No início do mês de outubro, Chrissy Teigen e John Legend enfrentaram um dos momentos mais difíceis — e tristes — de suas vidas. A modelo sofreu a perda gestacional do seu terceiro filho, que tinha completado apenas 20 semanas. Nesta terça-feira (27), ela escreveu um desabafo forte e emocionante, explicando o que aconteceu durante sua gravidez e por qual motivo decidiu compartilhar as fotos dela e do marido com o bebê no colo após o parto.
Como já era de se esperar, o trauma da perda foi tão grande que impossibilitou que Teigen se manifestasse mais detalhadamente a respeito de tudo que aconteceu. “Eu não tinha ideia de quando estaria pronta para escrever isso. Parte de mim achava que seria no início, quando ainda estava realmente sentindo a dor do que aconteceu. Pensei em sentar no canto do meu quarto com as luzes apagadas, apenas deixando fluir para fora os meus pensamentos. Eu tomaria uma taça de vinho tinto, me aconchegaria com um cobertor e, finalmente, teria a chance de abordar ‘o que aconteceu'”, começou.
“Em vez disso, estou escrevendo do sofá do andar de baixo [da minha casa], ainda aninhada em um cobertor, mas murmurando em uma manhã com amigos e frango frito”, entregou. A modelo explicou que nas últimas semanas rascunhou diversos pensamentos a respeito dos seus sentimentos e como começaria o texto, mas optou por agradecer o carinho de todos. “Por semanas, nossos pisos foram cobertos de flores de bondade. Os cartões nos inundaram e cada um foi lido com nossos próprios olhos marejados. Mensagens de estranhos nas redes sociais têm consumido meus dias, a maioria começando com, ‘Você provavelmente não vai ler isso, mas…’. Posso assegurar-lhe, eu li”, garantiu.
Inclusive, uma das grandes questões para Chrissy era a sensação de precisar se abrir com o público a respeito de tudo que aconteceu, porque todos estavam sendo tão sinceros e abertos com ela. “Muitos compartilharam experiências pessoais incríveis, alguns compartilharam livros e poemas. Queria agradecer a todos, compartilhar nossa história com cada pessoa individualmente. Mas eu sabia que não estava em condições de fazê-lo. Para mim, a observação [escrita] ‘não há necessidade de responder’ era um verdadeiro alívio”, contou.
Em seguida, Teigen lembrou os momentos tensos que viveu no hospital. “Um dos momentos de destaque daquela manhã (ou noite? Não tenho ideia) foi eu passando pelos corredores de trabalho de parto, e John dizendo ‘O quê? Está acontecendo uma p*rra de uma festa aqui??’ Lá estávamos nós, apenas sendo levados para um novo andar, eu coberta por um cobertor fino para me esconder, sabendo que estava prestes a parir o que era para ser o quinto membro de nossa linda família, um filho, apenas para dizer adeus momentos depois”, detalhou.
Enquanto ela e o marido viviam uma dor inexplicável, outras famílias celebravam. “As pessoas aplaudiam e riam do lado de fora de nossa porta, compreensivelmente para uma nova vida nascida e celebrada. Você meio que se pergunta como alguém está pensando em alguém além de você”, completou Chrissy. A modelo explicou que antes mesmo de ser internada no hospital, ela já estava vivendo uma gestação bem delicada.
“A essa altura, eu já havia entendido o que aconteceria: eu faria uma epidural e seria induzida a dar à luz nosso filho de 20 semanas, um menino que nunca teria sobrevivido na minha barriga (desculpem-me por estes termos simples). Eu estava anteriormente em repouso na cama por mais de um mês, apenas tentando fazer com que o garotinho chegasse às 28 semanas, uma zona ‘mais segura’ para o feto. Meus médicos me diagnosticaram com descolamento parcial da placenta”, revelou.
Teigen, que é mãe de Miles, de 2 anos, e Luna, de 4 anos, já tinha tido o mesmo problema durante a gravidez do filho caçula. “Tive que dar à luz a Miles um mês mais cedo porque seu estômago não estava recebendo comida suficiente da minha placenta”, lembrou. “Mas este foi meu primeiro descolamento [de placenta]. Nós monitoramos Jack muito de perto, esperando que as coisas sarassem e parassem. Na cama, sangrei e sangrei, levemente, mas o dia todo, trocando minhas próprias fraldas a cada duas horas quando o sangue ficava desconfortável para deitar”, explicou.
