Entrevista: Fê Paes Leme se diz surpresa com o sucesso estrondoso de sua websérie “Fake Live”, e revela exigência maravilhosa sobre elenco: ‘Precisavam estar ali’

A atual quarentena pode ter lançado uma onda de ócio a pessoas Brasil afora, mas esse definitivamente não é o caso de Fernanda Paes Leme. A atriz e apresentadora tem tirado máximo proveito do momento para se inspirar e criar uma websérie incrível ao lado do irmão, Alexandre. Os episódios de “Fake Live” vão ao ar toda sexta-feira, ao meio-dia e meia, no Instagram, e estão bombando!

Até então, os quatro capítulos publicados superaram 3 milhões e meio de views! Sucesso total! Em entrevista ao hugogloss.com, Fepa contou que se surpreendeu com a poderosa recepção do público. “Olha, eu não esperava esse alcance, de verdade! Achava que todos os episódios juntos somariam um milhão de views e, de repente, quando vi o primeiro bater essa marca em menos de 24 horas, foi um êxtase! A gente sabia que estava fazendo uma coisa bem feita, inovadora de certa forma, sabe? Só que uma coisa é a gente acreditar e outra é ver que as pessoas estavam ali consumindo, elogiando”, celebrou.

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A produção – de ares metalinguísticos – conversa, absorve e é absorvida pelo meio digital, através do qual se apresenta ao espectador. Com uma boa dose de mistérios, “Fake Live” conta a história de Fernanda, que teve seus perfis nas redes sociais roubados por uma sósia, após a original contrariar opiniões de seu agente, seguidores e colegas de trabalho. A narrativa então estabelece uma dualidade entre o mundo da fake, e o universo da verdadeira Fepa. “O que eu mais gosto na série é essa realidade”, analisou a atriz.

“Num primeiro momento, pensei: ‘Meu Deus, depois que a série for ao ar, acho que não vou arrumar mais ninguém, porque tô aparecendo nos ângulos mais bizarros possíveis’. Mas não, muito pelo contrário, essa sou eu de verdade, nua e crua e a minha imagem é aquela, sabe? Foi uma desconstrução incrível, principalmente em tempos nos quais as pessoas usam e abusam de aplicativos pra ficarem perfeitas, tô eu aparecendo de uma forma completamente do avesso, então isso é motivo de orgulho pra mim”, completou.

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Os primeiros episódios contam com participações de Luana Xavier e Giovanna Lancelotti, e Paes Leme adiantou que Bruno Gagliasso também vai aparecer! Os outros rostinhos vistos na produção, por outro lado, não são tão conhecidos. “Era uma exigência minha como produtora executiva, que participassem atores que não estão trabalhando, de coletivos e grupos de teatro, pessoas que não têm o ‘publipost’. A situação não está simples pra eles, não estão ganhando salário fixo, e essas pessoas obviamente estão sendo pagas para participarem da série. É um elenco daqui de São Paulo, não conhecido do grande público, mas que merecia estar presente”, frisou.

Ainda em nosso bate-papo, a artista ponderou sobre momentos da vida em que poderia ter se deslumbrado e se tornado como a fake da série. “Talvez quando fiz a Paty de ‘Sandy & Junior’, mas eu trabalhava com a Sandy e o Junior, que são muito reais, honestos, generosos e zero deslumbrados. Acho que esse era um período que eu poderia ter me deslumbrado, mas pelo contrário, ali foi justamente o que pautou minha consideração pelos outros, sem ter que passar por cima de ninguém, e não viver uma vida que não é minha. Devo muito isso a eles e à educação também que tive da minha mãe, que sempre manteve os meus pés no chão”, declarou.

Confira a entrevista com Fernanda Paes Leme na íntegra:

HG: “Fake Live” é um fenômeno de audiência. E a forma como a série conversa com o próprio meio através do qual ela tem sido disponibilizada é uma sacada certeira… Como surgiu a ideia dessa produção?! De onde o Alexandre tirou essa história, essa trama? Você participa como atriz, câmera e produtora executiva. O roteiro é todo do Alexandre ou também tem seu dedinho ali?

Fernanda Paes Leme: Ai, primeiramente, muito obrigada! A ideia da produção surgiu assim… O meu irmão já tava produzindo muito durante a quarentena. Ele tava fazendo uns vídeos remotos, com os amigos dele, eles criaram uma TV, vamos dizer assim, que chama “quarentv” e eu tava acompanhando isso de longe, porque eu tava no Rio de Janeiro, isolada por conta da Covid-19. O meu irmão tava começando a amadurecer uma ideia de fazer um longa caseiro quando eu vim pra São Paulo, e contei pra ele que eu queria, tinha uma vontade em mim de criar um conteúdo diferente, mais inusitado, uma coisa nova, e eu me abri com ele que um lado meu queria muito produzir isso, criar, e outro lado não tava com vontade de fazer nada, bem geminiana. E aí, a gente dormiu e no dia seguinte, o meu irmão veio com a história e também com a ideia de formato, então nessa viagem, a gente criou o “Fake Live”. De onde você tirou essa história, Alexandre?

