Um acidente entre um carro, um ônibus e uma carreta, no sábado (21), deixou 41 mortos. A tragédia aconteceu na BR-116, em Lajinha, distrito de Teófilo Otoni, em Minas Gerais. Ao “Fantástico” deste domingo (22), os três sobreviventes que estavam no veículo atingido deram a sua versão do que teria acontecido.
Eles moram no Rio de Janeiro e viajavam para passar o fim de ano com a família. À reportagem, o trio relatou que o pneu do ônibus estourou. A declaração, porém, é diferente da apresentada pela polícia. De acordo com as primeiras informações do caso, a carga teria caído do caminhão e provocado o acidente.
Renério da Silva Freire dirigia o carro, acompanhado de um colega e a esposa dele, quando foi ultrapassado por um ônibus minutos antes do acidente. “Quando ele chegou na baixada, o pneu traseiro do ônibus estourou. Acabou que ele avançou na contramão, e a carreta veio e pegou de frente. Só que o motorista da carreta tirou o cavalo (parte da frente do caminhão) e deixou só a bitrem (onde vai a carga)“, descreveu ele.
O motorista ainda disse que chegou a ver o pneu do ônibus estourando. “Deu uma explosão muito alta e o ônibus chegou a suspender para cima um pouco, a traseira dele. Eu estava logo atrás. Tanto eu vi, quanto meu colega e a esposa dele”, completou.
O dominical também conversou como Fagner dos Santos Silva Pires e Amanda Santos Chaves Pires, que estavam no carro com Renério. “No momento eu vi. Eu ainda falei: ‘René, vai estourar. Aí o bicho fez ‘buuum’. O ônibus começou a mexer, estourou do lado contrário ao motorista e foi pra cima”, explicou o homem.
O automóvel onde os três estavam foi parar debaixo da carreta. A esposa de Fagner, Amanda, ficou com marcas no pescoço. “Sei que esse foi do cinto, que estava me sufocando. Eu consegui tirar, e aí soltou. Só que minhas pernas estavam presas na ferragem, eu não consegui sair”, relatou. Ela ainda recordou o desespero dos envolvidos no acidente: “Muita gente gritando, pedindo socorro”.
Renério foi o primeiro a sair do carro, seguido por Fagner, que o pediu ajuda para retirar Amanda. Conforme ele, foi difícil socorrer a esposa, pois ela estava presa por uma barra de ferro. “Onde ela estava, no assento de trás, ao lado passageiro, pegou um ferro em cima dela. Pegou o teto (…) Eu tenho até a marca aqui [entre o pescoço e ombro]. Eu saí de costas, na ponta dos pés. Não teve como eu ir de frente”, explicou.
Uma das rodas do caminhão chegou a ficar em cima do veículo, e os três estavam com pressa para sair devido ao vazamento do combustível. “O tanque estava cheio, tinha acabado de abastecer. A nossa sorte é que a gasolina foi para o outro lado, não foi pro lado do fogo”, ressaltou Fagner.
Os sobreviventes acrescentaram que não deu tempo de socorrer quem estava no ônibus por conta do fogo. “Já estava pegando fogo, estava muito quente. Já estava lascando tudo. Não dava [para socorrer as pessoas]“, afirmou Renério, que agradeceu por ter saído com vida do acidente.
“O que passa na minha cabeça é só. Agradecer a Deus mesmo pelo livramento, porque eu nunca vi uma cena daquela”, desabafou. “Foi uma situação tensa demais. E aí fica o trauma, né? Se a gente parar e pensar no que aconteceu, tanta gente que acabou indo a óbito. Não ter como ter feito nada. Foi um livramento enorme. Só agradecer a Deus agora”, completou Amanda.
Assista à íntegra:
Acidente fatal
Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, 41 cadáveres tiveram entrada no Instituto Médico Legal de Belo Horizonte neste domingo (22). Doze vítimas já foram identificadas. Deste total, sete são do sexo masculino, incluindo um adolescente de 12 anos, e quatro do sexo feminino.
Até o momento, não foi divulgada a lista dos nomes reconhecidos. Os corpos passarão por perícia e a investigação vai apurar se todos eram ocupantes do ônibus. O condutor suspeito de causar o acidente está com a carteira de motorista apreendida há dois anos e não tinha autorização para dirigir.
Ele é considerado foragido pela polícia, e o crime continua em estado de flagrante, já que as buscas ainda estão sendo realizadas. As autoridades trabalham com a linha de investigação de que o acidente foi causado por uma pedra de granito que se soltou do caminhão. Notas ficais apontaram que a carga saiu do Ceará e seguia para o Espírito Santo. Para a PC, a hipótese é que ocorreu excesso de peso no transporte da peça. O indicativo é de responsabilidade do condutor da carreta.
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques