Mulheres temem pelo futuro e revelam absurdos após volta do Talibã ao Afeganistão: “Estou chorando dia e noite”

Taliba

Uma ex-embaixadora da Juventude da ONU, Aisha Khurram, compartilhou na manhã deste domingo (15) em seu Twitter, algumas atualizações sobre o estado de angústia e medo em que as mulheres do Afeganistão se encontram no momento. Neste final de semana, o Talibã tomou o palácio presidencial em Cabul e está prestes a reconquistar o controle total do país asiático.

Alguns professores se despediram de suas alunas quando todos foram evacuados da Universidade de Cabul nesta manhã … e talvez não tenhamos nossa formatura assim como milhares de alunos em todo o país…“, escreveu Aisha. Lotfullah Najafizada, chefe do serviço de notícias afegão Tolo News, postou também no Twitter uma foto de um homem cobrindo de tinta imagens de mulheres pintadas em um muro de Cabul.

Lotfullah Najafizada Afeganistao Cabul
Muros sendo pintados no Afeganistão. (Foto: Reprodução/ Twitter)

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Mais de 250 mil pessoas foram deslocadas pelos combates e tentaram encontrar refúgio na capital do país, e algumas que fugiram de áreas controladas pelo Talibã contaram que os militares obrigaram as famílias a entregar meninas e mulheres solteiras para se tornarem esposas dos combatentes.

Muzhda, mulher solteira de 35 anos que fugiu de Parwan para Cabul com suas duas irmãs, afirmou que preferiria tirar a própria vida do que permitir que o grupo terrorista a obrigasse a se casar. “Estou chorando dia e noite“, disse ela à agência de notícias AFP. Essas mulheres relataram ainda que foram forçadas a usar burca, vestimenta que cobre todo o corpo e tem uma pequena tela na altura dos olhos para permitir a visão.

Militares já chegaram a espancar civis por desobedecerem as regras sociais. Em 1990, a vida sob comando do Talibã forçou mulheres a usarem a peça de roupa e meninas com mais de 10 anos não tinham direito a educação. Em entrevista à BBC, integrantes do grupo relataram que querem impor novamente a sua versão da sharia, a lei islâmica, que permite apedrejamento por adultério, amputação de membros por roubo e proibição de meninas com mais de 12 anos de ir à escola.

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Tomada de Cabul

Neste domingo (15), integrantes do Talibã tomaram o palácio presidencial em Cabul, capital do Afeganistão. Funcionários do governo, inclusive o ex-presidente Ashraf Ghani, que fugiu do país, desocuparam o prédio durante a tarde. Segundo a rede Al Jazeera, um dos combatentes afirmou que a cidade parecia diferente do passado. “Proteger Cabul é uma responsabilidade enorme. É diferente da cidade que deixamos há 20 anos”, disse ele.

Um oficial de segurança do grupo alegou que “nenhum sangue foi derramado” na mudança no controle do palácio e que há uma “transferência pacífica de instalações governamentais em andamento em todo o país“. Esse é o resultado de uma ofensiva “relâmpago” organizada pelo Talibã para dominar as principais cidades do Afeganistão. Ainda hoje, os militantes tomaram o controle de Jalalabad, cidade importante no leste do país, sem nenhuma resistência.

Segundo a imprensa internacional, a capital da província central de Daykundi, Nili, também se rendeu sem dificuldades. O grupo ainda afirmou ter assumido controle do campo de aviação e da prisão de Bagram, nos arredores de Cabul.