Hugo Gloss

Russos medalhistas olímpicos em Tóquio tiveram destinos entrelaçados em tragédia em escola na infância

Fotojet (22)

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Os Jogos de Tóquio já acabaram, mas as histórias de vários atletas seguem nos emocionando muito. Os russos Artur Naifonov e Zaurbek Sidakov são dois exemplos disso. Agora medalhistas olímpicos, ambos foram colegas de classe e guardam memórias aterrorizantes do dia 1º de setembro de 2004. Nessa data, a escola primária onde estudavam, em Beslan, foi alvo de um massacre que deixou 334 pessoas mortas. Meu Deus…

Segundo informações do jornal local, Meduza, o prédio principal do colégio foi ocupado por homens da Chechênia fortemente armados, que usavam também coletes com bombas. Os criminosos fizeram 1128 pessoas – crianças, seus pais e funcionários da instituição – reféns. O ataque terrorista, que perdurou por dois dias e meio, resultou em 783 feridos e 333 mortos, sendo 186 dessas vitimais fatais, crianças.

A mãe de Arthur, Svetlana, foi uma das tantas que perderam a vida na tragédia. O menino, que tinha sete anos na época, e a irmã de dez, Sabina, sofreram ferimentos devido aos estilhaços de bombas. De acordo com o personal trainer de Naifonov, os irmãos só conseguiram escapar com a ajuda da mãe. “A mãe de Arthur faleceu. Mas foi graças a ela, que ele e sua irmã conseguiram sair daquela escola vivos. Provavelmente, há algo destinado a ele ainda nesta vida“, comentou. Já Zaurbek, por sorte, não compareceu ao colégio no fatídico dia. O atentado aconteceu três dias após o fim dos Jogos Olímpicos de Atenas. Os chechenos exigiam a retirada das tropas russas do país e o reconhecimento da independência da região.

Dezessete anos mais tarde, os dois sobreviventes participaram das Olimpíadas de Tóquio e reescreveram a história. Arthur ficou com o bronze na modalidade luta livre até 86kg, enquanto Zaurbek faturou o ouro, na categoria de 74 kg. “Decidi por mim mesmo que se eu conseguisse uma grande vitória na luta, com certeza a dedicaria a todos aqueles que sofreram no atentado terrorista na cidade de Beslan. Eu consegui, então mantive minha palavra”, declarou Sidakov, à publicação.

Rússia condenada

Em 2017, a Rússia foi condenada pela Corte Europeia de Direitos Humanos por “não ter tomado as medidas adequadas” para prevenir o ataque e, consequente, a morte das 333 pessoas na escola de Beslan, em 2004. Como consequência, o país teve de pagar uma multa no valor de 3 milhões de euros. Nenhum oficial, no entanto, foi condenado individualmente pelas vidas perdidas. Ainda de acordo com os magistrados, o governo russo também errou nas atitudes tomadas durante o ataque.

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