Vídeo: Foragido há 3 anos, jovem que matou a mãe por herança é preso com operação feita por tias em BH

Bruno Eustáquio Vieira foi preso em Belo Horizonte; tia revela como sobrinho foi localizado

Bruno Eustáquio Vieira foi preso, nesta segunda-feira (8), em Belo Horizonte, Minas Gerais. Acusado de matar a própria mãe, o jovem estava foragido desde 2020, quando o crime aconteceu, na casa da família em Guarujá, litoral de São Paulo. O homem foi localizado pelas tias, que viajaram para a capital mineira, por conta própria, para garantir que ele fosse preso.

Fomos nós que levamos a polícia até ele. A gente veio de Guarujá ontem (domingo, 7) à noite, já com as pistas de onde ele estaria. Dormimos dentro do carro para ver se víamos ele ou a namorada saindo, mas não conseguimos nada“, disse Mariuza da Quadra, tia de Bruno e irmã da vítima, Márcia Lanzane, à TV Globo.

Na manhã de ontem, ela e a irmã conseguiram descobrir o endereço exato onde Bruno estava e acionaram a polícia. O suspeito, de 27 anos, foi preso ao sair de um prédio no bairro Caiçara, na Região Noroeste de BH. De acordo com o boletim de ocorrência, ele tentou resistir e “se desvencilhar da abordagem”.

De acordo com Mariuza, Bruno estava vivendo em Belo Horizonte como “Felipe”. Ela e a irmã souberam que o sobrinho estava na capital mineira após rastrear perfis da namorada dele nas redes sociais. “Largamos tudo e viemos. […] A justiça está sendo feita. Eu e minha irmã voltamos das cinzas para dizer a nós mesmas: ‘Vocês não são inválidas, vocês conseguiram’. Para a gente era uma sensação de invalidez, porque nada tinha sido feito, nada“, desabafou. A imagem da prisão também foi compartilhada nas redes sociais. Confira:

O crime

Márcia Lanzane foi morta no dia 21 de dezembro de 2020. As imagens do circuito interno de segurança da residência foram encontradas dentro do forno do fogão. Os registros revelaram que mãe e filho entraram em luta corporal. Na época, o Ministério Público afirmou que ele cometeu o crime por interesse na herança.

No vídeo, os dois chegam a cair no chão, e Bruno fica em cima da mãe. Ele prende Márcia pelo pescoço e, em seguida, começa a dar socos nela. A mulher fica imóvel e, então, o jovem sai do quarto e segue para a sala, onde continua assistindo à televisão. Na manhã seguinte, ele chega a sair de casa e volta para o imóvel. Veja:

Após retornar para a residência, Bruno acionou a polícia e afirmou ter encontrado a mãe morta. A ocorrência foi investigada pela Delegacia Sede de Guarujá. O inquérito policial com o indiciamento do jovem foi concluído em 31 de maio de 2021 e encaminhado à Justiça. A prisão temporária dele foi determinada pouco tempo depois.

Bruno foi indiciado por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Em nota, o MP informou, na época, que “o denunciado decidiu matar a vítima com o objetivo de ter para si todo o patrimônio da genitora em herança, além da obtenção de valores de eventuais seguros“. O Ministério Público relatou que o jovem não tinha a intenção de trabalhar e exigia da mãe bens materiais e dinheiro para os seus gastos com o lazer.

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A Polícia Civil também concluiu que Bruno cometeu o crime por motivo torpe. Apesar de o filho ter afirmado, em sua primeira versão às autoridades, ter encontrado a mãe morta e, em segundo depoimento, ter falado em morte acidental, o laudo da perícia apontou morte por asfixia mecânica.

Na época do crime, o jovem chegou a lamentar a morte da mãe nas redes sociais. “Te amarei para sempre! Obrigado por tudo, meu amor. Luto eterno, Rainha“, disse ele na publicação.

Bruno estava foragido desde 2020, quando o crime aconteceu. (Foto: Arquivo Pessoal)

Uma decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) propõe que Bruno deve ser levado ao tribunal do júri e não poderá aguardar o julgamento em liberdade. O caso do jovem, inclusive, já foi destaque no “Linha Direta”, programa da Globo.

Trata-se de crime extremamente grave e o réu não demonstra que pretende cooperar para a aplicação da lei penal. Logo, fica mantida a decisão que decretou a prisão preventiva do acusado“, afirmou a juíza Denise Gomes Bezerra Mota, da 1ª Vara Criminal de Guarujá, ao g1.

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O que diz a defesa

À época, em documento enviado ao TJ-SP e obtido pelo g1, o advogado Anderson Real Soares, responsável pela defesa de Bruno, alegou que o laudo necroscópico apresenta contradições e informações incompletas. Ele acrescentou que não há comprovação de que a motivação seria a herança.

Para Anderson, houve cerceamento de defesa, ou seja, quando as provas constatadas no processo não são suficientes para o julgamento. “Provas produzidas unilateralmente pelos órgãos da acusação penal não servem para o processo penal e não podem basear condenações, muito menos suposições e teorias colocadas pela acusação“, afirmou o advogado.

A defesa ainda pediu que o acusado não seja julgado por feminicídio. De acordo com ele, não há elementos de que a motivação estava relacionada a vítima ser uma mulher ou provas de um histórico de violência doméstica.

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