James Ivory ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, no início do mês, por seu trabalho em “Me Chame pelo seu Nome”, mas isso não significa que esteja totalmente satisfeito com o longa. Em entrevista publicada nesta quarta-feira (28), pelo ‘The Guardian’, o roteirista criticou o diretor Luca Guadagnino pelo corte de cenas de nudez frontal de Elio (Timothée Chalamet) e Oliver (Armie Hammer).
O roteiro de Ivory especificava que o professor e o jovem seriam mostrados nus, um “detalhe” anulado por cláusulas nos contratos de ambos os atores. “Quando Luca diz que nunca pensou em colocar nudez, isso é totalmente falso. Ele sentou-se nesta mesma sala onde estou sentado agora, falando sobre como ele faria isso, então quando ele diz que foi uma decisão estética consciente, ele está dizendo uma besteira“, confrontou James.
O roteirista ainda ironizou a escolha de Guadagnino de deslocar a câmera na cena em que os dois personagens fazem sexo pela primeira vez. “Quando as pessoas estão vagando antes ou depois de fazer amor, e estão decorosamente cobertas com lençóis, isso sempre me pareceu falso. Eu nunca gostei de fazer isso. E eu não faço isso, como você sabe. Em ‘Maurice’ [filme dele de 1987], os dois caras fizeram sexo e se levantam e você certamente vê tudo o que há para ser visto. Para mim, essa é uma maneira mais natural de fazer as coisas do que escondê-las, ou fazer o que Luca fez, que é deslocar a câmera pela janela em direção a algumas árvores“, concluiu, dando uma risada sarcástica.
No Festival de Cinema de Nova York do ano passado, o diretor explicou o porquê de não ter gravado tais cenas de nudez. “Colocar nosso olhar sobre o amor deles teria sido uma espécie de intrusão cruel. Eu acho que o amor deles está em todas as coisas, então quando olhamos para a janela e vemos as árvores, há uma sensação de testemunhar isso. Eu recuso com forte firmeza que eu fui recatado em não mostrar isso, porque eu acho que Oliver e Elio e Armie e Timothée, os quatro mostraram uma intimidade muito forte e proximidade de muitas maneiras e foi o suficiente.”