Bruno Gagliasso está prestes a estrear seu primeiro trabalho na Netflix: a série global “Santo”. Em entrevista a Hugo Gloss, o ator e a atriz portuguesa Victória Guerra revelaram detalhes da produção e expuseram como foi intensa a preparação para a atração. O brasileiro contou que chegou a ter uma crise de choro em uma das cenas de seu personagem, em meio à tensão e o teor macabro de várias das sequências.
“Santo” traz a história de um traficante considerado o mais procurado do mundo – que dá nome à série e cujo rosto nunca foi revelado. Gagliasso vive Cardona, um policial brasileiro que entra na briga para tentar resolver o caso, mas acaba tendo que lutar por sua própria sobrevivência. Além dele, Millán (Raúl Arévalo) é um policial europeu que também está no encalço do traficante. Os dois precisam aprender a superar suas radicais diferenças e se entender para saírem vivos. Victória, por sua vez, é Bárbara, amante do criminoso que é salva por Cardona.
Preparação intensa
Após cerca de dois anos de aprofundamento no personagem, Bruno hoje reconhece que Cardona é um dos papéis mais complexos de sua carreira. “Quando eu falei que foi o personagem mais intenso que eu tive, é verdade. Porque a preparação foi muito intensa, o buraco é muito embaixo. Assistindo à série, a gente vê como para chegar lá, naquela verdade, a gente teve que ir fundo. Não tem como ser diferente. Foi a preparação mais intensa da minha carreira até hoje”, declarou.
O artista também consegue traçar vários paralelos seus com o personagem: “É um cara altamente passional. Eu sou um cara movido a paixão, eu sou intenso, e o personagem é totalmente intenso. Ele está em movimento o tempo inteiro, ele muda o tempo inteiro, não é linear hora nenhuma”.
No caso de Victória, não foi nada diferente. “A minha preparação foi um pouco difícil, porque normalmente eu me preparo muito, sou muito emocional, eu faço um arco da personagem, mergulho muito… E essa mulher é muito mais cerebral. É uma mulher mais cerebral, é uma mulher viajada. Então, foi difícil encontrar esse lado menos emocional e mais cerebral. E depois eu tive que trabalhar o português do Brasil”, lembrou ela, que precisou exercitar o sotaque brasileiro.
“[Bárbara] é diferente de tudo o que eu fiz. Ela tem muita força. Ela tem uma fragilidade, mas ao mesmo tempo tem uma força. Eu tive que encontrar dentro de mim uma coragem, uma força quase animal, para interpretar essa mulher. Eu nunca tinha feito nada desse gênero, e eu gostei muito de fazer isso”, completou a atriz, acrescentando que viu “muitos documentários, li muito sobre ‘seitas’, sobre muita coisa” para se preparar.
Candomblé
Parte da preparação envolveu visitar terreiros de candomblé na Bahia, visto que a produção traz alguns contextos com a religião afro-brasileira. “Eles foram maravilhosos, porque tudo que foi escrito foi revisto por um pai de santo. Inclusive, eles nos levaram para um terreiro. Para mim, foi absolutamente fascinante. Eu fiquei maravilhada, apaixonada mesmo pela Bahia. Eu gostei muito de ver como o candomblé é tratado”, disse Guerra.
Recentemente, Bruno comentou abertamente sobre ser adepto ao Candomblé e ter pedido licença aos Orixás para fazer a série. Questionado sobre o choque que a notícia causou em parte do público, o ator respondeu: “[Causou espanto] porque o candomblé é fascinante. É fascinante, é intrigante e as pessoas têm muita curiosidade. Alguém falar publicamente sobre isso não é muito comum. Principalmente sendo ator, sendo um cara branco de olho claro. Eu acho que choca. E as pessoas gostam disso”.
O ator ainda falou sobre a relação com sua fé. “O candomblé tá na minha vida há muito tempo. Fora que os meus filhos são africanos, né? Então, faz todo sentido para mim e eu vou muito para a Bahia. Eu acho que isso com certeza pegou. E acho bom. Foi falado de uma maneira respeitosa, porque eu realmente pedi licença. Tem que pedir. Para ser tratado com respeito, carinho e amor. Foi o que eu fiz”, mencionou.
Crise de choro e cenas macabras
Segundo os atores, “Santo” trará algumas cenas macabras, que beiram o horror. “Isso é muito ficcional. É ficção pura e dura”, disse Victória. “Eu sinto o equilíbrio perfeito na série, porque o que é [sugerido], é muito mais forte do que o que é mostrado. Muitas vezes na nossa série, a gente não mostra, mas a gente supõe. Cabe a gente, telespectador, imaginar, encontrar os nossos próprios demônios”, opinou Gagliasso sobre esse suspense todo.
Foi exatamente em uma dessas situações, no quarto episódio, que Bruno teve uma crise de choro com um momento de seu personagem. “Uma cena do quarto episódio, em que o Cardona está no computador, ele acaba o capítulo ele vendo o computador. Aquilo é muito forte. Eu tive uma crise de choro vendo e não tem a imagem”, contou ele sobre o poder dessa “sugestão” dos horrores. “Eu não pude chorar. Eu tinha que pensar, eu tinha que ser fria, uma parede branca, nada, sabe? Tinha que não ter nada”, recordou Victória sobre a frieza de sua personagem mesmo diante de contextos difíceis.
Resumindo um pouco do que a trama promete, Bruno foi sucinto. “Como a gente diz aqui, é um ‘rompecabezas’, um quebra-cabeça. E eu acho que foi isso que fascinou a gente também. Por ser um thriller policial, mas não ser um thriller policial óbvio. O protagonista não é um narcotraficante ou a droga, e sim, o drama, o suspense… E esse conflito interno dos personagens”, entregou ele, contando ainda que não há heróis e vilões nítidos, devido à profundidade dos personagens. Vai ser quente!
Assista à íntegra abaixo:
“Santo” estreia na Netflix em 16 de setembro.