Ele está de volta! Junior deu um novo passo na música com o álbum “solo (vol. 1)” para protagonizar um aguardado capítulo da sua história como artista. Franco, o músico explicou para Bruno Rocha, o nosso Hugo Gloss, por que decidiu trilhar seu caminho sozinho apenas agora, após mais de trinta anos de carreira. Em um papo descontraído, o cantor falou abertamente sobre como lidou com as críticas ao longo da vida, o medo de “apanhar” de novo e a decolagem do voo solo.
Foi com leveza e resgatando anos de experiência musical que o artista usou suas dores, frustrações e euforias para se expor de maneira mais pessoal no novo projeto. “solo (vol. 1)” surgiu após um momento angustiante durante a pandemia, quando Junior foi “resgatado” pelo pai, Xororó. 10 canções foram escolhidas para o primeiro volume. “De Volta Pra Casa”, que traduz o sentimento de retorno às raizes no pop, é o carro-chefe, e já ganhou vídeo.
Solo e completo
De acordo com Junior, a turnê “Nossa História”, que protagonizou ao lado de Sandy em 2019, foi o gatilho para o processo. “Eu me senti muito bem ali, naquele ambiente, tanto musical, no sentido de pop, de me ver nesse contexto, dançando ou cantando ali na frente exercendo tudo o que eu já tinha aprendido”, afirmou.
“Eu sinto que nos outros projetos que eu tive após o término da dupla, eu sempre usei parcelas do que eu tinha a oferecer como artista, sabe? Em um, eu estava só como baterista. No outro, estava ali tocando umas coisas e produzindo, mas eu não cantava, não dançava…”, exemplificou, se referindo à banda Nove Mil Anjos, e ao duo de eletrônica “Manimal”. “E ali eu me vi existindo por completo e preenchido. Isso estava me preenchendo muito assim. Já desde os ensaios eu me percebi nesse contexto, com banda, com os amplificadores. Escolhendo guitarra, pedaleira, qual que vai ser o timbre para tal coisa, o que eu vou tocar aqui, o que fulano vai tocar”, relembrou.
A euforia de voltar aos palcos com o que amava fazer era tanta que ele mal conseguia dormir após os shows. “Na turnê, eu tinha profundas reflexões em cima do palco. Assim, durante o show: ‘Mano, o que eu estava fazendo longe disso?’, ‘Ah, esse é o meu lugar, eu sou isso’. E aí, eu ia embora pro hotel depois do show e não conseguia dormir, passava a madrugada inteira com a cabeça a milhão assim, mesmo, eu não conseguia dormir”, contou.
Foi então, em meio a tantas reflexões e adrenalina, que o Príncipe do Pop passou a elaborar a ideia do que se tornaria o pontapé inicial para seu projeto. “E aí, foi começando nas reflexões, e começou a me vir um pensamento: ‘E se eu fizesse uma parada assim?’, ‘E se eu encerrasse então o Manimal’, que era o meu projeto que eu tinha na época, em música eletrônica. E se eu encerrasse esse projeto, eu não posso sentir tudo isso e voltar para a mesma coisa que eu estava fazendo antes? Eu não sou mais a mesma pessoa que eu era no início dessa turnê“, pontuou.
O medo de fantasmas do passado
A série de shows exorcizou alguns demônios que Junior ainda carregava consigo, incluindo aí, as críticas da imprensa. “Isso começou a tirar um pouco alguns fantasmas que tinham ficado em mim da época de Sandy e Junior. Eu passei uns bons bocados em relação a críticas e tudo mais. E na época eu não lidava com isso. A minha maneira de lidar era ignorando tudo“, reconheceu. “Mas quando encerrou aquilo, no fundo estava me afetando e eu tive um período bem complicado de cabeça. Então tudo isso foi meio que me traumatizando um pouco e sabe quando você vai se fechando e ‘eu não quero, não vou falar disso, não vou lidar com esse cantor, não quero saber'”, confessou.
“Eu fui jogando pro canto, mas ao mesmo tempo eu não sei viver sem música. Então eu fui arrumando outros projetos, outras maneiras de viver isso. E…”, contou. “Você estava com medo? De voltar pro pop?”, questionou Bruno. “Sim, sim. Eu tinha medo, sim. Tinha os meus receios, medo de apanhar sem precisar. De tomar uma porrada que eu não queria tomar de novo”, admitiu. “E eu acho que isso se desmanchou ali na turnê assim, sabe? Acho que por isso que eu também estava tão feliz, pleno assim. Porque… Foi um processo de cura”, analisou ele.
No papo, o cantor não escondeu que teve altos e baixos em seu relacionamento com a imprensa, destacando que não sabe como tudo será daqui para frente. “A sua relação com a mídia sempre foi muito controversa em alguns momentos. Alguns momentos de amor, e outros momentos nem tanto porque tinha muita crítica. Como esse novo Junior vai lidar com a imprensa e com a mídia em geral?“, perguntou Bruno Rocha. “A gente vai descobrir juntos. Mas eu acho que é uma outra fase“, brincou.
“Tem uma coisa de estofo psicológico, que faz uma diferença muito grande. Hoje em dia, com quase 40 anos, é diferente de quando eu tinha 12... Então eu acho que a maturidade com certeza ajuda. E enfim, eu não fico me antecipando muito nisso não“, afirmou. “Até porque se eu fosse parar pra pensar nisso, talvez eu nem escolhesse fazer o trabalho, eu continuasse quietinho no meu canto, sabe? Então acho que eu vou descobrindo ao longo do tempo aí. Mas eu sei que hoje em dia eu tenho muito mais capacidade de lidar com as coisas”, comentou. “Eu tenho as minhas cicatrizes. Acho que as dores eu consegui resolver, mas as cicatrizes estão lá, mas agora eu sei onde tá marcado também, sabe?”, disse o irmão de Sandy.
Do céu ao inferno, e o resgate de Xororó
A pandemia também foi um momento delicado para o cantor. Além de precisar adiar o seu projeto, ele teve que lidar com um início de depressão e alguns sentimentos ruins. “Isso foi uma mola propulsora pra esse projeto novo? Porque eu vi que algumas músicas falam um pouco disso também. Como é que a sua saúde mental trabalhou nesse período para poder criar essa nova persona?”, indagou o jornalista. “Assim como muita gente que estava realmente acordado pro que estava acontecendo naquele período, eu fiquei bem mal. As coisas me abalavam de verdade”, recordou.
“É louco, porque depois de tanto tempo, quando eu finalmente tomei coragem e falei: ‘É isso que eu tenho que fazer. É agora, eu vou, eu vou, eu vou!’ O mundo parou, né”, lamentou. “Então aquilo pra mim foi uma puxada de tapete, tamanha assim. E eu fiquei muito amedrontado com a pandemia, com tudo isso de perder alguém. Então, foi muito do céu ao inferno, sabe?”, disse o músico.
“Foi um momento muito maravilhoso ali no final de 2019, a turnê, me senti decolando e aí me senti sendo jogado. Tudo se fechou, acabou, esquece, nada disso vai acontecer, tá ligado? E aí foi… Foi punk, cara. Eu fiquei uns meses ali, não querendo lidar com isso, sem encostar em nenhum instrumento”, confidenciou.
Junior se mudou de São Paulo na época e acabou se afastando um pouco da música. “A gente mudou pro nosso sítio. Eu saí de São Paulo, vim morar no meio do mato, aí abandonei minhas coisas, fiquei sem meu estúdio, fiquei só com um violão e tudo guardado em depósito, porque não tinha nenhum lugar para deixar as minhas coisas. E aí fiquei assim, foi puxado e só lidando com as notícias ruins e muito inconformado com tudo que eu via de notícia”, disse.
Mas alguém muito especial o ajudou na fase difícil. Xororó foi quem resgatou o filho. “Aí, um belo dia, meu pai me manda uma música: ‘Ó, filho, fiz isso aqui pensando em você'”, narrou. “É sempre o Xororó, né, gente?”, brincou Bruno. “Ah, o bichão é f*da! Ele é sagaz”, elogiou Júnior. “Aí eu peguei e comecei a ouvir e era o início todo da música que entrou no repertório, que é a ‘Sou’. Comecei a compor um monte, fiz quase 20 músicas, acho que 17 músicas. E aí entre elas tava essa que meu pai tinha mandado, aquela primeira ali e tal, outras que eu estava fazendo sozinho. E aí comecei a reunir parceiros depois de mais de um ano”, recordou.
E foi assim que nasceu o projeto “Solo”. Após um ano de composições sozinho, Junior convocou um time de peso, responsável por hits dos principais artistas nacionais. Eles fizeram um ‘camp’ de quase uma semana. “Juntando com as 17 lá que eu tinha, eu cheguei a 54 músicas”, revelou. Das 54 canções, ele lançará 23. “São dois interlúdios, mais 21 músicas no total”, esclareceu. As primeiras dez faixas, a gente já pode ouvir em “solo (vol. 1)”. As outras 13 serão conferidas no segundo volume do trabalho.
O que Sandy achou do disco
Questionado por Hugo Gloss, Junior explicou por que Sandy e Lucas Lima, parceiros dele em outros projetos, não apareceram dessa vez nos créditos de “solo”. “Não foi uma decisão pensada assim, meio que não rolou nos dias do camp. Eu acho que a Sandy não podia, ela tinha falado até de passar lá, mas ela também estava cheia dos projetos dela. Minha família toda tem uma agenda muito complexa. É difícil encontrar onde está todo mundo de boa vários dias seguidos. E o camp tinha essa característica”, explicou.
“A gente chegou a tentar escrever alguma coisa junto. Eu encomendei uma para ela. Aí ela me mandou alguma coisa. Não me acendeu nada assim de início. ‘Ah, não sei, acho que não’. E aí acabou não rolando“, acrescentou. Porém, Sandy não deixou de opinar sobre o novo projeto do irmão. “E o que ela falou do seu álbum?“, indagou Hugo Gloss. “Ela tá gostando muito, adorou, está felizona, está ansiosa para lançar logo. Eu acho que ela já deve ter ouvido tudo, mas assim, acho que não o suficiente“, revelou.
“Ela não está super íntima do disco ainda porque a gente não teve tanta oportunidade de ficar ouvindo assim. Meus pais estão mais por dentro, eu mando sempre os links para eles. Eles ficam ouvindo. Mas ela adorou, está super feliz, ansiosa, orgulhosa, muito fofa, a minha irmã é muito fofinha“, garantiu.
Volta aos palcos e músicas do tempo de dupla
E a pergunta que todo mundo queria saber aconteceu! “E show, hein? Já sabe data?“, questionou Bruno Rocha. “Ano que vem, né? Não tem data, nada disso. Não tenho nenhum show montado ainda. Tô primeiro focado no lançamento, mas assim, babando já de ansiedade por esse momento. Pela chegada dessa fase que é outra parte que me atrai muito, me encanta muito, mas ano que vem. Ano que vem. Em breve“, garantiu.
“Você acha que você vai cantar músicas de Sandy e Junior no seu show?“, perguntou o jornalista. “Caraca, você já foi lá na frente! Acredito que sim. Acho que uma coisa ou outra que se encaixe nessa fase, acho que não tem porquê não, também“, concluiu.
Assista à entrevista completa:
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