Marcos, várias clientes usavam shorts curtos no mercado, sem nenhum problema. “Vi várias pessoas com o short curto lá dentro, mulheres, inclusive, com o short mais curto que o meu, e isso me deixou possesso, indignado, porque eu já fui outras vezes nesse mercado e vejo homens com short curto, mulheres, e por que eles não são barrados? O que eu tenho diferente para ser barrado?”, questionou.

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Diante disso, o rapaz voltou seu short ao normal, mas teria sido repreendido pelo funcionário novamente, tendo que abaixá-lo outra vez para ser “liberado”. “Aí, novamente, o funcionário veio apontando para o meu short, fazendo sinal de negativo, fazendo menções auditivas, mas que não dava para entender. Depois do constrangimento de novo na hora de sair, eu não me dei, perguntei qual era o problema com meu short, o que tinha e por que não poderia entrar?”, recordou.

Segurança questionado

Após as seguidas advertências, Marcos quis saber qual o problema de usar seu short – momento que foi parcialmente registrado no vídeo. O segurança argumentou que era porque o item de vestuário seria feminino. “Pedi para ele me explicar e ele repetia a mesma coisa: ‘Você tem que entender’, falando com o tom de voz mais alto”, contou o cliente.

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“Ele disse que eu tinha que achar um ponto de consenso. Ele falou que as mulheres são mais femininas, isso não está em vídeo, porque minha amiga não tinha começado a gravar ainda. As mulheres são femininas e por isso podem entrar, eu sou homem, masculino não pode usar isso”, continuou Marcos. “Eu perguntava para ele qual era a justificativa do mercado para não deixar eu entrar e ele respondendo que era porque eu era homem. O argumento dele não era por causa de traje de banho, o argumento dele era porque homem não poderia usar short curto”, completou.

O estudante, que declarou ser gay pelas redes sociais, também lamentou o fato de ter sido apontado pelo segurança como mau exemplo para crianças no mercado. “Por que as crianças não podem me olhar de short curto? Elas podem olhar as mulheres e eu não? Eu sou uma aberração? Que absurdo é esse?“, revoltou-se ele. Marcos ainda citou que mora no bairro do estabelecimento e que já viu homens e mulheres usando o mesmo traje em outras ocasiões.

Medidas legais

Ao G1, Marcos mencionou que prestaria queixa na Polícia Civil nesta segunda-feira (21). “Se a pessoa que está à frente desse estabelecimento tem uma opinião e essa opinião me julga como não digno de ficar naquele ambiente por causa das minhas roupas, como se eu fosse algo negativo para as crianças, essa opinião precisa ser guardada ou trabalhada em uma terapia. A partir do momento em que essa opinião tenta me barrar, atrapalhar meu acesso em um espaço dito como um local público, interfere no meu direito, aí a gente tem um grande problema”, concluiu.

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Pelo Twitter, Marcos disse também que entrará com uma ação judicial contra o mercado, após a situação. “Minha advogada está entrando com uma ação contra o supermercado por todo o vexame que ele me fez passar. É isso, não se calem mas também tentem agir com cuidado nessas situações, se possível. Deixe o outro tropeçar em suas próprias palavras, ele tem que se justificar, não eu”, escreveu o estudante de psicologia.

Rede de supermercados se manifesta

Com o episódio, o grupo BIG Bompreço – responsável pela loja – se manifestou, pediu desculpas ao jovem e informou que o segurança será afastado. De acordo com o jornal Correio, a empresa também afirmou que fará oficinas com funcionários para tratar de seu código de ética. Para esclarecer a questão, a companhia ainda explicou que as regras apenas impedem que pessoas com traje de banho entrem no estabelecimento – ou seja, algo que não era o caso de Marcos.

Confira a nota na íntegra:

“O Grupo BIG informa que o fato ocorrido no supermercado de Itapuã é inadmissível e não corresponde ao procedimentos e valores da empresa. Tomaremos as medidas cabíveis, como o afastamento nesta manhã do segurança terceirizado. A empresa está em contato com o cliente, colocando-se à sua disposição para toda assistência necessária nesse momento. Reiteramos que não aceitamos situações como essa e reforçamos nossos pedidos de desculpas ao cliente”.