A atleta de nado artístico da seleção brasileira, Gabi Regly, repudiou as falas de Guilherme Beltrão em uma transmissão da CazéTV, nesta quinta-feira (1º). Em um vídeo no Instagram, ela rebateu o comentarista, que afirmou sobre alguns atletas brasileiros da modalidade irem para as Olimpíadas de Paris 2024 para “comer gente”.
Beltrão participava do programa “Zona Olímpica”, que aborda os bastidores da Vila Olímpica, quando soltou: “A Adenizia [Ferreira] é campeã olímpica, ela realmente importa para a competição. O ‘camarada’ do nado sincronizado, que não tem chance de medalha, tem que ir por dois objetivos: se superar e comer gente”.
O humorista Fábio Porchat também participava da atração e deu risada do comentário, assim como outros integrantes que estavam no estúdio. “É claro que é! A maior distribuição de camisinhas da história”, afirmou ele. Indignada, Gabi falou sobre a rotina exaustiva de treinos e algumas mudanças feitas pelo comitê olímpico, que dificultou a ida para o pódio nestes jogos.
“Eu vi e fiquei extremamente revoltada, indignada com as falas infelizes que o Beltrão teve, em que ele diz que o atleta de nado não tem chance de medalha na olimpíada. Realmente, hoje, eu também acredito que não tenha. Eu sou uma atleta que disputei a vaga olímpica, infelizmente a World Athletics mudou as regras de Tóquio 2020, e a gente não conseguiu a vaga para Paris. A gente conseguiria se fosse em Tóquio”, explicou a nadadora.
“E o Beltrão disse que a gente vai para a Vila Olímpica para ‘comer gente’. Isso é um completo absurdo, uma falta de respeito com o atleta, com a gente. A gente treina em uma seleção brasileira pra disputar um [campeonato] Pan-Americano, pra disputar um Mundial, um Sul-Americano mais de oito horas por dia. A gente treina muito. Ficamos tão cansados, que não conseguimos sair pra jantar com a nossa família no fim do dia. É extremamente desgastante, pra representar o nosso país”, ressaltou Gabi.
Em seguida, ela reagiu à afirmação de Guilherme sobre os atletas não terem chance de subir ao pódio. “Por mais que a gente não tenha chance de [ganhar] medalha em Olimpíada, a gente está brigando para representar o nosso país. Seja numa olimpíada, num Mundial, num Pan-Americano”, continuou.
A brasileira chegou a recordar as vitórias que teve em sua carreira ao lado da parceira Laura Micucci. Juntas, elas foram medalhistas de bronze no Pan-Americano de Santiago do ano passado, mas o dueto não conseguiu se classificar para Paris. “Fruto de todo o nosso tempo de treino, de toda a nossa dedicação de ano”, salientou.
“Para você estar assistindo às Olimpíadas e ouvir na transmissão que atletas de nado sincronizado vão para a vila para ‘comer gente’. Não sei nem falar, dá vontade de chorar. Só a gente que é atleta sabe por tudo o que a gente passa. Por tudo que a gente passou para conseguir uma medalha no Pan-Americano, por tudo que a gente passou para tentar uma vaga olímpica. Escutar isso é muito difícil, um absurdo. É uma falta de respeito tremenda”, ponderou Regly, já com a voz embargada.
A nadadora seguiu falando sobre a dedicação que todos colocam no esporte. “Nossa vida gira em torno do esporte. Ano passado, tentando disputar a vaga olímpica, a gente acordava, ia treinar, dormia. Passava mais tempo na piscina do que na minha cama, na minha casa. Eu passava mais tempo com as atletas que com minha família. É muito triste escutar isso. E eu tenho certeza que toda a comunidade do nado artístico pensa o mesmo que eu. Isso é um absurdo”, ponderou.
“Então, não, a gente não vai a nenhuma competição para ‘comer gente’. A gente vai pra representar o nosso país, pra dar o nosso melhor, pra fazer história como muitos atletas estão fazendo nessa olimpíada. Se eu fosse para Paris ou se for para Los Angeles, não seria para isso, seria para tentar fazer história”, finalizou Gabi. Até o momento, Guilherme Beltrão não se pronunciou sobre o ocorrido.
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