A queda do avião da Voepass, na última sexta-feira (9), em um condomínio no bairro Capela, em Vinhedo (SP), não deixou sobreviventes. No domingo (11), Maria de Fátima Albuquerque fez um desabafo comovente sobre a tragédia que levou à morte de sua filha, Arianne Albuquerque Risso, médica residente em oncologia no Hospital do Câncer de Cascavel.
Maria de Fátima explicou que Arianne, que nasceu em Cuiabá, viajava com a amiga Mariana Comiran Belim para um congresso de oncologia em São Paulo quando o avião caiu em Vinhedo. “Mataram oito, quinze médicos, entre elas, minha única filha, minha única filha. Estava indo numa felicidade para fazer um congresso de oncologia. E colocaram ela naquela data velha, junto com os colegas”, lamentou ela.
A mãe afirmou que a queda não foi um acidente, alegando que as condições precárias da aeronave da Voepass seriam a causa do desastre. “Não foi fatalidade, qualquer um que estivesse naquele avião ali ia morrer, porque era uma lata velha. […] Não foi fatalidade, foi crime. (…) Quem acalenta minha dor? (…). Vocês vão me ver lutando todos os dias”, afirmou Maria de Fátima, emocionada.
Ela continuou, exigindo uma posição mais firme da Voepass e das autoridades de aviação: “É preciso ter rigor. As agências não têm rigor, não tem gente suficiente para fiscalizar. E quem matou, os capitalistas, as pessoas que só visam lucro (…) Enquanto está a comoção, eles estão atendendo a gente, correndo e escondendo. Disseram que não queriam nem que eu saísse, que eu tirasse o crachá para poder dar entrevista. A minha filha não morreu em vão, não. Tem que dar entrevista, tem que falar assim. Porque amanhã todo mundo vai esquecer. Toda a dor dessas mães, como eu, vai permanecer. É a pior dor do mundo, é uma dor que médico nenhum salva. (…) É uma dor que vai piorar. Então, é preciso que vocês, enquanto empresa, lutem todos os dias. (…) Não foi fatalidade, foi crime. Foi crime”.
Maria também apontou descaso por parte da Voepass e mencionou vídeos nas redes sociais mostrando passageiros da empresa sofrendo com calor excessivo, que passaram a circular após a queda do avião. “Eu não tenho objetivos, ela era minha única filha, era minha vida, meu objetivo. (…) Eu não tenho mais nada, eu não tenho mais vida, é só dor e minha dor se transforma em indignação”, declarou Maria, aos prantos.
Ela fez um apelo aos jornalistas presentes: “Ela estava indo numa felicidade para fazer o curso de oncologia (…) Eu investi na minha filha para salvar vidas, o sonho dela desde os 9 anos, salvar vidas (…) Gente, pelo amor de Deus, nos ajude a não morrer mais jovens como você [sic]”.
Hospital de Cascavel se manifesta
Após a tragédia, o Hospital do Câncer de Cascavel se manifestou. Em nota à imprensa, a unidade de saúde lamentou a morte de Arianne e da amiga e residente Mariana Comiran Belim, que também estava no voo. Leia a íntegra:
“Com imensa dor e tristeza, informamos o falecimento das residentes de oncologia clínica do Hospital do Câncer Uopeccan de Cascavel, Arianne Albuquerque Estevan Risso (R2) e Mariana Comiran Belim (R3).
Mariana chegou à instituição no ano de 2022, e Arianne completou o time de residentes no ano seguinte. Profissionais competentes e que encontraram na Uopeccan a realização de um sonho: salvar vidas!
Médicas humanas, que atendiam todos os pacientes com muita dedicação, carinho e respeito. Não é à toa que eram recorrentes os elogios as duas em nossas ouvidorias. Era muito nítido o amor que ambas tinham pela profissão.
Agora, só nos resta a saudade e lembranças de duas jovens médicas que partiram cedo demais. Não podemos entender os planos de Deus, apenas agradecer pelo tempo em que pudemos conviver com elas.
Arianne e Mariana, de onde estiverem, fiquem em paz e muito obrigado pelo trabalho maravilhoso que desenvolveram na Uopeccan.
Aos familiares e amigos, nossos sinceros sentimentos, que Deus console o coração de todos!”
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O acidente
O avião de modelo turboélice ATR-72 decolou de Cascavel às 11h46 e tinha destino a Guarulhos. Ele trazia 61 pessoas a bordo, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes, mas acabou caindo em um condomínio no bairro Capela, em Vinhedo, no interior de São Paulo. Após a tragédia, a VOEPASS liberou uma lista completa com todos os nomes das vítimas.
Em nota, a Voepass Linhas Aéreas, anteriormente conhecida como Passaredo, disponibilizou um número de telefone 24 horas para fornecer informações a familiares das vítimas e demais interessados: 0800 9419712. Em nota, a empresa afirmou que está oferecendo total apoio às famílias e colaborando com as autoridades para apurar as causas do acidente. A Voepass assegura que o avião estava em condições de voo adequadas e “com todos os seus sistemas aptos para a realização da operação”. Saiba os detalhes, clicando aqui.
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