Youtuber negro é abordado com extrema truculência pela PM em Goiás, e faz desabafo: “Por conta da cor da minha pele”; assista

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Simplesmente revoltante e absurdo! Nesta sexta-feira (28), os internautas ficaram indignados com a abordagem policial extremamente agressiva feita contra o youtuber Filipe Ferreira, na Cidade Ocidental, Goiás. Na ocasião, o rapaz gravava conteúdos para seu canal na web, fazendo manobras de bicicleta. Com isso, as atitudes truculentas dos oficiais ficaram registradas no vídeo e viralizaram na internet.

Na sequência, Filipe faz uma primeira manobra com a bicicleta e logo em seguida é possível ver a viatura parando próximo dele. O primeiro policial fala para Ferreira encostar na árvore para a checagem e o youtuber questiona por qual motivo teria que fazer isso. Imediatamente, o oficial já demonstra seu tom autoritário. “Porque eu tô mandando!”, exclama. “Não é assim, não”, reclamou Ferreira, pegando o celular para registrar perfeitamente o que estava acontecendo. Para sua surpresa, o policial apontou a arma para ele no mesmo instante.

A conversa segue em uma clima super tenso, com o policial aos gritos mandando Filipe colocar as mãos na cabeça, enquanto ele segue questionando o que havia feito para ter esse tratamento. O segundo policial também empunha a arma, mas não aponta para o youtuber e tenta amenizar, dizendo que é uma abordagem. “Se você não obedecer, você vai ser preso”, anunciou o oficial mais agressivo. “Olha só como estão me tratando”, disse Ferreira assustado com tudo aquilo e sem saber o que tinha feito.

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Sem saída pelas ameaças e a arma, ele cede aos pedidos do policial. “Por que me tratar desse jeito?”, questiona o youtuber antes pedir para o oficial parar de apontar a arma para ele. “Esse é o procedimento! Coloca a p*rra da mão na cabeça!”, grita o homem, completamente descontrolado. Filipe tira a camisa, afirma que estava apenas dando um passeio de bicicleta, mas mesmo assim é algemado. “Resiste pra você ver se eu não (inaudível). Você não obedeceu a ordem legal que eu te dei!”, berra o policial quando o rapaz questiona mais uma medida desproporcional.

“Eu sou trabalhador, por que você faz isso comigo, cara? Como se eu fosse um vagabundo! Eu não sou vagabundo, não! Olha como você tá me apontando [a arma], me algemando. Não tem nada aqui! Eu só tô pro meu canal no YouTube”, contesta Filipe. “Por que você não obedece a ordem? Obedece a ordem c*ralho!”, disse o segundo policial. Neste momento, o oficial que apontou a arma para o youtuber pega o celular do chão e encerra a gravação.

No Facebook, Filipe se pronunciou a respeito do episódio absurdo que viveu. “Realmente não entendi nada. Fiquei me perguntando se eles me abordaram por conta da cor da minha pele, ou se eu realmente tinha feito algo que precisou até de algema. Deixo aqui minha indignação”, lamentou.

Filipe
Filipe publicou desabafo em sua página no Facebook. foto: Reprodução

Ainda, o youtuber publicou nos stories de seu Instagram o print de uma conversa em grupo no WhatsApp. Nela, um homem se identifica como cabo G. Brandão, um dos policiais que aparece na gravação. “Esse rapaz estava sozinho em um lugar usado para tráfico de entorpecentes. Assim que ele viu a equipe chegando, tirou a mão da boca onde estava com um cigarro, provavelmente de maconha, abaixou o braço e jogou o cigarro no meio do mato. Eu dei voz de abordagem e ele se recusou a obecer e questionou a abordagem, fazendo movimentos com o braço, colocando a mão na cintura, tirando a blusa sem autorização. Tudo isso me levou a crer que ele estava oferecendo risco a minha equipe, a ele mesmo e a terceiros”, disse.

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Brandão ainda relata o que teria acontecido após ter pausado o vídeo. “Dei voz de prisão e dei ordem para algemar. Fizemos o TCO de desobediência. Na hora que pausei a filmagem, ele se transformou. Chorou, pediu perdão, e disse que errou. Assinou o TCO e foi embora”, finalizou. Em seu post, Filipe contesta a versão: “Olha o que o cara fala. Que eu estava em um ponto de uso e tráfico de drogas. Acho que ele não viu direito o vídeo onde eu fui abordado. E ainda fala que eu chorei, pedi perdão. Além de ser um despreparado racista, ainda é um mentiroso covarde. Fica aqui minha indignação maior”.

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Filipe compartilhou suposta conversa de policial que o abordou. Foto: Reprodução/Instagram

Ao G1, a Polícia Militar informou que está “verificando todas as informações relativas a este fato” para se posicionar sobre o que aconteceu. O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) informou que “instaurou um procedimento para apuração dos fatos por meio de uma das promotorias de Cidade Ocidental que têm atribuição para atuar no controle externo da atividade policial”.

Nas redes sociais, os internautas ficaram perplexos com tamanho despreparo dos policiais durante a situação. “Racismo institucional não é verbete político, mas castigo doloroso e permanente que fere o corpo e alma de nossos irmãos negros. Impossível não se revoltar ao ver esta agressão absurda a um cidadão negro”, publicou Ciro Gomes. “Ser negro no Brasil é exatamente isso aqui. Viver todos os dias na mira do racismo e não saber se estará vivo no dia seguinte”, comentou o repórter Luiz Teixeira. “Isso aqui tem de rodar o mundo! Vergonhoso! Revoltante!”, criticou Antonio Tabet. “Podre. Nojento. Repulsivo. Patético. Abusivo. Revoltante”, falou Felipe Neto ao compartilhar a gravação.

https://twitter.com/BRKsEDU/status/1398441320629288960?s=20

https://twitter.com/felipeneto/status/1398489099649101825?s=20