Plácido Domingo, um dos homens mais conhecidos e poderosos da ópera, foi acusado de assédio sexual por nove mulheres segundo a agência “The Associated Press”. Outras fontes entrevistadas pela publicação ainda confirmaram o comportamento sexual inadequado do diretor da Ópera de Los Angeles.
Oito cantoras e uma dançarina relataram à agência que foram assediadas pelo músico espanhol durante encontros que aconteceram nas últimas três décadas, começando no final dos anos 1980, em lugares como camarins, um restaurante, um hotel e várias companhias de ópera nas quais ele tinha posições de prestígio. A maioria delas era jovem e estava começando a carreira na época.
Uma das vítimas disse que Domingo teria colocado a mão por baixo da sua saia e outras três disseram que ele as beijou sem consentimento. “Um almoço de negócios não é estranho. Alguém tentando segurar a sua mão durante um almoço de negócios é estranho – ou colocando a mão no seu joelho é um pouco estranho. Ele sempre ficava tocando em você de algum jeito e sempre dava beijos”, relembrou uma das cantoras.
Sete das nove profissionais contaram à agência que sentiram que suas carreiras seriam negativamente impactadas caso rejeitassem os avanços do músico. Algumas, inclusive, disseram que os papéis que ele prometeu nunca se materializaram e todas falaram que nunca mais foram contratadas para trabalhar com ele.
Apenas uma delas permitiu que seu nome fosse divulgado, Patricia Wulf, meio-soprano que cantou com Plácido na Ópera de Washington. Outras mulheres pediram anonimato, dizendo que ainda trabalham no meio e que tinham medo de represálias ou se preocupavam em ser publicamente humilhadas ou perseguidas.
Além das que o acusaram de assédio, outras seis mulheres contaram à “AP” que várias atitudes de Domingo as deixaram desconfortáveis, incluindo uma cantora que disse que ele repetidamente a chamava para encontros depois de contratá-la para uma série de shows com ele nos anos 1990.
A agência ainda conversou com quase três dúzias de outras cantoras, dançarinas, musicistas de orquestra, equipe de bastidores, professoras vocais e administradoras que confirmaram ter visto comportamento sexual inapropriado de Plácido e disseram que ele perseguia mulheres mais jovens com impunidade.
O tenor, casado desde 1962 e vencedor de diversos Grammys, não respondeu a perguntas específicas, mas emitiu um comunicado à agência dizendo que as alegações eram imprecisas e que sempre acreditou ter tido relações consensuais. Leia abaixo:
“As alegações desses indivíduos sem nomes, de até trinta anos atrás, são profundamente preocupantes e, como apresentadas, imprecisas. Ainda assim, é doloroso ouvir que eu possa ter chateado alguém ou feito alguém se sentir desconfortável – não importa quanto tempo atrás ou apesar das minhas melhores intenções. Eu acreditava que todas as minhas interações e relacionamentos eram sempre bem-vindos e consensuais. As pessoas que me conhecem ou que trabalharam comigo sabem que não sou alguém que intencionalmente prejudicaria, ofenderia ou envergonharia alguém.
Entretanto, eu reconheço que as regras e padrões em que nós fomos – e deveríamos ser – medidos contra são muito diferentes dos que existiam no passado. Eu sou abençoado e privilegiado por ter tido uma carreira de mais de 50 anos na ópera e vou me manter nos mais altos padrões.”