Vídeo: Mãe de jovem baleada por agentes da PRF na véspera de Natal faz relato emocionante: “Eles deram tiro para matar a família inteira”

Jovem está internada em estado gravíssimo desde a véspera de Natal

Juliana Leite Rangel foi atingida por disparos na Rodovia Washington Luiz, em Duque de Caxias, enquanto se deslocava com a família para Niterói, na véspera de Natal, dia 24 de dezembro. Em entrevista à TV Globo, Dayse Leite Rangel, mãe da jovem, relatou a violência da abordagem feita pelos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A família estava a caminho da casa da irmã de Juliana, Jéssica, para a ceia de Natal, quando o carro foi alvejado por diversos tiros na BR-040. Visivelmente abalada, Dayse descreveu o ocorrido: “Eles saíram atirando no carro. Não pediram para a gente parar nem um minuto e saíram dando tiro no carro”.

“Eles deram tiro para matar a família inteira, direcionada na cabeça do meu marido. Tanto que acertou a cabeça da minha filha, que estava atrás dele”, completou.

Dayse também destacou a demora no atendimento à filha ferida. “Eles não socorreram ela. Quando eu olhei eles estavam deitados no chão batendo no chão com a mão na cabeça. E eu falei: ‘Não vão socorrer não?'”, questionou.

Segundo a mãe, antes de os tiros começarem, a família tentou abrir passagem para a viatura. “A gente até falou assim: ‘vamos dar passagem para a polícia’. A gente deu e eles não passaram. Pelo contrário, começaram a mandar tiro para cima da gente. Foi muito tiro. E mesmo abaixando, eles não pararam e acertaram a cabeça da minha filha”, lamentou.

O pai de Juliana, Alexandre Rangel, também ferido de raspão no dedo, relatou o episódio: “Vinha essa viatura, na pista de alta (velocidade). Eu também estava. Aí, liguei a seta para dar passagem, mas ele, em vez de passar, veio atirando no carro, sem fazer abordagem, sem nada. Aí falei para minha filha ‘abaixa, abaixa, no fundo do carro, abaixa, abaixa’. Aí eu abaixei, meu filho deitou no fundo do carro, mas infelizmente o tiro pegou na minha filha”.

Em outro momento, ele desabafou: “Eu falei para ela [Dayse]: ‘Nós vamos morrer, é o nosso fim’. Mesmo o carro parado, continuaram atirando”, contou.

A equipe da PRF envolvida era composta por dois homens e uma mulher, armados com dois fuzis e uma pistola automática. Em depoimento, os agentes alegaram que dispararam contra o carro após ouvirem supostos tiros ao se aproximar.

“Na hora, eu pensei que fosse bandido. Eu pensei que era bandido com carro da polícia atirando em mim porque pensei que um policial não iria fazer isso. Eles desceram falando: ‘você atirou no meu carro por quê?’ Eu falei: ‘nem arma eu tenho, como é que eu atirei em você?'”, explicou o pai.

Os agentes foram afastados preventivamente das funções. O caso está sob investigação da Polícia Federal e também pelo Ministério Público Federal. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, condenou a ação. Clique aqui para ler mais sobre o caso.

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PRF e Polícia Federal se pronunciam

A PRF divulgou uma nota oficial informando a abertura de um procedimento interno: “Na manhã desta quarta-feira (25), a Corregedoria-Geral da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília/DF, determinou abertura de procedimento interno para apuração dos fatos relacionados à ocorrência da noite de ontem, na BR-040, em Duque de Caxias/RJ. Os agentes envolvidos foram afastados preventivamente de todas as atividades operacionais.

A PRF lamenta profundamente o episódio. Por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana.

Por fim, a PRF colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas investigações do caso”.

Já a Polícia Federal confirmou a instauração de um inquérito:

“A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar os fatos relacionados à ocorrência registrada na noite desta terça-feira (24/12), no Rio de Janeiro, envolvendo policiais rodoviários federais. Após ser acionada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma equipe da Polícia Federal esteve no local para realizar as medidas iniciais, que incluíram a perícia do local, a coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal”.

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