Nesta terça-feira (13), a cantora Cassie Ventura prestou um depoimento revelador durante o segundo dia do julgamento de seu ex-namorado, Sean “Diddy” Combs, por tráfico sexual.
Detido desde 2024, o magnata do rap enfrenta diversas acusações, entre elas prostituição, conspiração para extorsão, tráfico sexual mediante força, fraude ou coerção, além de transporte com fins de exploração sexual, entre outros crimes.
Durante seu depoimento, Ventura relembrou o relacionamento com Combs e deu detalhes chocantes sobre os chamados “freak offs” — festas promovidas por Combs com a presença de famosos, marcadas por sexo, drogas e álcool.
Segundo a artista, ela foi convidada por Combs a participar de um desses encontros pela primeira vez aos 22 anos, quando já estavam em um relacionamento. “Meu estômago revirou [quando recebi o convite]. Não conseguia entender como aquilo podia ser excitante, mas aceitei a responsabilidade”, contou. “Eu estava confusa, nervosa, mas também o amava muito e queria fazê-lo feliz”, explicou.
Cassie disse que não tinha interesse em participar das festas de Diddy, mas se sentia obrigada. “Não era algo que eu queria fazer, principalmente com a frequência que passou a acontecer. Mas, mais uma vez, eu estava apaixonada e queria agradá-lo. Em certo ponto, senti que não tinha muita escolha“, pontuou.
Ao longo do relacionamento, Ventura afirmou ter perdido sua autonomia, já que Combs passou a controlar tudo — desde sua carreira até sua vida sexual. “Ficávamos fora por dias, tomando drogas, bebendo, fazendo sexo com estranhos. [Os encontros sexuais] duravam 36, 48, 72 horas… o mais longo foi de quatro dias”, relembrou.
Questionada sobre o relacionamento romântico com Combs, Cassie detalhou os abusos físicos e psicológicos que sofreu durante o tempo juntos. “Eu não sabia se ele ficaria tão irritado a ponto de ser violento ou simplesmente me deixar”, disse ela, no caso de negar um pedido do namorado.

Ao ser solicitada a identificar um vídeo no qual aparece sendo agredida por Combs em um corredor de hotel em Los Angeles, ela confirmou que o episódio ocorreu durante um dos “freak offs” promovidos pelo rapper. “Sou eu e Sean, no InterContinental, em Century City… estávamos tendo um encontro. Chamávamos de ‘freak off'”, explicou.
Segundo informações da NBC News, Ventura revelou que era forçada a “se apresentar” para Combs com uma terceira pessoa, geralmente uma profissional do sexo. “Ele nos dirigia durante o que estávamos fazendo”, acrescentou. Ela também revelou que temia ser chantageada com vídeos e fotos desses encontros com acompanhantes de luxo.
Vida sexual
Ainda durante o depoimento, Cassie falou sobre os primeiros momentos íntimos com Sean ‘Diddy’ Combs. A cantora relembrou o início da relação — desde quando o conheceu até o momento em que o relacionamento se tornou sexual.
Ela contou que assinou contrato com o selo Bad Boy Records, fundado por Diddy, aos 19 anos. “Ele era um músico maior que a vida, apaixonado por música. Eu não sabia muito sobre ele pessoalmente”, disse aos júri. “Quando assinei o contrato, eu tinha 19 anos. Era um acordo para 10 álbuns. Lancei um álbum ainda naquele ano, em agosto de 2006”, contou.
Apesar do contrato de longa duração, Cassie nunca mais lançou um álbum pela gravadora de Combs. Os freak offs também teriam se tornado a prioridade do artista e a “função principal” de Cassie, a ponto de não haver espaço para mais nada. Isso impediu o avanço de sua carreira musical, mesmo após ela gravar centenas de músicas sob o gerenciamento do rapper. “Sean decidiu que eu não poderia lançar outro álbum”, lamentou.
O primeiro contato sexual com o rapper aconteceu nos bastidores do VMA, no dia em que completou 21 anos — a maioridade nos Estados Unidos. “Fiquei confusa. Eu era uma artista nova, não conhecia os bastidores da indústria, nada disso. Não estava acostumada com um executivo — ou qualquer pessoa — sendo tão direto comigo, de forma mais do que amigável, de forma sexual e romântica. Lembro que saí correndo e voltei para o hotel, contei para alguém o que aconteceu”, detalhou.
Cassie, que tem 17 anos de diferença em relação a Diddy, afirmou que não queria beijá-lo naquele momento. Porém, após algumas reuniões no Hotel Trump, em Manhattan, onde discutiam sua carreira musical, os dois passaram a desenvolver uma “relação de conforto”.
Durante esses encontros, Diddy teria a apresentado ao sexo oral, demonstrando como fazê-lo e praticando com ela. Questionada se havia retribuído o ato, Cassie negou.
“Ele me fazia sentir maluca por não retribuir. Naquela época, eu não entendia esse tipo de relação. E eu estava em um relacionamento com outra pessoa. Eu era muito jovem e não tinha vocabulário nem compreensão para muitas das coisas que discutíamos. Estava apenas tentando entender, completamente inexperiente naquele ponto”, afirmou.
Cassie relatou que sua primeira relação sexual com Diddy aconteceu em um barco em Miami, sob efeito de drogas. “Eu estava bebendo vinho, depois comecei a tomar drogas, uma pílula de ecstasy chamada Blue Dolphin. Sean me deu, eu nunca tinha tomado antes. Fiquei fora de mim, rindo. Nem sabia o que era até algum tempo depois”, lembrou.
Ela descreveu a sensação como “eufórica”: “Você fica muito sensível ao toque, com todos os sentidos intensificados”.
Na mesma época, os dois começaram a se envolver fisicamente, mesmo enquanto Diddy mantinha um relacionamento público com Kim Porter, falecida em 2018.
Após a viagem a Miami, os dois passaram a conviver com mais frequência, embora o relacionamento não tenha sido tornado público por muitos anos. “Ele não queria que pegasse mal, mas também dizia que era por causa dos filhos e de questões pessoais relacionadas à família”, explicou, confirmando que se referia à Kim Porter.
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