O vocalista do Aerosmith, Steven Tyler, foi acusado no fim do ano passado, de abusar sexualmente de uma menor de idade em meados de 1973. Agora, o roqueiro negou o abuso e pediu o arquivamento do processo contra ele.
Segundo informações da Rolling Stone, Tyler apresentou uma longa resposta às acusações, feitas em um processo aberto em dezembro de 2022 por Julia Misley, anteriormente Julia Holcomb. À Justiça, a defesa do cantor argumentou que a autora “consentiu em seu relacionamento sexual” e, ainda, que Steven teria imunidade, pois era o tutor legal dela na época.
Nos documentos, Tyler apontou que Misley “não sofreu nenhum ferimento ou dano como resultado de qualquer ação do réu”. O músico observou, ainda, que “se for determinado que a Autora foi ‘prejudicada’, então tais danos não foram causados pelo Réu”.
A resposta veio à tona três meses depois que Julia acusou o roqueiro de abuso sexual, agressão sexual, bem como imposição intencional de sofrimento emocional. A mulher já havia falado publicamente sobre seu relacionamento com Steven no passado. O músico também admitiu em sua autobiografia, “Does the Noise in My Head Bother You?” (“O ruído em minha cabeça o incomoda?”, em português), publicada em 2004, que teve relacionamento com uma garota de 16 anos, até então não identificada.
Em certo trecho, a voz de “I Don’t Wanna Miss A Thing” confessou que “quase teve uma noiva adolescente”, pois “os pais dela se apaixonaram por mim [e] assinaram um papel para que eu tivesse a custódia, para que eu não fosse preso se a levasse para fora do estado”.
Na ação judicial – aberta apenas alguns dias antes do prazo de prescrição para denúncias de crimes de abuso sexual infantil expirar – Misley disse que a estrela do rock “praticou vários atos de conduta sexual criminosa” contra ela. O advogado de Misley, Jeff Anderson, criticou a defesa do roqueiro, dizendo que ele está “usando uma tutela legal falsa para evitar processos por crimes sexuais“.
“Tyler está acumulando mais dor em Misley e usando práticas do gaslighting ao alegar falsamente que ela ‘consentiu’ e que a dor que ele a infligiu foi ‘justificada e de boa-fé'”, disse Anderson, em comunicado à Rolling Stone. “Nunca encontramos uma defesa legal tão desagradável e potencialmente perigosa quanto a que Tyler e seus advogados lançaram esta semana: a alegação de que a tutela legal é consentimento e permissão para abuso sexual”, concluiu.
Relembre o caso
No dia 29 de dezembro, Julia Holcomb entrou na Justiça norte-americana contra Steven Tyler. A vítima compartilhou que começou um relacionamento sexual com o vocalista do Aerosmith em 1973, logo após seu aniversário de 16 anos. Na época, Tyler teria 25 anos. Ela alegou, ainda, que ele a forçou a realizar um aborto durante o relacionamento na década de 1970. Ao tribunal, Misley disse que Tyler a “coagiu e persuadiu” a acreditar que eles tiveram “um caso de amor romântico”.
No processo, a mulher alegou ter conhecido o músico em um show do Aerosmith em Portland, nos EUA, onde ela morava. Ele teria a levado de volta para seu quarto de hotel após o evento. Depois de uma conversa sobre a vida familiar conturbada da fã, Tyler, mesmo sabendo de sua idade, supostamente teria “realizado vários atos de conduta sexual criminosa” com ela. Julia afirmou, ainda, que ele a mandou de volta para casa em um táxi pela manhã.
O rockeiro a teria a levado para o show seguinte do Aerosmith, em Seattle, quando supostamente realizou novos atos sexuais com Julia, antes de levá-la para Portland. Em 1974, Tyler teria convencido a mãe da garota, então com 17 anos, a permitir que ele se tornasse seu tutor legal, supostamente prometendo garantir que ela seria cuidada e matriculada na escola enquanto o acompanhava em turnê.
Mas, de acordo com o processo, Steven “não cumpriu significativamente essas promessas” e, ao invés disso, “continuou a viajar, agredir e fornecer álcool e drogas” a ela. Já em 1975, a mulher declarou ter engravidado de Tyler. No entanto, o vocalista teria insistido que ela interrompesse a gravidez, ameaçando parar de apoiá-la financeiramente caso ela não seguisse em frente com o procedimento.
Após o aborto, Holcomb diz ter deixado Tyler e retornado para Portland para “começar uma nova vida” como católica devota.
Holcomb também apontou na documentação que a biografia de Tyler a sujeitou à “infâmia involuntária”, enquanto Steen pintava a falsa imagem de um “relacionamento romântico e amoroso” entre eles. Ela também observou que foi mencionada nos agradecimentos do livro de memórias (supostamente sem consentimento) sob o nome de Julia Halcomb, o que pode ser um erro ortográfico.