Kristie Pereira viu sua vida virar de cabeça para baixo ao descobrir que seu cachorro, o qual ela havia levado para ser sacrificado devido a uma doença, estava de volta em um abrigo de adoção. O caso aconteceu em Maryland, nos Estados Unidos, e repercutiu nesta segunda-feira (28).
Segundo a Associated Press, Kristie adotou o cãozinho, um filhote da Lost Dog & Cat Rescue Foundation, em 2022. Na época, a especialista em marketing digital pagou US$ 450 (cerca de R$2.323) para levar Beau para casa.
Ela afirmou que ambos formaram um forte laço e o cachorrinho vivia “quase constantemente ao lado dela, abanando o rabo”. Infelizmente, Pereira notou que algo estava errado com o animal, quando ele passou a ter problemas para controlar o intestino e levantar as patas traseiras.
Após levá-lo ao veterinário, exames apontaram que Beau sofria de um problema de fígado. Mesmo com medicamentos, o filhotinho não apresentou qualquer melhora. Foi então que o responsável pela clínica e um outro veterinário do pronto-socorro pet afirmaram que os sintomas do cãozinho eram sinais de um grave problema neurológico.
Pereira foi informada de que novos exames lhe dariam apenas “uma chance muito pequena de descobrir o que está errado” e “uma chance ainda menor de ser algo que [os médicos poderiam] consertar”. Os procedimentos custavam aproximadamente US$ 12 mil (aproximadamente R$ 61 mil) – o que ela estava disposta a pagar.
Todavia, sem qualquer outra opção, a tutora disse ter sido orientada que a eutanásia para o pet seria a melhor solução. Por um mês, Kristie insistiu em cuidar do filhote, na esperança de que ele apresentasse uma melhora. Porém, ela acabou optando por seguir o conselho dos veterinários após uma série de consultas com a equipe da Lost Dog & Cat Rescue Foundation.
“Honestamente, quero dizer, depois de conversar com eles foi quando senti, você sabe, que estaria fazendo a coisa certa ao sacrificá-lo. Eles realmente me deram esse apoio e esse incentivo que, embora seja difícil, às vezes é a melhor coisa a fazer”, explicou ela.
Acreditando estar fazendo o melhor por seu bichinho, no fim de março de 2023, a mulher levou Beau ao Montgomery County Animal Services, em Derwood, Maryland, e pagou US$ 15 (R$ 77) para que ele fosse sacrificado. No local, ela foi informada de que o abrigo não permitia que os donos dos animais ficassem no quarto com eles durante o procedimento. Após se despedir de Beau, Pereira deixou o consultório e nunca mais o viu – até cerca de um ano depois.
Triste após a perda do bichinho, Pereira acabou se mudando para San Antonio, no Texas, e passou a procurar um novo pet. Durante uma visita à família, em Maryland, ela acessou o site do abrigo e acabou se chocando ao encontrar um cachorro idêntico a Beau para adoção.
Nas imagens, o pet parecia um pouco maior, mas tinha o mesmo nome que ele recebeu no abrigo quando ela o levou para casa pela primeira vez. Ela tentou contatar o abrigo do condado de Montgomery e foi então que recebeu a confirmação de que seu cachorro não havia, de fato, sido submetido a eutanásia. Os veterinários afirmaram que o consideraram “saudável o suficiente” para ser salvo.
Assim, o abrigo levou o filhote para o resgate de animais. Lá, os veterinários constataram que Beau não tinha problemas neurológicos, mas sim de fígado. Ele passou por uma cirurgia de US$ 7 mil e acabou se recuperando.
Por vários dias, Pereira ficou sem conseguir qualquer explicação sobre o ocorrido. Ela também teria sido maltratada ao tentar conseguir informações sobre o pet. “A pessoa que me ligou foi tão rude e desrespeitosa e foi muito desagradável comigo. Eles disseram que eu o abandonei e que o deixei morrer. Que nunca me importei com ele”, lamentou ela. Kristie conta que o abrigo chegou a dizer que Beau “nunca mais voltará para ela”.
ONG se manifesta
Após o ocorrido, a Lost Dog & Cat Rescue se manifestou. Em nota, a organização admitiu que os membros da equipe conversaram com Pereira quando ela tomou a difícil decisão de sacrificar seu cachorro. Entretanto, eles insistiram que ela foi avisada sobre a importância de levar o cãozinho a um veterinário que permitisse que ela estivesse com ele durante a eutanásia.
Eles alegaram, ainda, que a informaram de que a equipe levaria o cachorro de volta se ela não pudesse fazer isso. Em comunicado, a porta-voz do abrigo, Chloe Floyd, afirmou: “O LDCRF não realoja um cão entregue pelo dono com seu antigo adotante/dono. Nossa missão é salvar da eutanásia cães adotáveis e seguros para a comunidade”.
Caroline Hairfield, diretora executiva do Montgomery County Animal Services, também se pronunciou. Em entrevista à Associated Press, ela declarou: “[Embora] todos sintam por [Pereira], a organização está contratualmente obrigada a devolver os animais rendidos ao resgate”.
A ex-tutora de Beau alegou, de forma persistente, que foi incentivada a sacrificar seu filhote. Ela argumentou, ainda, que teria pago os US$ 7 mil pela cirurgia de Beau se soubesse que essa era a melhor opção para sua recuperação. “Tenho muitas perguntas, mas antes de mais nada quero-o de volta comigo”, concluiu. Ainda nesta terça-feira (28), o cachorrinho continuava disponível para adoção.