O presidente da Apae de Bauru (SP), Roberto Franceschetti Filho, esteve com a secretária executiva da instituição, Claudia Regina da Rocha Lobo, nos seus dias finais de vida. Ela foi vista pela última vez no dia 6 de agosto e depois dada como desaparecida. Já nesta segunda-feira (26), a Polícia Civil divulgou imagens de câmeras de segurança que provam o envolvimento do homem no crime.
Segundo a corporação, Claudia foi morta por Roberto nos momentos registrados na gravação. O delegado Cledson do Nascimento apontou, ainda, que as possíveis motivações do crime são má gestão, desvio de verba e disputa de poder na Apae.
O vídeo mostra Roberto e Cláudia em uma Spin branca estacionada em frente a um terreno, às 15h10 do dia 6. Pouco depois, o homem, que estava no banco do passageiro, sai do veículo e assume a direção. A funcionária, por conseguinte, muda para o banco de trás, do lado oposto ao do motorista. Assista:
Presidente da Apae de Bauru (SP) foi visto com funcionária em seus últimos momentos de vida pic.twitter.com/XjyRbpKqL8
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) August 27, 2024
O carro permaneceu parado por cerca de três minutos, até sair do local, às 15h13. De acordo com as investigações da PC, foi neste momento que Franceschetti matou Lobo com um tiro. Em seguida, ele se dirigiu até uma propriedade rural próxima à rodovia SP-321, que liga Bauru a Arealva (SP).
“O Roberto sai do banco do passageiro e assume a direção, indo a Cláudia para o banco de trás, tranquilamente, sem nenhum tipo de ameaça ou pressão. Esse veículo fica parado por cerca de três minutos. Para nossa investigação, é nesse momento que acontece o disparo, porque, daí, ele já sai direto para a região rural do bairro Pousada da Esperança”, explicou o delegado.
Ameaça a funcionário
Após o crime, o presidente da Apae teria acionado Dilomar Batista, funcionário do almoxarifado da instituição, para ajudá-lo no descarte do corpo de Claudia. Em depoimento à polícia na sexta-feira (23), o homem confessou ter ajudado a queimar o corpo de Claudia sob ameaça de Roberto.
Dilomar relatou que o corpo foi incinerado em uma área de descarte usada esporadicamente pela Apae e disse que, quatro dias depois, voltou para espalhar as cinzas em áreas de mata ao redor do local.
Ainda no dia em que Lobo foi morta, o funcionário assumiu o veículo que ela dirigia e o abandonou na região da Vila Dutra, de onde ele e Franceschetti partiram em outro carro da instituição.
Confissão do crime
A Polícia Civil confirmou que Roberto Filho confessou, informalmente, ter matado Claudia, no dia em que foi preso, em 15 de agosto. Porém, no dia seguinte, em depoimento formal, o homem negou a acusação.
Buscas e investigação
Um laudo preliminar apontou que fragmentos de ossos humanos foram encontrados durante as buscas feitas na área rural de Bauru. O material segue em análise no Núcleo de Biologia de São Paulo, para confronto com as amostras de DNA já recolhidas do veículo, de pertences pessoais da vítima e da filha de Claudia.
A polícia também encontrou os óculos da funcionária, acessório que foi reconhecido por parentes dela. O exame balístico apontou que um estojo de pistola calibre 380, encontrado dentro da mesma Spin branca, foi disparado pela arma apreendida na residência de Roberto.
Em coletiva à imprensa, a Apae confirmou que a área rural onde foram feitas as buscas foi utilizada algumas vezes para descarte de material da própria instituição, inclusive no dia em que Claudia desapareceu. Contudo, conforme dito, isso só foi descoberto após uma sindicância interna. A Apae também afirmou que os descartes acontecem exclusivamente nos ecopontos da cidade.
Em nota, a presidente interina da Apae, Maria Amélia Moura Pini Ferro, assegurou que a instituição está colaborando com as investigações. Além disso, ela acrescentou que, apesar da gravidade dos acontecimentos, a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Bauru continua a prestar seus serviços à comunidade.
Um dia após ser preso, Roberto Franceschetti Filho teve a prisão temporária de 30 dias decretada na audiência de custódia e foi levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pirajuí (SP).
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