As vendas do Mounjaro foram antecipadas no Brasil, e o medicamento ficará disponível em farmácias a partir do mês de maio. A notícia foi confirmada nesta sexta-feira (25), pelo laboratório Eli Lilly. Segundo a fabricante, as datas podem variar dependendo do estado, mas até dia 15 de maio, o remédio estará em todo o país.
Neste primeiro momento, estarão disponíveis somente as doses de 2,5 mg e 5 mg. O laboratório explicou que a antecipação do lançamento se deve à liberação da primeira carga oficial do Mounjaro que chegou ao país, vinda da Europa. O transporte foi mais rápido do que se imaginava, tendo em vista os procedimentos burocráticos.
Inicialmente, o medicamento chegaria em junho. O laboratório espera que a carga seja suficiente para suprir a demanda do mercado brasileiro. Desde que foram lançados, os agonistas de GLP-1 à base de semaglutida, classe à qual pertencem o Ozempic e o Wegovy, têm sofrido desabastecimentos pelo mundo devido à alta procura.
No Brasil, o Mounjaro é aprovado pela Anvisa apenas para tratamento do diabetes tipo 2. O medicamento, no entanto, vem sendo importado e utilizado de maneira off label (quando não há indicação na bula) também para emagrecimento. O laboratório, por sua vez, declarou que já realizou submissão à agência para o tratamento da obesidade.
“A chegada da classe de medicamentos chamada de agonistas do GLP-1 mudou a história do tratamento para diabetes e obesidade. Agora chega ao Brasil uma nova molécula, com ação mais ampla e mostrando resultados ainda mais promissores de perda peso, nos deixando bastante otimistas”, afirmou a médica Karen de Marca, que assume a presidência da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) em 2027.
Nos Estados Unidos, por sua vez, o remédio já tem aprovação para circular no mercado. De acordo com a Veja, a empresa anunciou um investimento de 50 bilhões de dólares (R$ 284 bilhões na cotação atual) apenas no território norte-americano para expansão das fábricas. O montante teria sido uma consequência das pressões tarifárias de Donald Trump. Por enquanto, não há expectativa de produção em solo brasileiro.

Quanto vai custar?
A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) havia definido como preço máximo de venda um valor próximo a R$ 3,700. No entanto, as caixas com quatro canetas, suficientes para um mês de tratamento, serão vendidas por valores a partir de R$ 1,400.
Os pacientes que fazem parte do programa de suporte da farmacêutica poderão adquirir as doses de 2,5 mg por R$ 1,406 nas compras online, e por R$ 1,506 nas lojas físicas. Já as canetas 5 mg poderão ser encontradas por R$ 1,759 no e-commerce, e por R$ 1,859 nas farmácias. Para aqueles que não fazem parte do programa, o preço será de até R$ 1.907,29 (2,5 mg) e R$ 2.384,34 (5 mg), considerando uma alíquota de 18% de ICMS.
Prescrição médica
A compra só pode ser feita mediante apresentação de receita médica. Até o momento, continua valendo a prescrição comum. Porém, nesta quarta (23), a Anvisa informou que os medicamentos que incluem os agonistas de GLP-1 (Mounjaro, Ozempic e Wegovy) exigirão receita controlada, como ocorre com os antibióticos e antidepressivos.
Ou seja, só poderá adquirir remédios como Mounjaro com duas vias da receita: uma para o paciente e a outra para ficar retida na farmácia. A decisão passa a valer 60 dias após a publicação da norma. Ainda assim, o uso off label segue autorizado. Logo, os profissionais permanecem com o direito de prescrever medicamentos para finalidades diferentes das descritas na bula. Essa prática acontece quando o médico entende que, para determinado paciente, os benefícios do tratamento superam os riscos.
A decisão é tomada com responsabilidade pelo profissional e sempre com o devido esclarecimento ao paciente, garantindo que ele esteja bem-informado sobre o procedimento. “Para nós, médicos, a decisão resolve uma dor muito grande, que é da automedicação. O grande problema aqui no Brasil é que, como não precisava, em tese, da apresentação da receita, as pessoas basicamente entravam nas farmácias e compravam. Isso fomentou o uso irregular da medicação, ou seja, o uso sem o acompanhamento médico”, explicou Andressa Heimbecher, endocrinologista e metabologista, membro da SBEM, ao Viva Bem, do UOL.
“A gente imagina que isso irá reduzir o uso indiscriminado. Já vimos isso acontecendo com os antibióticos, que diminuiu o uso indiscriminado deles. Para venda ilegal, a gente sabe que no Brasil há um jeito para tudo”, reconheceu Andressa.
Resultados
No mercado global, o principal concorrente do Mounjaro é a semaglutida, da farmacêutica Novo Nordisk, comercializada como Ozempic (para o diabetes) e Wegovy (obesidade). No entanto, um estudo da revista científica Jama Internal Medicine publicado em julho de 2024, constatou que a tirzepatida é mais efetiva na perda de peso entre pacientes com sobrepeso e obesidade.
A substância levou a porcentagens maiores de perda de peso corporal, e fez com que mais pessoas chegassem a resultados significativos. Este foi o primeiro estudo que comparou diretamente a efetividade das duas medicações. Até então, os dados sobre o potencial deles eram dos ensaios clínicos de fase 3, feitos separadamente para cada um. “É o principal lançamento da história da companhia. Os resultados são absolutamente sem precedentes”, disse Felipe Berigo, gerente de cardiometabologia da Eli Lilly, em coletiva de imprensa.
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