Sogra que foi vítima de bolo envenenado dá depoimento, detalha “ciúme doentio” de nora e relembra preparo do doce

Zeli dos Anjos afirmou que achou a farinha utilizada estranha, mas acreditou que se tratava da marca

Deise e Zeli. bolo envenenado. Foto: Reprodução/Instagram/Sofia Villela/IGP/RS

Zeli dos Anjos, sogra de Deise Moura dos Anjos, acusada de envenenar um bolo que deixou três pessoas mortas no Rio Grande do Sul, prestou depoimento à Polícia Civil nesta segunda-feira (20). O portal CNN divulgou trechos do relato de Zeli, que afirmou que a nora tinha um “ciúme doentio” dela em relação ao filho, e que isso pode ter motivado o crime.

Percebia que Deise tinha ciúmes doentio, pois ‘copiava’ meu jeito de vestir, de ‘me arrumar’, comprava sapatos e acessórios iguais”, consta no depoimento de Zeli, que também revelou que a família deixou de ser harmoniosa a partir “do momento em que Deise iniciou o relacionamento com o filho, Diego dos Anjos, em 2001”.

O filho de Zeli também prestou depoimento e relatou um desentendimento de Deise com a mãe um mês antes do ocorrido. “Deise queria que Zeli passasse o Natal com eles (ela, marido e filho), sendo que a sogra queria passar a data com as irmãs dela”, mostra parte do depoimento.

O casal morava em Nova Santa Rita e as irmãs de Zeli residiam em Torres, ambas as cidades no Rio Grande do Sul. Já a mãe de Diego, estava vivendo na casa que tinha em Arroio do Sal.

Três pessoas morreram após ingerir bolo, no RS. (Foto: Reprodução/ g1)

Preparo do bolo

Durante o depoimento, Zeli também deu detalhes de como preparou o bolo no dia 23 de dezembro. Ela afirmou que não se lembrava se alguém havia insistido para que ela fizesse o doce, mas que, inicialmente, não tinha a intenção de prepará-lo.

Primeiramente, não queria fazer, mas acabou fazendo porque recordava de Paulo [marido dela, que morreu, segundo a polícia, vítima de leite em pó envenenado por Deise]”, afirma a declaração obtida pela CNN.

Durante a manhã do dia 23, Zeli foi ao supermercado comprar os ingredientes que faltavam para a receita: açúcar mascavo, margarina, leite condensado, ovos e passas brancas. A sogra também detalhou o que usou de ingredientes que já tinha em casa: “a farinha que estava embaixo da pia, passas pretas e frutas cristalizadas“. Zeli ainda afirmou que “esqueceu de colocar fermento no bolo” e que o glacê “foi feito com o açúcar que tinha em casa“.

Ainda de acordo com o documento obtido pela CNN, Zeli relatou que achou a farinha estranha, mas acreditou que isso se devia à marca do produto, já que foi recebida em uma doação para vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul. Ela também afirmou que não experimentou a massa do doce.

Maida, Neuza e Tatiana morreram após comerem o bolo (Foto: Reprodução/TV Globo)

A mulher detalhou, ainda, o momento em que os familiares começaram a ingerir o bolo, por volta das 17h do mesmo dia em que foi preparado.

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Zeli disse que Tatiana, sua sobrinha e uma das vítimas fatais, foi a primeira a comer e reclamou do sabor do alimento: “Dinda (referência a Zeli), não foi você que fez esse bolo? Está com um gosto estranho”.

Ela afirmou que pegou um pedaço do bolo e também sentiu o sabor diferente, então pediu que ninguém mais comesse. No entanto, sua irmã Neuza, outra vítima fatal, pegou um fatia pequena mesmo assim.

A sogra de Deise explicou quais sintomas sentiu pouco tempo depois de comer o doce. Primeiro, ela vomitou no tanque e depois teve a sensação que “iria ter uma diarreia e não conseguiu chegar no banheiro, defecando pela casa”. Ela disse que não chegou a desmaiar, mas percebeu que “estava passando muito mal”.

Deise Moura dos Anjos foi presa por suspeita de ser a responsável pelo crime (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

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Veneno

A polícia afirma que Deise Moura dos Anjos é suspeita de envenenar a farinha usada no bolo com arsênio. Três pessoas que comeram o alimento morreram: Maida Berenice Flores da Silva, Tatiana Denize Silva dos Anjos e Neuza Denize Silva dos Anjos.

Zeli e um sobrinho-neto, de 10 anos, filho de Tatiane, também consumiram o doce e foram internados, mas já receberam alta.

Deise ainda é investigada pela morte do sogro, Paulo Luiz dos Anjos, em setembro de 2024, e do próprio pai José Louri da Silveira Moura, em 2020. Paulo faleceu após consumir banana com leite em pó, e José teve como causa da morte a cirrose.

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