Hugo Gloss

Olimpíadas 2024: Boxeadora argelina quebra silêncio sobre polêmica após garantir medalha: ‘Eu sou mulher’; assista

Getty

Imane Khelif se pronunciou, pela primeira vez, após a polêmica envolvendo o seu gênero nas Olimpíadas de Paris. Neste sábado (3), a boxeadora argelina abordou o assunto depois de superar a húngara Anna Luca Hamori nas quartas de final e conquistar a primeira medalha de seu país nos Jogos. “Quero dizer ao mundo que sou mulher“, declarou.

A atleta venceu a adversária na categoria até 66kg do boxe feminino e já garantiu a medalha de bronze para a Argélia. Ela buscará a vaga na final na terça-feira (6), contra a tailandesa Janjaem Suwwannapheng. Bastante emocionada, Khelif foi ovacionada pelo público e recebeu o carinho de seus treinadores após deixar o ringue. Veja:

Em seguida, a argelina falou com a imprensa sobre a conquista da medalha. “Dedico esta medalha ao mundo e a todos os árabes. E eu digo a vocês: ‘Vida longa à Argélia!“, anunciou ela, segundo a NBC News. Com uma bandeira do país africano, a pugilista, então, abordou a polêmica envolvendo o seu gênero.

Eu quero dizer ao mundo que eu sou uma mulher e continuarei sendo uma mulher“, afirmou. Khelif também criticou a reprovação em ‘teste de gênero’ que sofreu pela Associação Internacional de Boxe. “É uma questão de dignidade e honra para todas as mulheres. Todo o povo árabe me conhece há anos. Durante anos, eu lutei boxe em competições internacionais, eles (a federação internacional) foram desonestos comigo. Mas eu tenho Deus“, declarou ela à beIN Sports. Assista:

Polêmica sobre o gênero

A participação de Khelif nesta edição das Olimpíadas repercutiu na mídia após sua adversária, Angela Carini, abandonar a luta das oitavas de final. Depois da polêmica, Carini se pronunciou e pediu desculpas à adversária. “Não foi intencional, na verdade peço desculpas a ela e a todos. Fiquei com raiva, porque meus jogos já tinham virado fumaça. Não tenho nada contra Khelif e, pelo contrário, se a encontrasse novamente, daria um abraço“, admitiu a italiana ao “La Gazzetta dello Sport”.

No ano passado, tanto a argelina quanto a taiwanesa Lin Yu-ting foram desclassificadas do campeonato mundial de boxe, em Nova Delhi, na Índia, por apresentarem níveis elevados de testosterona em seus sistemas. Igor Kremlev, presidente da Associação Internacional de Boxe (IBA), disse à agência de notícias russa Tass que os testes de DNA das atletas indicaram “que elas tinham cromossomos XY e foram, portanto, excluídas dos eventos esportivos“. O presidente ainda afirmou que foram identificadas “várias atletas que tentaram enganar as colegas e se fingir de mulheres“.

Carini abandonou a luta contra Imane nas oitavas de final em Paris. (Foto: Getty)

Em junho daquele ano, o COI anunciou que a IBA estava banida do circuito olímpico por falhas recorrentes em integridade e transparência na governança, acusada de manipulações de resultados e corrupção. Após a vitória da argelina, alguns famosos criticaram o Comitê Olímpico Internacional nas redes sociais. O Comitê Olímpico da Argélia também se manifestou sobre os comentários e publicações a respeito do gênero de Khelif. Saiba mais detalhes, clicando aqui.

Diferente das informações falsas compartilhadas nas redes, a pugilista nunca se declarou publicamente uma mulher transgênero. Na verdade, ela é uma pessoa com variação intersexual. A argelina nasceu com uma condição em que apresenta os órgãos genitais femininos, mas tem cromossomos sexuais XY (que determinam o sexo masculino) e níveis de testosterona no sangue compatíveis com o corpo masculino.

Sair da versão mobile