Alexandre Paes Leme: A história…

FP: Dá pra ouvir aí? Vem cá mais perto… ele tá aqui comigo.

AP: Bom, olá, essa história na verdade é uma mistureba de ideias antigas porque eu as anoto num documento no meu e-mail e aí eu vou revisitando elas, então eu revisitei uma coisinha ou outra, fui amarrando com conteúdos que eu tava consumindo… Tem muito easter egg na série sobre filmes japoneses antigos…

FP: Até videogame…

AP: Videogame e anime, tá tudo nesse universo aí.

FP: Quase um spoiler! O roteiro é todo da cabeça dele, mas como eu sou a atriz que tá ali interpretando eu mesma, entre aspas, porque eu costumo dizer que a Fernanda poderia ser a Fernanda, Paula, Giovana, Hugo Gloss, de repente, por que não? Então é um nome que é o meu, pra dar também essa sensação meio de reality, sabe, que as pessoas tão dentro da minha casa, tão vivendo essa história comigo, mas poderia ser qualquer um, então eu dou os meus pitacos muito mais de como colocar a frase na minha boca, mudar uma coisinha ou outra do roteiro, mas a ideia em si é toda dele.

HG: Como foi trabalhar com seu irmão?! Como é a relação de vocês? E como foi fazer isso à distância?

FP: Tenho uma imensa felicidade e sorte de poder trabalhar com o meu irmão. Ele é uma pessoa que admiro muito, sempre admirei, não só o jeito, mas a inteligência, a criatividade… O Alê é culto, ele é estudioso, então essa vontade assim que eu tinha de trabalhar com ele era muito verdadeira, real, latente em mim, mas a gente não tinha tido essa oportunidade, sabe? Ainda… porque é diferente de eu trabalhar em algum projeto dele, ou ele trabalhar em algum projeto meu. Não, é uma coisa nossa, é uma coisa feita pela gente num período tão difícil como esse, então tudo tem seu lado especial assim, da gente. E sem dúvida, quando eu assisti ao primeiro episódio, tive certeza que eu jamais teria esse resultado se ele não tivesse envolvido, sabe? O Alê é muito perfeccionista, ele não descansa, ele sonha com uma cena, aí ele acorda, ele quer regravar, ele é muito comprometido, independente do tamanho do projeto, ele quer fazer uma entrega maravilhosa. Parece que “ah, é irmã, tá puxando o saco”, não, eu consigo bastante separar esses dois lados, eu já trabalhei com muita gente, eu tenho muitos anos de carreira, e são poucas as pessoas tão comprometidas que eu encontrei como ele em todos esses anos.

E, no caso, a minha relação com ele é ótima, a gente se dá muito bem, a gente sempre se deu bem depois que a nossa idade ficou próxima, entre aspas, porque são sete anos de diferença, então obviamente quando eu tinha sete, ele tinha acabado de nascer, então durante um bom período, a gente não se encontrava, né? Mas depois que ele ficou mais velho, mesmo eu morando no Rio, a gente tinha uma proximidade, principalmente de viajar juntos nas férias, Réveillon e tal, parceiros de sair em carnaval, festas, e também acho que ele foi a grande motivação, não só o projeto, como ele, estar perto dele, da minha família, foi o que me impulsionou também a voltar a morar em São Paulo… Estamos trabalhando remotamente com as outras pessoas envolvidas na série, que é uma equipe pequena, e que ganhou até um upgrade devido ao grande sucesso. Contratamos mais uma assistente de direção, mas é tudo feito de maneira remota.

Fepa e seu irmão mais novo, Alê. (Foto: Divulgação)

HG: Desde que iniciada essa quarentena, vez ou outra, ouvimos que a criatividade anda sendo explorada das mais diversas formas e nos mais diferentes segmentos, desde a sobrevivência de famílias e negócios, até a novas formas de entretenimento. “Fake Live” é fruto desse momento? Como você relaciona a websérie com a quarentena?

