Livre e bem resolvida! Camila Pitanga abriu o jogo sobre sua vida em entrevista ao “Quem Pode, Pod”. A atriz foi a convidada do programa desta terça-feira (6), no qual foi sincerona sobre sua sexualidade, recordou sua primeira vez e ainda contou do namoro com Patrick Pessoa. A artista ainda falou sobre como, ao longo de sua trajetória, muitas pessoas questionavam sua negritude.
Durante o papo, Camila contou como só aflorou sua sexualidade na maturidade. “Eu diria que a minha primavera da sexualidade foi bem mais velha. Porque, até certo momento, eu não ligava pra sexo. Não que eu não praticasse, mas estaria assim, na oitava posição de prioridades”, explicou. “Sexo era alguma coisa que falava do amor, mas tinha outras maneiras de explorar o meu amor, e não era na sexualidade”, pontuou ela, que se disse “bastante monogâmica” e não tão aberta ao sexo casual.
A atriz também recordou como enfrentou alguns perrengues em suas primeiras experiências sexuais. “A primeira vez foi boa. Eu tive um grande período de frustração, porque eu queria penetração e não rolava. Então, na verdade, já rolava sexo, porque já tinha peitinho, já tinha chupada, já tinha gostosura, já tinha gozo – bem simples, verdade seja dita. Já tinha prazer, mas eu tinha essa fixação da penetração, da virgindade, e não rolava, eu não conseguia. Me machucava, eu achava difícil, eu fiquei muito tempo… Chama vaginismo”, mencionou.
Para Pitanga, essa condição teria sido engatilhada por algo que viveu aos 12 anos, quando foi a um ginecologista pela primeira vez. Na ocasião, o profissional a examinou com um instrumento utilizado no papanicolau. “Eu credencio o meu vaginismo a essa experiência que me fez ter uma memória, na vagina, de prisão, de medo”, disse ela. “Eu considero isso uma violência, só que não tinha o cunho sexual dele estar sentindo prazer”, esclareceu. Ao longo do tempo, no entanto, o bloqueio ficou pra trás: “A sorte é que eu tive ótimos parceiros, fui relaxando, aprendendo a relaxar. Talvez por isso a questão da sexualidade ainda não tava no meu campo de prioridade. Hoje, eu não vivo sem. Pra mim, é uma fonte de sabedoria, eu quero desenvolver”.
Camila ainda recordou o relacionamento de dois anos com Bia Coelho. “Noticiaram e isso virou um escarcéu, porque a gente ainda vive num país que têm dificuldade de entender que as pessoas podem ser livres, podem amar do jeito que quiserem. Eu, realmente, a minha vida inteira, sempre fui uma heterossexual convicta. Não via essa possibilidade, não tava no meu radar. Eu já tinha dado uns beijos [em mulheres], beijos de Carnaval, bi de festinha. Não era um desejo recôndito que eu tinha. […] Era a minha liberdade de entender que a minha libido, a libido, o desejo, é algo em construção. Não é algo que nasce com você, formatado, e acabou. Você pode se desenvolver pro lado que você quiser, avaliou.
Apesar dos receios, sentindo a responsabilidade de falar sobre a vivência como pessoa LGBTQIA+, Camila disse ter focado em apenas viver a relação. “Eu acho que foi um puta lance de expansão. Primeiro, de afeto, porque eu vivi um amor, não vivi uma sexualidade. Eu vivi uma história de amor com a Bia. Isso não era pra ser uma missão, um panfleto. […] Falei: vou viver o que eu tô sentindo – amor”, lembrou. Sobre rotular sua sexualidade, a atriz declarou: “Eu não me daria nome, como bissexual, porque eu não sei, eu tô em movimento, tô vivendo. Mas, politicamente falando, eu acho que é importante. Eu entendo a importância de dizer isso. A minha libido é aberta, eu sou livre, adoro gozar, e não vou abrir mão da minha liberdade porque as pessoas estranham”.
Quanto ao atual namorado, Patrick, Camila foi só elogios… A inesquecível Bebel de “Paraíso Tropical” ainda comentou sobre a agitada rotina sexual ao lado do novo mozão. “[Sexo] todo dia. Uma beleza. Amor, um ano e meio, me deixa. Não vou nem falar a quantidade… Gostoso, eu fico até nervosa”, contou ela, surpreendendo Fernanda Paes Leme e Giovanna Ewbank. “Como é? Tá gostoso… A manhã é bem animada, tá todo mundo relaxado”, adicionou.
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Fernanda também recordou a repercussão de uma antiga capa da revista Raça, estrelada por Camila e seu pai, Antonio Pitanga, na qual a artista declarava: “Tenho orgulho de ser negra”. Então, a atriz expôs como muitas pessoas não a viam como mulher negra e até se questionavam por que ela dizia isso. “Tem a questão do fenótipo ser claro, então não é [negra]. Comigo, acontecia assim: ‘Por que você fala isso? Você é tão linda’. Como se tivesse cuidando de mim, protegendo”, relembrou.
Camila reforçou sua negritude e a identidade de mulher negra de pele clara, mencionando como isso sempre foi sua realidade. “É só o que é, o que eu sinto, como eu me identifico, como fui criada, como me visto. Me olho no espelho, eu sou preta. E se você acha que não é, desculpa, problema seu, eu não tenho nada a ver com isso. Mas é minha identidade”, afirmou. “Eu sou preta da aliança. Se tem uma coisa que tem a ver com o meu pai, é de uma pessoa que viveu tanta coisa, tanta dor, negações, mas ele nunca deixou de ser aliado. Eu acho isso um legado que eu tenho dele”, concluiu.
Assista à íntegra abaixo: