Não é apenas em seus ensaios fotográficos que Liam Payne se expõe ao mundo. Capa da edição britânica da GQ deste mês, o astro abriu o jogo e tocou em feridas que marcaram sua carreira. A voz de “Strip That Down” voltou aos tempos da saída brusca de Zayn Malik do One Direction, revelando um detalhe polêmico do processo, mas também abordou tópicos mais sensíveis, como sua própria depressão e os problemas de ansiedade de seu ex-colega de grupo.
Questionado sobre mágoas dos anos do One Direction, Liam se lembrou do desligamento inesperado do integrante. “Eu acho que com a saída particular do Zayn e o jeito que escolheu partir, nós não ouvimos nada da boca dele desde que ele saiu. Ele nem mesmo disse adeus, para ser honesto. Foi um cenário realmente sórdido, pro nosso lado, certamente. Um pouco estranho. É difícil”, admitiu Payne.
Entretanto, as suas divergências parecem ter ficado no passado. “Nós tivemos nossas diferenças com algumas coisas ao longo de toda a experiência. Eu ainda penso sobre algumas coisas que foram ditas e feitas que eu faria de forma diferente hoje, mas isso tudo faz parte do crescimento. Estar no One Direction foi como uma baita mentalidade de pátio de escola, de alguma forma – a Universidade One Direction, é assim que gosto de chamar…. Agora que nós somos mais velhos, certamente tem coisas com as quais não me preocupo mais”, disse.
Liam também comentou sobre o drama vivido por Zayn – as crises de ansiedade que já levaram a voz de “Pillowtalk” a cancelar várias apresentações. “Zayn ama a música e ele é um talento incrível. Ele genuinamente era o melhor cantor do One Direction, eu juro, de todos nós. Mas para ele chegar ao ponto em que, você sabe, ele não consegue pisar num palco? Isso é bem pesado”, afirmou o músico.
Mas Payne vê motivos para celebrar o sucesso do amigo. “Ele está indo bem. Os números dele nos streamings são absurdos, mas eu acho que ele perde um pouco o lado da performance, sabe? Ele parece não conseguir superar essa parte”, palpitou.
Liam gostaria de ter ajudado Zayn no passado, no entanto, não sabia como lidar com a situação. “Eu não queria que ele sentisse que estava passando por tudo isso sozinho de alguma forma, ou que todos nós estávamos ausentes para entendê-lo. Nós somos as únicas pessoas que sabem o que você está passando”, se justificou o cantor.
“As únicas cinco pessoas que sabem pelo que você está passando estavam todas em uma sala uma vez, e você saiu – justo – mas você não quer que ninguém passe por coisas tão ruins sem nenhuma razão. Mas isso chegou num ponto em que eu não saberia como começar a conversar com o Zayn. Eu espero que ele esteja cercado de boas pessoas, mas eu não sei se, nesse estágio, tem algo que o resto de nós possa resolver”, adicionou.
Durante a conversa, Liam acabou entrando em mais um tópico delicado: sua própria depressão, agravada pelo abuso de álcool. “Tinha muita coisa. Eu estava bebendo muito e entrando em situações muito, muito ruins por um certo tempo, na verdade. E eu atingi um pico em que eu sabia que a bebida iria me pegar”, recordou o artista. “Passei muito tempo bebendo para escapar do mundo louco que criei para mim mesmo. Não sabia o que estava acontecendo”, continuou.
Nessas condições, o artista decidiu buscar um tratamento: “Eu frequentei a terapia por alguns anos até que eu parei. Eu meio que comecei a agir de forma um pouquinho descontrolada e só não conseguia realmente perceber o que estava me deixando triste. […] Aquela primeira sessão de terapia e estar tipo, ‘Eu não sei nem mesmo o que eu gosto ou qualquer coisa sobre mim’, foram coisas muito assustadoras”.
A terapia também o fez lidar com questões internas. “Eu estava com medo do quanto minha carreira estava indo longe e que isso poderia ir ainda mais além. Você pode dizer, ‘Quem tem medo do sucesso?’. Mas é isso o que se exige às vezes. O sucesso pegou o melhor de mim em mais de uma ocasião. Quando estou perdendo, eu tendo a me concentrar mais”, revelou o músico.
Além do tratamento, Liam resolveu abandonar as bebidas alcoólicas e teve um ótimo resultado. “Fiquei sóbrio por um ano, cortando para que o único vício fosse o cigarro. Eu não planejei ficar sóbrio pra sempre, era mais importante para mim dizer que, na verdade, eu não precisava beber. Eu queria provar. Eu fiz isso o ano todo, completamente sem encher a cara, e isso tornou minha vida melhor”, relembrou.
Passadas as turbulências, agora o astro busca balancear suas escolhas. “De uma forma estranha, ainda estou tentando compreender tudo isso e encontrar o equilíbrio entre ser um festeiro, e ser um animal de academia – o último sem fazer piada mesmo. Estamos todos em falta; todos precisamos de equilíbrio”, declarou ele.