A Polícia Civil do Rio de Janeiro descobriu que tripulantes da British Airways mentiram sobre terem sido assaltados na capital no dia 5 de setembro. Grant Lawrence Wheatley, Samantha Jo Naylor e Daniel Pickeiring podem responder por falsa comunicação de crime após mentirem nos depoimentos.
De acordo com a Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat), acredita-se que os três comissários perderam os telefones funcionais da companhia aérea durante uma noitada. Para não serem punidos pela empresa, eles teriam inventado versões diferentes do ocorrido.
“O que causa espanto é como uma tripulação que tem uma função tão importante passa a noite inteira bebendo e usando drogas, sabendo que no dia seguinte eles teriam a responsabilidade de cuidar de dezenas de pessoas que viajariam por horas”, afirmou Patrícia Alemany, titular da Deat. Segundo a delegada, o trio será ouvido novamente após as supostas mentiras. Eles serão acionados por e-mail, ou ouvidos pessoalmente, já que fazem a rota entre Londres e Rio com frequência.
O episódio levou a British Airways a adiar em 24 horas um voo do Rio para Londres. A companhia aérea, porém, afirmou ao g1 que o trio não estava escalado para o voo no dia seguinte, que acabou sendo cancelado. A empresa não explicou o motivo do cancelamento e acrescentou que a situação dos tripulantes “é um assunto para a polícia”.
Versões contadas pelos tripulantes
Segundo a versão dos comissários Samantha e Daniel, eles foram para a Pedra do Sal, na Zona Portuária, por volta da meia noite do dia 5 de novembro. No fim da noitada, os dois pediram um táxi em direção à Barra, onde estavam hospedados. No entanto, os estrangeiros acabaram sendo levados pelo taxista para um posto de gasolina desativado em Vaz Lobo, e lá, tiveram os celulares e pertences roubados por três homens. Os assaltantes teriam seguido a dupla desde a Pedra do Sal.
Samantha tinha um telefone escondido e o utilizou para chamar um carro de aplicativo. No trajeto de volta para o hotel, os dois tripulantes afirmaram que foram novamente assaltados, desta vez, por um homem em uma moto. O ladrão teria roubado o último celular e a dupla conseguiu pedir ajuda ao avistarem uma viatura da Polícia Militar.
Já a historia contada por Grant à polícia foi outra. Ainda na Pedra do Sal, ele teria conhecido uma mulher e, após minutos de conversa, foi ao banheiro. Na fila, o comissário diz ter tomado um gole de uma bebida e, a partir daí, não se lembra de mais nada, só de ter acordado deitado em uma rua.
O que a polícia descobriu
Após algumas investigações, a polícia descobriu que nenhum tripulante falou a verdade sobre o ocorrido. “A investigação demonstra que eles não contaram a verdade. Não contaram o que de fato aconteceu naquela madrugada. Eles criaram essas histórias para tentar justificar provavelmente o comportamento inadequado, fora das regras da empresa. Mas apuramos que houve um roubo de um aparelho celular da dupla que estava em Vaz Lobo”, conta a delegada-assistente Danielle Bullus.
Através da análise de imagens de segurança no entorno da Pedra do Sal, Samantha e Daniel ficaram numa mesa de plástico por cerca de 40 minutos na companhia de um homem. Ele convida os dois para ir a um posto em Vaz Lobo e lá os tripulantes voltam a beber “por várias horas”, segundo uma testemunha. Por fim, um celular da dupla foi de fato levado por ladrões.
Grant se separou de Daniel e Samantha ainda na Pedra do Sal, e foi para um dos acessos do Complexo do Alemão. Lá, Grant teria consumido drogas e mais bebidas a ponto de ficar desacordado, na Rua Itaoca, em Bonsucesso. No local, operários de uma obra o reanimaram e chamaram socorro.
Enquanto aguardavam a ambulância, o estrangeiro teria mostrado um pino de pó branco — a polícia acredita que seja cocaína. Grant foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Del Castilho e contou que passou a noite bebendo e consumindo drogas com duas mulheres.
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