FP: Sim, “Fake Live” é um filho de quarentena. A série não aconteceria se a gente não tivesse passando por isso. Eu tenho os meus trabalhos, o Alê tem os dele, a galera da equipe de amigos também tem os deles, então calhou de todo mundo estar, de certa forma, com tempo e também precisando explorar suas habilidades criativas, seja atuando, dirigindo, editando… E vale lembrar que a gente não tem uma produtora por trás, a gente não chamou profissionais renomados já na área, entendeu? Então são pessoas que têm muito mais vontade, que estão aprendendo e descobrindo novas funções, mas que já trabalharam com arte, tipo a assistente de direção é atriz, sabe assim? E ela tá ali editando, tá sendo assistente de direção, enfim, e hoje também dirige alguns episódios. É muito mais gente com vontade, do que gente que já tava ali confortável nas suas profissões. Acho que isso também tem um gostinho especial e faz uma diferença…

HG: A série abre perspectivas diferentes em poucos minutos. Numa cena, vemos aquele quadro clássico e mais do que verdadeiro, do dia a dia da quarentena, em que a gente come como se fossem os últimos dias na Terra e passa o tempo todo de pijama. No minuto seguinte, a abordagem é outra e migramos para o mundo da fake, que se mostra mais artificial. Você acha que esse período anuncia uma nova tendência, em que o negócio é mostrar a vida real mesmo e abandonar a ideia de vida perfeita? Deixar de ser um fake de si mesmo…

FP: É, é uma tendência que cresce, mas também não é geral, né? Eu ainda vejo uma galera que posta look do dia com máscara combinando, sem julgamentos, é divertido quando é pra ser divertido, mas quando vira algo assim… Traz mais uma complicação pro dia do tipo “nossa, que máscara que eu vou usar?” e acaba não sendo legal pra mim. Mas é real, de alguma forma tem gente que vive, de fato, essa realidade de poses e etc, eu sou real do meu jeito, tipo, faminta, de dieta, elétrica ou com preguiça, reclusa ou festeira, mas eu não posto tudo, nunca tudo, as pessoas não precisam me ver expondo certas coisas, não combina nem comigo e nem com o meu público, que já sabe até o que esperar de mim, sabe? Ninguém se assusta com o fato de eu não postar e não fazer um reality da minha vida, a galera já me conhece.

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HG: Quanto tempo demorou para criar e gravar tudo?

FP: Bom, é um processo até que um pouco longo, tão longo quanto essa quarentena. A criação de “Fake Live” foi em meados de abril, quando eu vim pra São Paulo, e aí a gente foi fazendo o projeto ganhar um corpo. A gente fez um teaserzinho do que seria a ideia para apresentar a produtoras, ou capitalizar de alguma forma, e não obteve sucesso, ninguém respondeu no primeiro momento. Inclusive a grande produtora que foi envolvida já elogiou o projeto, a grande marca de telefonia que a gente apresentou a ideia não para de aparecer lá nos meus stories. Não sei se existe um arrependimento ou não, mas pra gente fez muito mais sentido a “Fake Live” ter sido feita de uma forma independente. Acho que o projeto traz até mais credibilidade dessa maneira, e foi aí também que eu entrei como produtora executiva, né, de ter um projeto pra chamar de meu, pra levar ele adiante, fazer ele acontecer.

Mas meu irmão começou a criação em abril, e em maio, os roteiros de cada episódio já estavam praticamente prontos. Só que eu tive várias complicações por conta do corona, então a gente teve que esperar esse momento, até que, eu realmente mudei pra São Paulo. A gente ainda está gravando, os nove episódios já estão escritos, e eu praticamente gravo na semana, é uma frente muito pequena, mas a pós-produção é muito mais complicada, então essa pós toda acontece na semana em que o episódio vai ao ar. Então, por exemplo, essa semana, hoje, né? Que vocês vão subir a matéria provavelmente na sexta-feira, hoje vai ao ar o episódio cinco, ele terminou de ser feito ontem, entendeu? Ou, às vezes, de manhã… com emoção!

HG: A gente percebe cuidados na filmagem, no enquadramento realista das cenas, como por exemplo, nos momentos em que a imagem foca no teto, tal qual acontece na vida real, quando esquecemos a câmera ligada, ou ainda quando as telas de um aplicativo e outro se sobrepõem, no mesmo esquema da loucura digital que já assimilamos como normal. Sabemos também que você mesma se filma, às vezes, em modo selfie… Qual foi o grau de dificuldade em alcançar esse resultado, com a qualidade que ele apresenta?

FP: Eu sou a diretora de fotografia e meu irmão é o diretor, né? Então, como a gente também consome e consumiu, principalmente nessa época de quarentena, muita série, muito filme, muita coisa, claro que a ideia de alguns planos a gente traz até dessas referências, mas muita coisa é instintiva, assim, que acontece na hora e de acordo com a cena. Por exemplo, tem uma cena que eu tô escovando o dente no episódio 3, que eu colocaria meu celular ali na pia, e aí eu vi que daria pra formar tipo uma dupla, eu aparecer duas vezes, no espelho e fora dele, então a brincadeira é sempre ter algum plano diferentão e legal por episódio, que a gente pode criar, né, Alê?

