Caio Bonfim fez história, nesta quinta-feira (1°), ao conquistar a primeira medalha do Brasil na marcha atlética 20km em uma Olimpíada. Para alcançar a prata inédita nos Jogos Olímpicos em Paris, o brasiliense precisou superar diversos problemas de saúde, incluindo uma meningite quando ainda era bebê e duas graves pneumonias.
O atleta de 33 anos teve a meningite com apenas 7 meses de idade. A intolerância à lactose, que o impedia de beber leite ou comer derivados, o deixou com os ossos frágeis. E sem a suplementação adequada de cálcio, as suas pernas ficaram tortas e arqueadas na infância.
Os pais de Caio, que também praticavam marcha atlética, decidiram operá-lo aos 3 anos, em Sobradinho, no Distrito Federal, com o médico Álvaro Nomura. Em entrevista ao g1, o profissional comentou a conquista da medalha de seu antigo paciente. “O Caio, para mim, é uma história de superação“, reconheceu ele.
“Essas conquistas do Caio, para um profissional de saúde que cuidou dele quando criança, é a maior recompensa que eu recebo. Eu acredito, e vou dizer a ele, que eu tenho um pedacinho daquela medalha“, disse Nomura, aos risos. Assista:
Médico de Caio Bonfim fala sobre a conquista da medalha de prata pic.twitter.com/siYZ0zSCR9
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) August 2, 2024
A cirurgia e, posteriormente, o uso de gesso realinharam as pernas do medalhista olímpico. “Nós alinhamos a posição correta e mantivemos essa posição dentro do gesso até a consolidação“, explicou Nomura.
O médico também compartilhou o momento em que a mãe e treinadora de Caio, Gianetti Sena Bonfim, perguntou se o filho tinha possibilidade de ser um atleta. “Me lembro na época, a Gianetti me perguntou se ele iria ser um atleta de alto desempenho. Eu falei que a gente estava operando o Caio para ele caminhar bem“, acrescentou.
O brasiliense, por sua vez, conseguiu caminhar e, com o passar dos anos, se especializou na marcha atlética. A edição dos Jogos Olímpicos de Paris é a quinta na carreira de Bonfim. Ele já esteve nas Olimpíadas de Londres, em 2012, do Rio de Janeiro, em 2016, e de Tóquio, em 2020. No entanto, foi na França que ele conquistou a primeira medalha.
“Ele me disse que queria seguir nessa atividade até os 40 anos. Aos 33, ele consegue uma medalha de prata, e eu acredito que ele vai para Los Angeles [nas Olimpíadas de 2028]”, completou Nomura.
Durante a prova, o brasileiro esteve entre os líderes em vários momentos. Embora tenha recebido duas punições na reta final, ele fez o tempo de 1h19m09s, ou seja, apenas 14 segundos atrás do equatoriano Brian Daniel Pintado, que levou o ouro. Embora Caio e os outros dois atletas tenham subido ao pódio após a disputa, eles só deverão receber as medalhas no estádio olímpico. Saiba mais detalhes, clicando aqui.