O delegado da Polícia Civil Luiz Alberto Braga de Queiroz atirou da perna de um homem desarmado durante uma discussão entre os dois. O episódio ocorreu na madrugada desta segunda-feira (5), durante uma festa no Forte dos Remédios, em Fernando de Noronha (PE). Uma câmera de segurança registrou o momento, e não demorou para o vídeo circular na internet.
A gravação mostra que o delegado esperou por Emanuel Apory, de 25 anos, na porta do banheiro. Ao ver o rapaz, Queiroz mostra o revólver para ele e o empurra para o canto da parede. O ambulante chegou a revidar o ataque, mas acabou sendo surpreendido com dois disparos feitos pelo policial.
Veja:
Delegado da Polícia Civil de Pernambuco Luiz Alberto Braga de Queiroz da Polícia Civil atirou na perna de Emanuel Apory durante uma discussão, na madrugada desta segunda-feira (05), em uma festa no Forte dos Remédios, em Fernando de Noronha. pic.twitter.com/0j6p8EtyBA
— Fllics (@fllics) May 6, 2025
Testemunhas informaram que a briga teria sido motivada por ciúme. Segundo os relatos, Luiz Alberto teria ficado incomodado com Emanuel por, supostamente, ter olhado para a mulher que o acompanhava na festa.
O morador da ilha foi levado para o Hospital São Lucas, onde foi atendido e depois transferido em uma UTI aérea para Recife, ainda ontem. A Administração de Fernando de Noronha informou que o estado de saúde dele era estável.
A mesma notícia foi confirmada pelo Hospital da Restauração, onde Emanuel está internado. Conforme o boletim médico, o rapaz “passou por exames, está sendo medicado e passando por avaliação dos especialistas”.
A população de Fernando de Noronha, por sua vez, realizou um protesto e pediu justiça em relação à violência. Os moradores atearam fogo em pneus e madeiras e fecharam a BR-363. Já a Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Pernambuco (Adeppe) prestou seu apoio a Luiz Alberto.
O órgão disse que o delegado abordou o ambulante por causa do “comportamento reiterado de perseguição/importunação contra sua companheira”. A Adeppe alegou, ainda, que Apory “mesmo ciente da condição funcional do delegado e do fato de ele portar arma de fogo, deu início a violentas agressões físicas, demonstrando a intenção de desarmar, o que configurava grave risco à integridade física do agente”.

A Associação reiterou que Queiroz foi alvo de uma “agressão injusta”, por isso ele reagiu “com um único disparo, com o objetivo de cessar a agressão e preservar vidas”. Ela acrescentou que o fato de o tiro ter sido na perna “demonstra o preparo técnico e o equilíbrio emocional do policial que agiu para neutralizar a ameaça com o menor dano possível, impedindo que sua arma fosse subtraída”.
Luiz Alberto foi ouvido no Recife, mas não ficou preso e deixou Fernando de Noronha pela manhã. Apesar disso, teve sua arma recolhida. A Corregedoria instaurou um procedimento preliminar para investigar a conduta do agente, informou em nota a Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco.
“Testemunhas estão sendo ouvidas na Ilha e imagens de câmeras de videomonitoramento foram solicitadas para análise. No momento, outras informações não podem ser divulgadas para não comprometer o andamento das investigações, que seguem sob responsabilidade do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa)“, finalizou a SDS.

O que diz a defesa do delegado?
Rodrigo Almendra, advogado que representa o delegado, replicou a nota da Adeppe. O texto destacou que Queiroz “não havia consumido bebida alcoólica e apresentou-se espontaneamente ao delegado da Polícia Federal, única autoridade policial disponível na localidade no momento”.
Luiz Alberto foi encaminhado, via ofício, ao Instituto Médico Legal (IML) “para realizar exame de sangue (para comprovar ausência de ingestão alcoólica), e exame de corpo de delito (para atestar lesões sofridas durante agressão que motivou a reação legítima)”, concluiu o comunicado.
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