Uma amiga da família, cujo três membros foram mortos com bolo contendo arsênio, disse que uma das vítimas, Tatiana, alertou sobre os atritos entre a suspeita, Deise Moura dos Anjos, e os sogros, Zeli e Paulo. Ao “Fantástico” deste domingo (12), a mulher, que preferiu não se identificar, contou que o aviso foi feito três dias antes do episódio.
De acordo com ela, Deise teria mandado uma mensagem macabra para a sogra. “Relatei [à polícia], a questão das ameaças que ela (Deise) fez à Zeli, que a Tati me falou. A história da mensagem que a Deise mandou para a Zeli, dizendo que ainda vai ver toda a família dentro de um caixão. Do Paulo também. Que ela disse ‘Eu quero que tu morras’ em uma discussão“, declarou.
Veja:
Amiga de família envenenada com bolo de arsênio revela briga de suspeita com sogros pic.twitter.com/R1J8BC0RJ6
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) January 13, 2025
Em áudios que fazem parte da investigação e obtidos pelo jornalístico, Deise demonstrou a má relação com Zeli. “A minha sogra é uma peste“, falou. O diretor de polícia de interior do Rio Grande do Sul, Cleber dos Santos Lima, também afirmou que “havia uma raiva muito grande” da nora com os sogros.
“Havia uma raiva muito grande pelo que se apurou em depoimentos e que depois veio a ser corroborado pela extração dos dados do celular da Deise“, explicou Lima. No celular de Deise, a polícia encontrou pesquisas do tipo, “veneno para o coração”, “arsênio veneno” e “veneno que mata humano”. Ela admitiu que tinha feito as buscas.
Inicialmente, a suspeita alegou que havia realizado as pesquisas depois do arsênio ser encontrado no bolo. Contudo, as investigações mostraram que as buscas aconteceram em outras datas e com outra motivação. “Ela estava realmente com um propósito daquele envenenamento. Ela passa dias e dias fazendo pesquisas sobre onde comprar, quantidade, fórmulas que não tivessem cheiro ou gosto, mas que causassem a morte de humano“, disse a delegada-regional da Polícia Civil, Sabrina Deffente.
O dominical ainda teve acesso a nota fiscais que comprovavam a compra em nome de Deise pela internet, e de outros áudios dela após a morte do sogro, Paulo, em setembro do ano passado. “Tu ‘tem’ um filho só. Aproveita para ficar com ele porque as tuas irmãs têm a vida delas. A gente não quer que tu ‘fique’ longe da gente. Então, aproveita que tu ‘tem’ um filho, um neto. Essa é a tua família agora“, enviou a suspeita para a sogra, Zeli.
Na última sexta-feira (10), durante uma coletiva de imprensa, a polícia destacou que as mensagens trocadas por Deise indicam premeditação nos crimes. Segundo as autoridades, em novembro, antes das mortes serem descobertas, ela enviou uma mensagem a um familiar não identificado: “Quando eu morrer, cuida do meu filho e reza bastante por mim, pois é bem provável que eu não vá para o paraíso”.
Deise também tentou desviar a investigação após a morte do sogro. “Acho que não faria nada [para investigar a morte], pois pode ter sido várias coisas, intoxicação alimentar, negligência médica, a banana por estar contaminada pela enchente, ou a hora dele mesmo, sei lá“, escreveu em outra conversa.
A delegada Sabrina Deffente explicou na coletiva como a suspeita tentou manipular a situação após a morte do sogro, forçando a cremação rápida do corpo. Mais tarde, ela utilizou as enchentes no RS como possível causa para a contaminação das bananas que ele havia comido.
O corpo de Paulo foi exumado. Segundo as investigações, o arsênio foi colocado no leite em pó que foi ingerido com café por ele e Zeli. Já no bolo, o veneno foi misturado à farinha de trigo. A polícia tenta descobrir como a farinha adulterada foi parar na despensa de Zeli. Maida e Neuza, irmãs de Zeli, bem como a sobrinha, Tatiana, não resistiram e morreram depois de ingerirem o bolo. O filho de Tatiana, de 10 anos, também foi hospitalizado, mas já teve alta e se recupera em casa.
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