Uma médica veterinária de Foz do Iguaçu, no Paraná, denunciou sabotagens, agressões verbais e físicas pelo próprio vizinho. Em entrevista ao “Fantástico” deste domingo (18), Giovana Nantes Giacomini revelou que os conflitos com José Vicente Tezza, de 76 anos, começaram em 2020, quando ela adquiriu um imóvel e instalou uma clínica veterinária no local. O homem também acumula histórico de violência contra animais.
Ao todo, Giacomini já fez mais de 12 boletins de ocorrência contra Tezza. Ela contou que o antigo dono chegou a alertá-la sobre o comportamento do idoso. “Ele cortou a minha cerca 12 vezes. Quando comprei a casa, o dono falou: ‘você vai se arrepender de comprar aqui’. Pensei: ‘deve ser briga entre vizinho’. No dia que comprei, ele cortou a cerca elétrica. Fui e arrumei. Passaram alguns dias, ele foi lá e cortou de novo. Fui e arrumei de novo. Na terceira vez, eu chamei a polícia“, contou.
De acordo com a veterinária, os episódios de agressividade se intensificaram com o tempo. O idoso destruiu câmeras de segurança, quebrou refletores, lançou água para provocar curtos-circuitos e chegou a usar bombinhas para danificar a cerca elétrica. Durante as obras que transformaram o imóvel em uma clínica veterinária, os pedreiros também sofreram ameaças.
Em um momento, Tezza subiu o muro e destruiu parte da parede com uma marreta. Giacomini, então, decidiu conversar com o vizinho, mas foi recebida com insultos. Na ocasião, a mãe dela a acompanhou e chegou a ser agredida pelo idoso. Parte das ações do idoso foi registrada por câmeras de segurança.
Confira:
Médica veterinária denuncia ataques de vizinho no Paraná pic.twitter.com/V0t0O3XekT
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O caso foi à Justiça em 2022. Na época, Tezza tinha 73 anos, o que fez com que o processo prescrevesse, conforme determinação da lei brasileira. Em seguida, o processo foi arquivado, o que aumentou a sensação de impunidade para a veterinária. “Você fala: ‘E agora? O que eu faço? Vou continuar correndo risco? Porque ele me ameaçou’. Minha mãe falou: ‘Senhor, ela comprou essa casa, ela pagava aluguel e agora ela comprou’. Ele falou: ‘Não, a casa dela vai ser no Cemitério São João Batista’“, relembrou.
“Eu não sei te falar como vai resolver, mas eu preciso de uma solução. Pra não ter medo de estar dentro da minha própria casa. Eu preciso de paz“, desabafou Giacomini.
Histórico de violência contra animais
Conforme o dominical, Tezza possui um histórico de violência contra os animais. Em outubro de 1998, um homem o denunciou por ter pulado o muro e matado sua cachorra a pauladas. Ele foi condenado apenas por invasão domiciliar e pagou uma pena de prestação de serviços. O caso chegou a ser publicado em um jornal da região.
Entre ameaças, perturbação de sossego e danos ao patrimônio particular, ele já respondeu a 8 processos na Justiça do Paraná. A maioria foi extinta, pois as vítimas não seguiram com as denúncias. A situação se agravou em março deste ano, quando diversos crimes foram cometidos.

Um vizinho afirmou ter visto Tezza estrangulando uma cachorra, chamada Lili, de apenas quatro meses. O laudo apontou sinais de asfixia e envenenamento. “Nunca passou pela minha cabeça que um senhor ou um ser humano poderia fazer isso com um animal tão indefeso. Ela não fazia mal, era super dócil“, disse Maria Eduarda Machado, tutora de Lili.
A cachorra foi a última sobrevivente de seis cachorros da família. Em três semanas, todos foram envenenados. Ninguém sabe quem cometeu o crime. Tezza foi intimado a prestar depoimento. Em vídeo, ele disse: “Eu já tive que me livrar de vários cachorros na avenida. Mas já teve cachorro que eu tive que enfrentar com a mão mesmo“.
O idoso foi denunciado pelo Ministério Público nesta quarta-feira (14), por crimes de maus-tratos a animais. Após Giacomini ter divulgado a história nas redes, o caso ganhou repercussão. Tezza, por sua vez, enviou uma notificação extrajudicial alegando que está em tratamento psicológico “há muitos anos”, que sofreu um AVC e que as postagens ferem sua dignidade. A pena de crimes de maus-tratos a animais é de até 5 anos de prisão.
Segundo o jornalístico, a expectativa do MP é que desta vez Tezza seja julgado rapidamente. O idoso ainda responderá por crime ambiental após cortar uma árvore em um lugar público. O delito tem pena de menos de 2 anos. O “Fantástico” conversou com a esposa de Tezza, que disse que ele não poderia falar sobre o caso. Os advogados dele também não se pronunciaram.
Assista a reportagem na íntegra:
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