AP: É, os próprios stories, os Tik Toks… são muitas referências, a gente vê muito plano aí, né?

FP: É, tem muitos stories, muito Instagram, muito vídeo, o Tik Tok mesmo é uma fonte inesgotável de criatividade e de planos… A brincadeira é tornar as cenas o mais real possível, tanto é que, acho que a grande dificuldade foi, realmente, normalizar pra mim essa história de você não aparecer maquiada, bonita, num ângulo favorável como nos projetos de televisão… Sabe quando você abre a sua câmera selfie? Naquele momento em que você vê que tá com um monte de papo, que você não tá favorecida e você toma aquele sustinho? Então, a série é meio que isso o tempo inteiro. Não foi um processo nem um pouco doloroso e nem um pouco difícil, mas é claro que eu tive que dar uma desconstruidinha nisso de querer estar bonita como na TV. E pra mim é o que eu mais gosto na série, essa vida real, essa realidade. Eu pensei em um primeiro momento: “Meu Deus, depois que essa série for ao ar, eu acho que eu não vou arrumar mais ninguém, porque eu tô aparecendo de ângulos mais bizarros possíveis”, e não, é muito pelo contrário, essa sou eu de verdade, nua e crua e a minha imagem é aquela, sabe? Então foi um processinho de desconstrução incrível, principalmente em tempos nos quais as pessoas usam e abusam até de aplicativos para ficarem perfeitos, tô eu aparecendo toda sexta-feira de uma forma completamente do avesso. Isso é motivo de orgulho pra mim.

Produzida ou não, Fepa é sempre deusa! (Foto: Divulgação)

HG: Sobre os fakes, você já vivenciou essa experiência chata de ter um perfil falso seu sendo criado? No caso da série, isso ganha outra proporção, mais desesperadora, já que aquela pessoa tem imagem e voz! Uma usurpadora! É a Fepa Bracho! Você já lidou com pessoas assim?! E já encontrou sua doppelganger?

FP: Nunca passei por isso, sabia? Eu nunca tive ninguém se passando por mim, eu acho que eu tô também há tanto tempo na TV e tudo, são vinte anos, acho que não deu nem tempo, a pessoa fala “essa daí já tá há muito tempo, eu não vou nem fingir ser ela”. Mas eu amei a referência da “A Usurpadora”, Fepa Bracho, eu nunca tive que lidar com pessoas assim, quem já passou por isso foi o meu irmão, por isso que veio essa referência na série, né, Alê?

AP: Sim, já teve fake meu, um fake inclusive no Orkut, e aí denunciaram o meu perfil e não o do fake… e eu tinha uma comunidade no Orkut que tinha uma pessoa que tentava roubar a comunidade sempre, e ela fazia toda semana um exército de fakes, alguns meus, alguns de outros amigos, pra tentar enganar as pessoas, e aí eu peguei isso e botei na série.

HG: O primeiro episódio, mostra você – de maneira muito engraçada – fazendo publicidade de um suco que não gosta e até usando-o para regar plantas, após desligar as câmeras! Como é seu relacionamento com as marcas na vida real? Alguma vez, nem lá atrás, você já falou de algo que não gostava? De onde veio a inspiração pra isso?! Você conhece gente que protagonizaria uma cena do tipo na vida real? O suco da série se chama “NamasTernura”, mas a gente tem outras sugestões de nomes pra ele: “NamasTreta” ou “NamasTerrível”.

FP: Olha, eu acredito que lá atrás, talvez eu já tenha passado por isso, quando eu não tinha tanta experiência com publicidade e quando era tudo uma novidade a gente fazer posts e etc, eu acredito que eu possa ter cometido um erro de talvez um dia ter divulgado algo que eu não acredite, né? Mas eu não me lembro, não me lembro mesmo, de ter tido problema com publicidade, então eu não posso falar que nunca aconteceu, porque eu não lembro, porque geralmente, principalmente de uns anos pra cá, eu meio que faço uma fase teste do produto pra eu poder indicar. Não tem como eu falar “nossa, é uma delícia”, se eu realmente não achar uma delícia, eu não posso abrir a câmera e provar o produto na hora.

