Justiça agrava acusação contra policial que matou George Floyd, e indicia outros três envolvidos no assassinato; entenda

As investigações sobre a morte do norte-americano George Floyd, aos 46 anos, ganharam um importante capítulo nesta quarta-feira (3). Segundo o advogado da família do ex-segurança, Benjamin Crump, a promotoria do estado de Minnesota aumentou a acusação contra Derek Chauvin e incluiu os outros três policiais envolvidos no assassinato para responderem criminalmente.

Derek, que foi filmado pressionando o joelho sobre o pescoço de George — mesmo ouvindo os pedidos de que a vítima não conseguia respirar —, será acusado por homicídio em segundo grau. Nesta situação, o assassinato é considerado intencional não premeditado, quando o autor tem intenção de causar danos corporais à vítima.

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A princípio, o policial, que foi preso na sexta-feira (29), respondia ao crime de assassinato em terceiro grau e homicídio culposo em segundo grau. As leis enquadravam o criminoso como um indivíduo que não teve a intenção de matar, mas agiu com grande indiferença à vida humana, o que poderia culminar na morte de outra pessoa. A pena máxima prevista é de 25 anos.

George Floyd foi acusado de pagar um maço de cigarros com nota falsa. Foto: Reprodução/Instagram

Outra conquista da família de George Floyd na luta por justiça foi a inclusão dos três policiais que presenciaram todo o ocorrido nas acusações. Tou Thao, Thomas Lane e J. Alexander Kueng serão presos e responderão judicialmente por ajudar e favorecer assassinato em segundo grau. Eles também ajudaram a imobilizar a vítima, embora não apareçam no vídeo que registrou o crime.

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Assim como Derek Chauvin, o trio foi demitido da polícia do condado de Hennepin, mas até então não tinha sido relacionado à morte. O procurador-geral de Minnesota, Keith Ellison, revelou no início da semana que ainda estava avaliando evidências e que as modificações nas acusações seriam feitas, se fossem necessárias. “Vamos cobrar este caso de maneira consistente com o mais alto nível de responsabilidade que os fatos e a lei apoiarão”, disse.

Por meio do Twitter de Benjamin Crump, a família do ex-segurança se pronunciou a respeito da decisão de Ellison. “Este é um momento agridoce. Estamos profundamente satisfeitos que @AGEllison tenha tomado uma ação decisiva, prendendo e acusando TODOS os policiais envolvidos na morte de #GeorgeFloyd e atualizando a acusação contra Derek Chauvin por homicídio culposo em segundo grau”, compartilhou.

Entenda o caso

No último dia 25, Floyd foi rendido por quatro policiais, acusado de ter tentado passar uma cédula de US$ 20 falsa para comprar cigarro. Ao ser imobilizado por Derek Chauvin, o ex-segurança implorou por ajuda, afirmando que não conseguia respirar, enquanto tinha o pescoço pressionado pelo joelho do policial durante 8 minutos e 46 segundos. Além de ser demitido junto com seus três colegas, Derek foi preso na sexta-feira e acusado de assassinato em terceiro grau.

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O governador do estado, Tim Walz, colocou o procurador-geral Keith Ellison no comando da acusação, após pedidos da família de Floyd. O escritório do promotor de Hennepin foi acusado de atrasar desnecessariamente a denúncia contra Chauvin e de não incluir os outros três policiais que estavam no local no caso.

Desde a morte de George Floyd, os Estados Unidos têm presenciado protestos históricos em diversas cidades. Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, as pessoas tomaram as ruas pedindo pelo fim da violência policial, do racismo e justiça para o caso do ex-segurança. Na web, os movimentos ganharam apoio — e doações — de diversos artistas, celebridades e grandes empresas.

Protestos tomaram conta dos Estados Unidos e outros países nos últimos dias. Foto: Reprodução/Twitter

Nova autópsia

Na segunda-feira (1º), foram divulgados os resultados da autópsia independente, pedida pela família de George Floyd. A causa da morte do ex-segurança foi asfixia e perda de fluxo sanguíneo no cérebro após ter o pescoço prensado pelo joelho do policial Derek Chauvin.

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O laudo foi divulgado pelos advogados que representam os parentes de Floyd durante uma coletiva de imprensa. “Na minha opinião, a causa da morte é asfixia devido à compressão do pescoço”, explicou Michael Baden, um dos especialistas que analisaram o corpo de George. Para ele, a compressão do joelho do policial sobre o pescoço  do ex-segurança cortou o fluxo de sangue para o cérebro; o apoio nas costas da vítima também contribuiu para a asfixia.  Sua conclusão é de que o caso trata-se de um homicídio.

Derek Chauvin foi preso na última sexta (29), acusado de asfixiar George Floyd. Foto: Reprodução/Twitter

Os novos resultados divergem do que foi concluído pelo legista do condado de Hennepin, no estado de Minnesota. Segundo os registros deste primeiro laudo, George não apresentava evidências físicas de asfixia. A causa da morte foi apontada como uma combinação da restrição policial, condições médicas preexistentes — uma doença arterial e hipertensão — e possível intoxicação.

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Horas após a divulgação da autópsia independente de Floyd, o legista do condado de Hennepin divulgou os exames toxicológicos, afirmando que o ex-segurança morreu de parada cardiorrespiratória enquanto era imobilizado pela polícia, de acordo com o TMZ. Também foi dito que George tinha Fentanil em seu sistema, e que foi encontrado traços de “uso recente de metanfetamina”. A causa da morte foi classificada como homicídio.