Olhando para trás, a modelo conseguiu até falar com bom humor do momento delicado. “Na verdade, me tornei uma especialista em fraldas adultas para meu próprio entretenimento pessoal, realmente apreciando as marcas que vestiam de uma maneira que não me fizesse sentir como um bebê cagão de verdade. Algumas eram de cor rosa e com delicadas flores desenhadas. Eu cheguei a um ponto em que eu estava tipo, ‘Que se dane, sim, me dê as [com cor] rosa!’ — algo que nunca pensei que ficaria animada. Mas lá estávamos nós”, falou.
Em seu relato, a modelo explicou que cogitou passar todo esse período de repouso no hospital, mas sempre era visitada por médicos na sua casa e os diagnósticos eram positivos. Mas as coisas voltaram a piorar… “Finalmente, tive uma péssima noite na cama, depois de um ultrassom não muito bom, em que estava sangrando um pouco mais do que minha quantidade anormal. Meu sangramento estava ficando cada vez mais pesado. O fluido ao redor de Jack havia ficado muito baixo — ele mal conseguia se mexer. Em alguns pontos, eu jurei que era tão baixo que eu poderia deitar de costas e sentir seus braços e pernas de fora da minha barriga”, disse.
Já hospitalizada, Chrissy Teigen recordou os momentos de desespero que antecederam o parto de Jack. “Meu médico me disse exatamente o que eu sabia que estava por vir — era hora de dizer adeus. Ele simplesmente não sobreviveria a isso, e se durasse mais, eu também não sobreviveria. Tentamos bolsas e mais bolsas de transfusão de sangue, cada uma passando por mim como se não estivéssemos fazendo nada [para resolver o problema]. Tarde da noite, disseram-me que seria hora de deixá-lo ir pela manhã. Chorei um pouco no início, depois entrei em convulsões violentas de catarro e lágrimas, minha respiração incapaz de acompanhar minha própria tristeza incrivelmente profunda”.
Chrissy revelou que esses momentos são os mais doloridos em sua memória. “Mesmo enquanto escrevo isso agora, posso sentir a dor de novo. O oxigênio foi colocado sobre meu nariz e boca, e essa foi a primeira foto que você viu. Tristeza total e absoluta”, afirmou. Ela aproveitou para explicar por qual motivo decidiu fotografar tudo isso. “Eu tinha pedido a minha mãe e John para tirarem as fotos, não importa o quão desconfortável fosse. Expliquei a um John muito hesitante que precisava delas e que NÃO queria ter que pedir. Que ele simplesmente tinha que fazer isso”, declarou.
John Legend realmente não gostou da ideia. “Ele odiou. Eu podia ver. Não fazia sentido para ele na época. Mas eu sabia que precisava lembrar desse momento para sempre, da mesma forma que precisava lembrar do nosso beijo no altar, da mesma forma que precisava lembrar das nossas lágrimas de alegria depois de Luna e Miles nascerem. E eu sabia absolutamente que precisava compartilhar essa história”, concluiu.
As críticas dos haters sobre as fotos também foram abordadas por Chrissy. “Não posso expressar o quão pouco me importo que você odeie as fotos. Quão pouco me importo que seja algo que você não teria feito. Eu vivi isso, eu escolhi fazer isso e, mais do que tudo, essas fotos não são para ninguém, mas para as pessoas que viveram isso ou estão curiosas o suficiente para se perguntar como é algo assim. Essas fotos são apenas para as pessoas que precisam delas. Os pensamentos dos outros não importam para mim”, argumentou.
“Depois de horas, fui capaz de relaxar e decidi que queria esperar até que eu realmente soubesse que estava tudo acabado. Eu estupidamente comparei isso com cães que eu havia ‘sacrificado’ no passado — como eu nunca quis desistir até que soubéssemos que era a hora, que eles estavam sofrendo demais. Mandei uma mensagem para minha médica e ela disse ‘absolutamente’. Mais tarde naquela noite, fui ao banheiro, olhei para dentro do vaso sanitário (fazia isso há meses) e desmaiei novamente. A enorme quantidade de sangue e coágulos me mostrou exatamente o que eu estava esperando. Já era hora”, constatou.
O procedimento cirúrgico é outro capítulo de sofrimento, físico e psicológico. “Não tenho certeza se vou esquecer a experiência. Eu sempre ri sobre o quanto eu amava as [anestesias] epidurais… Não tanto dessa. Eu fiquei deitada lá por horas, esperando ser informada que era hora de empurrar. Obviamente, não tive que dilatar muito, ele ainda era pequenininho. Eu estava deitada de lado, trocando de lado a cada hora mais ou menos, sempre que a enfermeira me mandava. Lembro-me de estar deitada do lado direito, olhando para o lado oposto de John, quando me disseram para fazer minha troca”, detalhou.