Na verdade, essa cena, esse momento do “NamasTernura” foi uma coisa que eu vivi na vida real mesmo, numa época que o “Estrelas” fazia pegadinhas com pessoas famosas, tava tudo combinado com a minha empresária, que na época era Ju Pedrosa, empresária de Hugo Gloss, e eu fui gravar um comercial, era um energético. Quando cheguei lá, o figurino já era uma loucura, era bem estranho, aí eu cheguei no estúdio, o cliente tava lá, todo mundo, uma equipe de filmagem, e quando eu fui gravar, ensaiar – que eu tinha que falar um texto e dar um gole no produto, e assim que eu bebi, eu fiz uma cara horrorosa e falei: “forte, né?”, igualzinho na cena do “NamasTernura”, esse foi inclusive um caco meu, no “NamasTernura” que eu pedi pro meu irmão colocar justamente por eu ter vivido essa cena, e enfim, foi super constrangedor essa pegadinha, eu segui super profissional ali, tentando tomar o produto, que era muito ruim. Na verdade era um chá de boldo muito concentrado, então você imagina o quanto era ruim, e o cliente começava a falar: “Ela não está gostando do produto”, ele começava a falar pra me deixar constrangida, até que em algum momento – na época a Angélica tava de férias, foi a Ana Furtado – a Ana Furtado surgia do nada e dizia: “é pegadinha”. Eu lembro que eu fiquei muito em choque e a única coisa que eu respondi foi “mas e o dinheiro, eu não vou ganhar o dinheiro?”. Eu tinha vinte e poucos anos, eu tava mais pensando em construir um império do que qualquer outra coisa.

Então eu vivi isso, a gente sabe que nem sempre o influenciador usa aquele produto que indica, eu acho que o meu irmão também colocou isso na série porque ele convive com pessoas famosas, ele vai em eventos comigo, ele é praticamente um drone que vê todo esse mundo de fora, sabe? Então, a gente sabe que existe, que nem todo mundo vende aquilo que usa. Eu procuro, sem dúvida, ser muito fiel aos meus parceiros de marca, eu já neguei muito post, muito dinheiro, por não serem marcas ou produtos que eu realmente não iria usar e não acreditava. O “NamasTernura” virou praticamente o xodó da série, as pessoas começaram a seguir o perfil até por que tudo que é citado na série tem os próprios perfis nas redes, no Instagram, e esses perfis soltam spoilers às vezes, é legal dar uma seguida ou ficar de olho nesses perfis, eles sempre comentam nos posts.

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HG: Os quatro episódios postados já superaram a marca de 3.5 milhões de visualizações, o que é muito expressivo. Você esperava esse alcance? Se a câmera do “Fake Live” estivesse ligada lá na sua casa quando a série bateu números altíssimos na estreia, o que ela filmaria?! Com todo esse sucesso, qual foi o sentimento? E a que você credita esse êxito?

FP: Olha, eu não esperava esse alcance, de verdade, eu achava que o total ia ser de um milhão de views, todos os episódios, e de repente, quando eu vi o primeiro episódio bater um milhão em menos de 24 horas, foi um êxtase, foi uma sensação de cara, a gente sabia que a gente tava fazendo uma coisa bem feita, incrível, genial, inovadora de certa forma, sabe? Só que uma coisa é a gente acreditar, outra coisa é a gente ver que outras pessoas estavam ali consumindo, estavam ali elogiando. Não só os fãs, que obviamente é pra eles também que a gente fez isso, mas os amigos, os colegas, e as pessoas que a gente admira. Dos amigos a gente espera, obviamente, o elogio e etc, mas quando eu vi ali atores e pessoas que não são meus amigos, que são meus colegas, ou até pessoas que, imagina, o Rodrigo Teixeira elogiar a série, o Daniel Rezende, o cara foi indicado ao Oscar de melhor edição com “Cidade de Deus”… ele elogiar a edição da minha websérie, o Rodrigo Teixeira que é o maior produtor que a gente tem, enfim, então isso traz uma coisa “wow, pera aí, então realmente isso tem uma importância, isso é diferente, isso não é mais do mesmo”, sem falsa modéstia. Por que a gente também tem que olhar para aquilo que a gente fez, ter orgulho e saber que aquilo é diferente e é incrível, sabe?

