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Uma estátua da Virgem Maria que supostamente derramava lágrimas de sangue e atraía peregrinos desde 2016 na cidade de Trevignano Romano, na Itália, teve sua autenticidade questionada após a divulgação de um teste de DNA. De acordo com o jornal local Corriere della Sera, a análise genética revelou que o sangue encontrado na imagem pertence a Gisella Cardia, a autoproclamada vidente responsável por organizar as peregrinações ao local. O exame foi realizado pela Universidade de Roma Tor Vergata e descarta hipóteses anteriores de que o líquido pudesse ser sangue de porco ou uma substância artificial.
Desde que começou a relatar aparições da Virgem Maria e de Jesus, Cardia conquistou uma base fiel de seguidores, que se reuniam mensalmente para eventos religiosos. Durante essas celebrações, a estátua teria chorado sangue diversas vezes, reforçando a crença de que um fenômeno sobrenatural acontecia ali. No entanto, a crescente atenção gerou questionamentos, e a Igreja Católica decidiu intervir. Após uma investigação, em março de 2024, o bispo responsável proibiu qualquer evento religioso no local e afastou a possibilidade de reconhecer o suposto milagre.
As suspeitas contra Gisella Cardia não se limitam à autenticidade das lágrimas de sangue. A Justiça italiana investiga se a vidente cometeu fraude e enriqueceu ilicitamente com as doações dos fiéis. Promotores da cidade de Civitavecchia abriram um inquérito para apurar se Cardia utilizou o culto religioso para obter benefícios financeiros.
#ultimora Trevignano. Il sangue risulta di Gisella Cardia, ma lei rilancia: “Sono la Madonna”https://t.co/xWDO0GjzhK pic.twitter.com/PmrWFjXBcU
— Lercio.it (@lercionotizie) February 18, 2025
Para a defesa de Cardia, porém, o teste não seria suficiente para comprovar qualquer fraude. Sua advogada, Solange Marchignoli, argumenta que a vidente frequentemente tocava e beijava a imagem, o que poderia explicar a presença de seu DNA no sangue encontrado na estátua.
“Até onde sei, com base nos resultados do laboratório, não seria possível separar os vestígios de sangue feminino de outras formas de contato ou do DNA salivar”, declarou Marchignoli. Além disso, a advogada levantou um questionamento: “Quem pode dizer? Você conhece o DNA da Virgem? Alguém pode nos dizer? Não tenho respostas. Deduzo que não seja humano, mas esse é o nosso pensamento: aprofundamos na fé? Quero excluir a possibilidade de ser apenas o sangue de Gisella”.
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A vidente já possui antecedentes criminais por fraude em um caso de falência e adquiriu a estátua da Virgem Maria em 2016, durante uma peregrinação a Medjugorje, na Bósnia e Herzegovina. Depois, estabeleceu um local de culto em Trevignano Romano, que atraiu devotos ao longo dos anos. Apesar das suspeitas e da proibição da Igreja, ainda há fiéis que defendem Cardia e acreditam na autenticidade das manifestações sobrenaturais.
Além do impacto na comunidade religiosa, os moradores de Trevignano Romano também se posicionaram sobre o caso. O fluxo intenso de peregrinos e os eventos mensais organizados por Cardia causaram incômodo entre os residentes, que já haviam expressado descontentamento antes mesmo da intervenção da Igreja. Os resultados oficiais serão entregues às autoridades no dia 28 de fevereiro.
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