“Eu abri minhas pernas e comecei a me virar para encarar John e assim mesmo, ele estava saindo. Os médicos gritaram um pouco e… Não sei o que dizer, mesmo agora. Ele estava fora [da minha barriga]. Minha mãe, John e eu o abraçamos e nos despedimos em particular, minha mãe soluçando durante uma oração tailandesa. Pedi às enfermeiras que me mostrassem suas mãos e pés e os beijei sem parar. Não tenho ideia de quando parei. Pode ter durado 10 minutos ou uma hora”, sugeriu.
Chrissy explicou que hoje em dia sente que a decisão de esperar ao máximo para fazer o procedimento cirúrgico irá “assombrá-la” para sempre. “Não sei quanto tempo ele estava esperando para sair. Isso provavelmente sempre me assombrará. Só de escrever faz meu nariz e meus olhos formigarem com lágrimas. Tudo o que sei agora é que suas cinzas estão em uma pequena caixa, esperando para serem colocadas no solo de uma árvore em nossa nova casa, aquela que temos com seu quarto em mente”, contou.
Agora, a mãe de Jack tenta compreender todos os sentimentos deixados por essa experiência. “As pessoas dizem que uma experiência como essa cria um buraco em seu coração. Um buraco certamente foi feito, mas foi preenchido com o amor de algo que eu tanto amava. Não parece vazio, este espaço. Parece cheio. Talvez ‘também’ explodindo, na verdade. Encontro-me chorando aleatoriamente, pensando em como estou feliz por ter duas crianças incrivelmente maravilhosas que enchem esta casa de amor. Eu os sufoco com amor enquanto eles gritam ‘Mããããee!!!!!’ para mim. Eu não me importo”, brincou.
“Também choro quando fico com raiva de mim mesma por ser muito feliz. Às vezes eu leio coisas que me fazem rir, ou vejo uma postagem no Instagram digna de um like (Sim, eu saí [das redes sociais], mas ainda estou espiando!). E sempre esqueço que não estou mais grávida. Eu seguro minha barriga quando ando por aí. Eu tenho um momento de surto quando as crianças pulam na minha barriga inexistente. A clareza após esses momentos sempre me deixa triste”, confessou.
A modelo compreendeu que grande parte da sua dor é resultado da intensidade em que celebrou o momento especial que estava vivendo. “Eu me sinto mal porque nossa dor foi tão pública, porque eu tornei a alegria tão pública. Eu estava animada para compartilhar nossas novidades com o mundo. As histórias que levaram a isso foram narradas para todos. É difícil olhar para elas agora. Eu tinha tanta certeza de que tudo ficaria bem. Eu me sinto mal por ter feito todos vocês se sentirem mal. Eu sempre vou”, lamentou.
O carinho das pessoas com a família foi tão grande que rendeu histórias inusitadas. “Fui a uma loja onde a senhora do caixa silenciosamente colocou flores no meu carrinho. Às vezes, as pessoas se aproximam de mim com um bilhete. A pior parte é saber que há tantas mulheres que não obterão esses momentos tranquilos de alegria de estranhos. Eu imploro que você compartilhe suas histórias e seja gentil com aqueles que abrem seus corações. Seja gentil em geral, já que alguns não vão se abrir de jeito nenhum”, aconselhou.
“Esses estranhos sempre me dizem que a vida continuará, apenas de forma diferente. Eles me dizem para não deixar ninguém me dizer que este foi ‘o plano de Deus’, ou que ‘teremos outro em breve’. Graças a vocês, vou bloquear isso para sempre”, agradeceu. Por conta do trauma, Teigen teme que muitas pessoas não se sintam confortáveis para compartilhar momentos de felicidade com ela, pelo menos por agora. “Preocupo-me que as pessoas se sintam desconfortáveis em compartilhar sua alegria comigo. No momento, estou cercada pelas barrigas grávidas de muitas amigas íntimas e posso jurar para você, nada me deixa mais feliz. Eu conheço sua alegria e amo”.
Para fechar o desabafo, Chrissy falou da razão de ter escrito o texto e seus próximos passos. “Sabia que precisava dizer algo antes de poder seguir em frente e voltar à vida, então, realmente agradeço por me permitir fazer isso. Jack sempre será amado, explicado aos nossos filhos como existindo no vento, nas árvores e nas borboletas que eles veem. Muito obrigado a cada pessoa que nos teve em seus pensamentos ou chegou a nos enviar seu amor e suas histórias. Temos uma sorte incrível”, encerrou.