Se a câmera estivesse ligada iria me mostrar com um taquicardia, daquele bom… E eu comecei a andar pela casa, eu devia ter filmado, olha lá, se eu tivesse visto essa pergunta antes, se eu tivesse filmado ia ser muito legal, ter esse real life e não fake life, e eu comecei a andar pela casa, eu mandava mensagens pro meu irmão: “você tá vendo?”, “você viu o comentário de não sei quem?”, minha mãe mandava prints de comentários de pessoas falando da série e eu fui lendo todos. O auge pra mim foi quando um seguidor, uma pessoa física, não é ninguém conhecido, ninguém famoso, ele simplesmente mandou pra mim a frase: “que sensibilidade, terminar a série com a primeira frase de Hamlet”. Quando esse seguidor me mandou isso, eu fiz assim, “ponto, caraca, o cara sacou, percebeu tudo isso”, e aí foi o auge pra mim, eu fiquei muito feliz, não só pra mim como pra toda a equipe porque a gente bateu o que a gente ia bater nos nove episódios, no primeiro, o que depois também deu mais responsabilidade… E a gente sabia, obviamente, que o primeiro ia ser esse boom todo e que depois automaticamente iria caindo um pouco a audiência, porque depois, mais pro final, as pessoas devem voltar a ver, maratonar e etc, mas fica quem tá maratonando mesmo a história. Mas foi muito legal, foi muito emocionante mesmo! Foi diferente de uma estreia de programa, diferente de uma estreia minha em novela, diferente de tudo que eu já tinha vivido, acho que por estar 100% envolvida.

HG: É um projeto muito pessoal, totalmente autoral, e feito sob determinadas limitações técnicas por conta do que o momento de isolamento social exige. Obviamente, “Fake Live” te traz um gostinho diferente do que acontece num projeto que você integra numa grande empresa… Você já tentou emplacar coisas do tipo, da dramaturgia, em canais de TV e acabou recebendo negativas?

FP: A gente vê muito isso acontecendo lá fora. São mulheres que são inspiração pra mim, Phoebe [Waller-Bridge], de “Fleabag”, que escreve, produz, dirige… A Michaela [Coel], de “I May Destroy You”, também faz isso genialmente. Essa foi uma série que eu vi na pandemia… Isso acontece muito lá fora, e acho que já chegou aqui também e quem faz isso vai ser valorizado de uma maneira diferente – ou pelo menos, deveria ser, né?! Eu tenho, sem dúvida, uma vontade de fazer isso não só nas minhas redes, como eu tenho feito, mas para grandes empresas da dramaturgia, ou canais de TV, tanto abertos como fechados ou streaming e tal… E a gente vê, por exemplo, o Bruno Mazzeo, que é roteirista e já produziu coisas para a Globo, mas fez um projeto agora na quarentena. O próprio Marcelo Adnet, fazendo de casa vídeos diários com a mulher, de uma forma genial. Eu acredito que é uma tendência! E essas pessoas vão valer por dois, por três, e de ver que é possível produzir também com menos pessoas, e até mesmo, menos grana no meu caso. Eu não tive apoio nenhum por trás, nenhum patrocínio. Recebi uma negativa de uma grande produtora, que acho que não entendeu como era o projeto. Mas acredito que o “Fake Live” me coloca num outro degrau e abre [portas], não só pra mim, mas para a equipe, que é pequena, e meu irmão, que é o roteirista, porque a ideia é muito boa. Acho que tem um gostinho especial e espero que todos possam colher bons frutos disso.

AP: Amém!

FP: Amém! (risos).

HG: Um dos trunfos de qualquer boa história – e ainda mais em uma que é disponibilizada através de um meio não-tradicional e digamos mais propício para a volatilidade do público – são os chamados ganchos. E até agora todos os episódios deixaram a gente em alerta para os próximos. O que você tá achando dessa coisa João Emanuel Carneiro? Kkkkk Todas as perguntas serão respondidas?! Saberemos da ligação da fake com o delegado perigoso?! Saberemos como a fake conseguiu tomar sua conta e qual a participação do agente nisso? O que você pode adiantar?

FP: Eu acho que, eu me sinto lisonjeada, não só eu como meu irmão obviamente, dessa coisa João Emanuel Carneiro, que é uma pessoa que a gente admira. Eu acredito que existe uma dramaturgia mais antiga também onde todas as perguntas têm respostas, na nossa dramaturgia a gente gosta de realmente questionar muito mais do que responder todas essas perguntas, e todos os pontos se interligarem. Mas uma coisa que a gente pode adiantar é que sim, no final com certeza vão ter mais perguntas ainda e muita coisa vai ser respondida, o porquê disso tudo estar acontecendo sem dúvida vai ser respondido… ou não (risada).

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HG: Você já declarou manter uma relação de amor e ódio com as redes sociais. O que foi saudável e o que foi nocivo nessas plataformas, durante a quarentena?! Teve algo que te estressou?

