Um mês após ser baleada na cabeça por agentes da PRF, jovem fala pela primeira vez

Juliana Leite Rangel e a família estavam a caminho de Niterói, no Rio de Janeiro, para passar o Natal com parentes

Juliana Leite Rangel, baleada na cabeça durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na véspera do Natal, falou suas primeiras palavras após o fato. Até então, ela só se comunicava por meio de bilhetes. Apesar do trauma, a recuperação da jovem de 26 anos tem ocorrido da melhor forma, segundo o O Globo nesta sexta-feira (24).

Juliana segue em estado intensivo, mas pronunciou nesta semana a seguinte frase: “Mãe, te amo“. Deyse Rangel, a mãe da jovem, se emocionou ao relatar a evolução no quadro da filha. “Ela tomou o primeiro banho sozinha, auxiliada por dois técnicos. Quando cheguei no quarto, ela me deu um sorriso e pediu papel e caneta para me contar. Foi o melhor presente que recebi depois de tudo isso“, revelou Deyse.

Juliana Leite Rangel permanece internada no CTI, mas vem apresentando evolução no quadro. (Foto: Júnior Alves/TV Globo)

Hoje, ela tomou o segundo banho e está muito animada para sair logo do hospital. Ontem, durante um exercício da fisioterapia, ela falou ‘mãe’. Foi muito emocionante, chorei. Estamos muito felizes com cada progresso dela“, acrescentou.

Moisés Almeida, diretor-médico do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias, onde a jovem está internada, relatou que o quadro dela vem evoluindo constantemente.

Ela está se recuperando muito bem do pós-operatório. No momento, o quadro dela está bem estável, sem febre, evoluindo satisfatoriamente. Está já há uma semana sem nenhum tipo de ventilação mecânica, respirando em ar ambiente, realizando a fisioterapia respiratória e motora, andando com ajuda da fisioterapia. Ela já teve dois episódios de banho com auxílio“, relatou o médico.

Apesar de lúcida e em processo de reabilitação motora e respiratória, ainda não há previsão de alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

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Antes de conseguir falar, a jovem havia entregado um bilhete à mãe, pedindo justiça. “Quero justiça. Só Deus e eu sabemos o que estou passando”, desabafou Juliana. Segundo Dayse, a filha escreveu “justiça” porque “já sabe mais ou menos o que aconteceu com ela”.

Veja o bilhete:

Texto escrito por jovem que foi baleada na cabeça (Foto: Reprodução/g1)

Em nota, a PRF já declarou que a Corregedoria-Geral da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília, determinou a abertura de um procedimento interno para apurar os fatos. Conforme a corporação, os respectivos agentes foram afastados “preventivamente de todas as atividades operacionais”.

“A PRF lamenta profundamente o episódio. Por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana. Por fim, a PRF colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas investigações do caso”, comunicou.

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