Vídeo de morto em caixão tomando “banho” de rio viraliza; filho explica gesto e festa em enterro — assista

Um amigo do homem que morreu também comentou sobre as críticas dos internautas

Um vídeo que mostra um grupo de pessoas entrando em um rio carregando um caixão na cidade de Cândido Mendes, no Maranhão, chamou a atenção na web. O caso aconteceu nesta segunda-feira (3), no povoado Santa Izabel, uma comunidade quilombola. Parentes e amigos de Alex dos Santos Oliveira, de 44 anos, que morreu no domingo (2), levaram o corpo para um “banho no rio”.

Durante o trajeto, as pessoas ingeriam bebida alcoólica e gritavam, enquanto outras jogavam água sobre o caixão. Alex foi vítima de aneurisma cerebral e atuava há cerca de 22 anos como agente de saúde na zona rural de Cândido Mendes. Ao g1, o filho dele, Aécio Oliveira, relatou que o pai havia pedido um velório alegre e que fosse mantida a tradição de passar com o caixão por dentro do rio Gapó.

O comerciante Haynir Pereira, que é um amigo da família, explicou que a comunidade não é abastecida por água encanada, então o rio fez parte da infância de Alex, já que as pessoas tomam banho e lavam roupa no rio. Ele foi criado tomando banho naquele rio. E os amigos sabiam do amor dele pelo rio e, em vez de passarem por cima da ponte na hora da caminhada até o cemitério, passaram por baixo da ponte, por dentro do rio”, contou.

Ainda de acordo com Haynir, o rio Gapó faz parte do percurso da comunidade até o cemitério mais perto e a região, agora que ganhou uma estrada, sendo que antes não tinha como passar por outro lugar para enterrar os mortos, se não fosse atravessando o rio. Por isso, criou-se essa tradição de atravessar o rio com o morto no caixão, por força da necessidade. Além disso, o velório atrai todas as comunidades vizinhas, que fazem um verdadeiro festejo.

As pessoas que vêm velar o corpo, elas vêm das outras comunidades, a pé, de moto, e você tem que servir a comida para esse pessoal que vem de distante velar aquele ente querido. Então essa tradição é uma forma de respeito ao morto. Eu acho que o velório do Alex deu para mais de mil pessoas”, explicou.

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O amigo de Alex ressaltou que o festejo foi uma forma de representar como o agente de saúde foi feliz em vida. “Ninguém desrespeitou ele, pelo contrário, respeitou-se uma tradição milenar, construída pelos quilombolas. Eles foram com alegria, bebendo cachaça, batendo com galhos de mato nas costas dos outros, se sujando de barro, então é para transparecer que foi com alegria que ele viveu”, afirmou.

Ele ainda falou sobre as críticas dos internautas, após o vídeo viralizar: “Quem faz comentário maldoso, é porque não conheceu a tradição e não conheceu o histórico do falecido, que era uma pessoa muito querida. Ele recebeu a visita do povo todo das comunidades vizinhas, mataram um boi, fizeram a comida no panelão, tudo dentro da tradição deles”.

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