FP: Foi muito gostoso ler os comentários no período que eu tava com Covid, compartilhar também com o público as comidinhas que os meus vizinhos deixaram pra mim na porta de casa… com as redes em si eu não fiquei tão estressada, claro que o comportamento de algumas pessoas, o comportamento inadequado num período de pandemia, principalmente naquele primeiro momento de quarentena real oficial, de quase um lockdown, obviamente eu fiquei desapontada com algumas atitudes e chateada. Mas a doença também me tomava muito nessa questão, quando eu ficava online eu procurava mais me divertir, me distrair, e eu não deixei que nenhum comentário feito pra mim ou qualquer coisa me abalasse. Eu não deixo que as pessoas que não me conhecem tenham um poder sobre mim assim, então eu realmente tive muito mais alegrias. Agora com a série mais ainda, eu fico ansiosa pra chegar sexta-feira, eu leio todos os comentários, eu tento responder, então não tenho muito o que reclamar nesse quesito, não.

HG: Você já hesitou em publicar sobre assuntos mais “polêmicos” nas redes, com medo de sofrer ataques de haters? Do que, por exemplo, você evita falar?!

FP: Sim, eu já hesitei, mas não por medo, mas por querer me preservar de uma discussão mesmo, porque quando o assunto é importante eu vou, falo, recebo ataques e etc e eu deixo falarem, sabe?

HG: Nos últimos anos, você vinha desempenhando as funções de atriz e apresentadora, seja nos filmes, nas novelas da Globo ou nos programas do GNT. E agora você vem com isso de filmar, cuidar da fotografia e assumir a produção-executiva. Acha que isso pode levá-la a outros caminhos?

FP: Eu sou uma curiosa pelo processo e não só pelo resultado, eu sempre fui assim desde a época do seriado da Sandy e do Júnior que, quando eu não tava em cena, eu queria ficar no set, o Paulinho Sivestrini, que era o diretor-geral, respondia as minhas perguntas. Eu não sou só aquela de decorar texto, de gravar e voltar pra casa, eu gosto de participar dos processos, eu gosto de tentar entender, eu sou observadora, e eu quero saber sobre enquadramento, eu converso com o diretor de fotografia, eu mexo na câmera, peço pro câmera me ensinar, então eu gosto de saber sobre a criação, da personagem, a fotografia, o corte e eu tenho muita vontade de me especializar mais nessa questão técnica também, os caminhos estão aí se abrindo e eu quero seguir, sem dúvida.

HG: Nos episódios, tivemos também no elenco, Luana Xavier e Giovanna Lancelotti. Mais algum amigo vai participar? Solta uns spoilers pra gente!

FP: Sim, tem participação de outros amigos, na verdade é Luana, Giovanna e quem participa, acho que do episódio 7, é o Bruninho Gagliasso. Mas no caso era uma exigência minha como produtora executiva, que participassem atores que não estão trabalhando, porque são atores de coletivos e grupos de teatro, pessoas que não tem o publipost, não tá simples pra eles, não tão ganhando salário fixo, mensal, e essas pessoas obviamente estão sendo pagas também pra participarem da série, então é um elenco de atores daqui de São Paulo, que não são conhecidos do grande público, mas que mereciam estar presentes. Temos o André Madrini, o Fabio Augusto Barreto, o Pipo Beloni, a Juliane Arguello, o Felipe Rosa, a Priscila Dieminger, o Marcos Verissimo, a Letícia Calvosa, o Pedro Casali e o Dom Capelari. Então são essas pessoas que participam da série e que atuam e que não estão trabalhando no momento e que, não só mereciam, como também precisavam estar ali. O Bruno pediu pra participar, é bom deixar isso bem claro, na verdade foi uma feliz coincidência porque realmente tinha um episódio que eu precisaria de um amigo famoso, por conta da história, e aí depois que estreou, ele e a Giovanna viraram grandes fãs da série, de me ligar e etc, e compartilharem inclusive os episódios e tal, e aí ele falou: “Ah, eu quero participar, fazer alguma coisa, se precisar de mim eu tô aqui”. E eu falei: “vamos precisar, sim”. Mas Bruno, Giovanna Lancelotti e Luana, não receberam cachê.

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HG: Tem chance de uma segunda temporada?! Como funcionará a capitalização disso?! Empresas já te contataram pra incluir um produto na série?

FP: Olha, devido ao grande sucesso, até teria, por enquanto eu só penso em umas férias depois dessa primeira temporada, mas não, a gente não… eu acho que não terá uma segunda temporada dessa história, mas sim, de repente usando esse mesmo formato, novas produções. Eu não sei, talvez sim, o final deixa muitas pistas no ar, daria pra ter uma segunda temporada, a gente ainda tá pensando. Eu queria muito fazer uma temporada de relacionamentos, sabe? Com outros temas, de repente, mas essa história da fake sem dúvida ela termina nessa temporada, deixa coisas no ar, mas a história da fake em si, ela é…

AP: Será?

