Timothée Chalamet diz que doará salário que recebeu em filme de Woody Allen

O muso Timothée Chalamet, que vive o jovem Elio no elogiado “Me Chame Pelo Seu Nome”, usou seu Instagram nesta terça-feira (16) para comentar a polêmica envolvendo o cineasta Woody Allen, com quem ele trabalhou no filme “A Rainy Day in New York”. Segundo o ator, ele doará o salário que recebeu no longa a instituições de caridade que combatem a desigualdade e o preconceito.

Este ano mudou a forma como eu vejo e me sinto em relação a muitas coisas; tem sido empolgante e, em alguns momentos, esclarecedor. Até este momento, eu escolhi projetos sob a perspectiva de um jovem ator tentando seguir os passos de experientes atores os quais eu admiro. Mas estou aprendendo que um bom papel não é o único critério para se aceitar um trabalho – isso ficou muito claro para mim nos últimos meses, tendo testemunhado o nascimento de um poderoso movimento com a intenção de acabar com a injustiça, a desigualdade e, acima de tudo, o silêncio.

Fui questionado em algumas recentes entrevistas sobre minha decisão de trabalhar num filme com Woody Allen no verão passado. Eu não posso responder diretamente a essa pergunta por obrigações contratuais. Mas o que posso dizer é: eu não quero lucrar com meu trabalho neste filme e, com este propósito, vou doar todo o meu salário a três instituições de caridade: TIME’S UP, The LGBT Center em Nova York e RAINN. Eu quero ser digno de ficar lado a lado dos corajosos artistas que estão lutando para que todas as pessoas sejam tratadas com o respeito e a dignidade que merecem“, escreveu ele na publicação.

Chalamet está entre as estrelas que tem se distanciado do diretor, enquanto as denúncias de assédio sexual ganham força na indústria do entretenimento. Woody Allen foi acusado de abuso sexual pela filha Dylan Farrow quando criança. Ela chegou a falar sobre o caso numa carta aberta enviada ao The New York Times, em 2014, criticando a força que o cineasta tinha em Hollywood. Ela também retomou o assunto numa coluna do Los Angeles Times, publicada em dezembro do ano passado, questionando o porquê do movimento #MeToo ter deixado o diretor de fora das denúncias de assédio e convocando atrizes como Greta Gerwig e Kate Winslet para denunciar o cineasta.

The day after the Weinstein accusation broke in full force I was shooting a day of work on Woody Allen’s latest movie in New York. I couldn’t have imagined somewhere stranger to be that day. When asked to do so, some seven months ago, I quickly said yes. He gave me one of my first significant roles in film for which I have always been grateful, it was one day in my hometown – easy. I have, however subsequently realized there is nothing easy about any of this. In the weeks following I have thought very deeply about this decision, and remain conflicted and saddened. After reading and re-reading Dylan Farrow’s statements of a few days ago and going back and reading the older ones – I see, not only how complicated this matter is, but that my actions have made another woman feel silenced and dismissed. That is not something that sits easily with me in the current or indeed any moment, and I am profoundly sorry. I regret this decision and wouldn’t make the same one today. It’s a small gesture and not one intended as close to compensation but I’ve donated my wage to @timesup. I’ve also signed up, will continue to donate, and look forward to working with and being part of this positive movement towards change not just in Hollywood but hopefully everywhere. #timesup

Uma publicação compartilhada por Rebecca Hall (@rebeccahall) em

Na última sexta (12), a atriz Rebecca Hall, que contracenou com Chalamet no filme de Woody Allen, já havia se posicionado a favor de Farrow, afirmando que doaria seu salário para o movimento Time’s Up, que luta pelo fim dos assédios e dá apoio às mulheres que já sofreram qualquer tipo de violência.