O casal dinamarquês Flemming Hansen e Mette Helbæk, conhecido por fundar o resort ecológico Stedsans in the Woods, no sul da Suécia, é alvo de acusações de crime ambiental após abandonar o local com mais de 150 barris de dejetos humanos e animais mortos. A informação foi divulgada pelo The Guardian no início do mês, mas voltou a repercutir com uma nova manifestação dos empreendedores.
Fundado em 2016, o Stedsans reunia 16 chalés de madeira integrados à floresta, oferecia alimentação orgânica e experiências imersivas na natureza. Era promovido como um “resort de luxo sustentável” e chegou a ser elogiado por críticos e influenciadores. No entanto, funcionários relataram que o casal desapareceu sem aviso no fim de 2024, deixando o local em completo abandono.
“O carro deles havia sumido e a casa pegado fogo”, disse uma ex-funcionária. Segundo ela, muitos animais foram deixados sem cuidados. Alguns sobreviveram, outros morreram. Relatos de que o casal sumiu deixando um esgoto a céu aberto também vieram à tona. “Voilà. 158 barris de fezes humanas”, afirmou o ex-funcionário Lars Delling.
O Stedsans foi declarado falido em março de 2025. De acordo com as investigações, o casal acumulava dívidas com o fisco sueco estimadas em 6 milhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 3 milhões). Antes disso, já tinham deixado a Dinamarca devendo milhões em impostos. No blog do resort, eles escreveram: “Desde o início, os Stedsans nunca tiveram uma chance real. Decepcionamos muitos. Até irritamos alguns. E por isso lamentamos profundamente. Mas podemos dizer do fundo do coração que fizemos tudo o que podíamos”.

As autoridades locais classificaram o caso como crime ambiental. Apesar disso, Hansen e Helbæk rejeitam as acusações. Em declarações publicadas nas redes sociais recentemente, eles afirmam que enfrentaram dificuldades com o “sistema tributário implacável” da Suécia e que foram vítimas de uma campanha de difamação.
“Não infringimos nenhuma lei. Não fugimos. Não deixamos nenhum animal morrer. Não poluímos. Lutamos por nossos direitos contra o sistema tributário e, em vez de perder a batalha, viramos as costas para ele”, escreveram no Instagram. Eles também afirmam estar sendo usados como “clickbait” pela imprensa local.
O casal alega que a falência foi motivada por uma combinação de dívidas antigas, promessas não cumpridas pelo governo sueco e impactos econômicos da pandemia. “Tivemos que perceber, no caminho, que ser empreendedores motivados por almas em uma missão em um país onde os impostos estão entre os mais altos do mundo e a burocracia é implacável é uma tarefa impossível. Pelo menos para nós”, escreveram em nota.
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Agora, os dois afirmam estar em “choque” e preparando um novo hotel na Guatemala, o Hotel San Pedro La Laguna, com inauguração prevista para maio. Apesar das críticas, a dupla mantém o discurso de que agiu com boas intenções e continua comprometida com projetos sustentáveis. “Estamos abalados, mas ainda de pé. Ainda confiamos que nosso trabalho não é em vão, embora tenha sido extremamente difícil ultimamente tentar trilhar um novo caminho”, afirmaram.
O casal, por sua vez, prometeu seguir se manifestando sobre o que classificam como injustiça e perseguição. “Ser a pessoa que está sendo enganada e abusada como clickbait é a pior experiência que já tive na vida até agora”, finalizou Helbæk.
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