A atriz Meryl Streep voltou a falar sobre as acusações contra Harvey Weinstein e o crescente movimento para combater a má conduta sexual no mundo. Promovendo seu novo filme “The Post”, a diva concedeu uma entrevista ao The New York Times, que foi divulgada nesta quarta-feira (03).
Na conversa, a vencedora do Oscar contou que precisou de um tempo para se manifestar sobre o caso, quando surgiram as primeiras acusações contra o magnata. “Eu fiquei sabendo sobre isso numa sexta-feira e fui para casa cuidar da minha própria vida. E então alguém me disse que no [programa] ‘Morning Joe’ eles estavam gritando que eu ainda não tinha comentado. Eu não tenho essa coisa de Twitter, ou seja lá o que for. E não tenho Facebook. Eu realmente tinha que pensar, porque realmente sublinhou a minha falta de conhecimento (…)“, disse ela. “Você faz filmes. Você acha que sabe tudo sobre todos. Tanta fofoca. Você não sabe nada. As pessoas são tão incompreensíveis num determinado nível. E é um choque. Algumas das minhas pessoas favoritas foram derrubadas por isso, e ele [Weinstein] não é uma delas“, continuou ela.
Ao falar sobre o período em que ficou sem se manifestar, a veterana aproveitou para cobrar um posicionamento de mulheres próximas ao presidente Donald Trump. “Eu não quero ouvir sobre o meu silêncio. Eu quero ouvir sobre o silêncio de Melania Trump. Eu quero ouvir dela. Ela tem tanta coisa valiosa pra dizer. E também a Ivanka [Trump]. Eu quero que ela fale agora“.
Ela ainda revelou que sofreu abusos no início de sua carreira, mas não quis entrar em detalhes. “Tive algumas experiências, principalmente quando era jovem e bonita. Ninguém vem até mim agora, então não aconteceu recentemente. Mas no passado, quando todo mundo estava cheirando cocaína, havia muito comportamento que era indesculpável. Mas agora que aquelas pessoas estão mais velhas, e mais sóbrias, sinto que tenho que perdoar“, contou.
Meryl, que trabalhou com Weinstein em filmes como “A Dama de Ferro” e “Álbum de Família”, divulgou uma declaração na época das acusações, afirmando que elas eram “indesculpáveis” e que não tinha conhecimento dos “atos impróprios e coercivos” dos quais o poderoso produtor foi acusado. “Bem, sinceramente, em termos de Harvey, eu realmente não sabia“, disse ela ao jornal. “Eu sabia que ele tinha algumas namoradas. Mas quando ouvi rumores sobre atrizes, achei que era uma maneira de denegrir a atriz e sua habilidade para conseguir emprego. Isso me deixou enfurecida. Eu não sabia, de qualquer maneira, que ele estava abusando de pessoas. Ele nunca me convidou a um quarto de hotel. Não sei como sua vida foi conduzida sem que as pessoas soubessem intimamente sobre isso“, acrescentou.
Recentemente, a atriz respondeu sobre Rose McGowan, uma das vítimas de Harvey, ter criticado as atrizes que decidiram usar preto no próximo Globo de Ouro, em especial Meryl. Ela também foi alvo de um protesto no qual foram colados cartazes com uma foto dela e do magnata acompanhada do texto “Ela sabia”, sobre os olhos de Meryl. O movimento, segundo o The Hollywood Reporter, foi liderado pela artista Bárbara Kruger e questionou o “silêncio” da premiada estrela no período em que trabalhou com Weinstein.