FP: Ai, o Alexandre, viu… o Alexandre deixa tudo no ar, é um saco. Eu não sei, ele nem me fala… eu sei do episódio 9, eu sei mais ou menos, mas nem eu sei, eu tô tipo elenco da série, elenco de último capítulo de novela que não recebe… a cena final eu não tenho ainda. Mas, em relação à capitalização disso, no final das contas, como não entrou nada, a gente achou incrível o projeto ser independente, então a gente não foi atrás depois de nada, vieram atrás da gente, uma grande marca veio atrás da gente, pra tentar fazer uma inserção na série, de como conseguiria fazer isso, mas a gente acabou não fechando ainda… A gente não quer mudar absolutamente nada da série também pra entrar algum comercial, se entrar alguma coisa que se encaixe na série, a gente tá aberto, obviamente. A captação é uma coisa nova que eu tenho falado com o Téo, inclusive, que é uma pessoa que trabalha no meu escritório, pra gente entender o valor dessas inserções, de como a gente faria e etc, mas já surgiu uma grande campanha pra mim, que eu vou gravar em breve, e foi muito por conta da série. Então, quando fizer essa campanha, eu vou inclusive divulgar isso, porque foi uma coisa que eu até liguei pro meu irmão pra contar, porque eles citam a série no briefing, inclusive, da campanha, e eu vou até dar uma porcentagem pro meu irmão, porque nada mais justo.

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HG: A série foi gravada em sua casa em São Paulo, né?! Por quantos anos você morou no Rio, e por que decidiu deixar a cidade depois de tanto tempo? Foi difícil? E como está sendo agora?

FP: Sim, a série foi gravada em São Paulo, na casinha que eu aluguei por enquanto, nesse momento de volta, até eu me estabilizar aqui em São Paulo e procurar realmente um lugar mais fixo pra eu morar. Como eu mudei no meio de uma pandemia, aí eu peguei a casa de uma amiga que estava mudando de estado também, porque quando eu vim não tinha corretor, não tinha absolutamente nada, nada disso funcionando, então eu tô me instalando aos poucos, eu só tenho uma sala de TV, meu quarto e meu closet. Eu não tenho mesa de jantar, praticamente, eu não tenho sala de estar, não tenho nada, porque eu mantive meu apartamento no Rio. Eu tenho dois apartamentos no Rio, então um deles, que é o menor, eu mantive e o que eu morava, o maior, eu consegui vender, no meio da pandemia, inclusive, porque não fazia sentido, já que eu escolhi voltar pra São Paulo, manter dois apartamentos no Rio. Então, não foi difícil, eu não sou uma pessoa apegada, eu realmente tinha muito mais apego nesse meu apartamento antigo do que nesse atual que eu morava, acho que foi mais difícil pra minha mãe.

Voltar pra São Paulo foi essencial pra mim, principalmente pro meu psicológico, pra minha cabeça, eu vivi momentos, por mais que eu não tenha sido internada durante o meu período do coronavírus, eu vivi momentos de isolamento que não foram fáceis pra mim naquele apartamento, então foi muito importante voltar pra São Paulo, pra ficar próxima da minha família e, principalmente que eu tive muitas complicações de saúde depois do corona, umas sequelas, e eu pude ser cuidada pela minha mãe, ter toda essa assistência que eu não tive e nem poderia ter no momento que eu tava infectada. Então agora tá sendo uma redescoberta, de convívio familiar, do bairro novo, de até descobrir qual mercado ir, e as coisas estão acontecendo no seu tempo e naturalmente.

HG: Você sempre participa do canal da Giovanna Ewbank e o comandou durante a licença maternidade dela. Você tem vontade de ter o seu próprio canal no YouTube?

FP: Sim, eu tenho uma participação no canal da Gio bem efetiva, eu participo bastante lá do canal dela, eu adoro, me divirto, mas é quase… sabe quando a gente não tá preparada pra ser mãe, que a gente adora brincar com o filhos dos outros e quando ele começa a chorar a gente devolve? Essa é a minha relação assim com canal de YouTube, eu adoro participar, mas ter o meu próprio não me passa pela cabeça. O que eu tenho vontade de talvez abrir um canal é justamente pra eu poder publicar a série no canal do YouTube, agora que o YouTube – se eu não me engano isso já tá acontecendo no Brasil, eu sei que fora acontece – mas que o YouTube tem essa opção de você ver o vídeo em pé, como acontece no IGTV, justamente pra eu poder legendar os episódios todos, pra quem é surdo conseguir acompanhar, porque no IGTV e no formato que é a série, a gente não conseguiu colocar essas legendas e eu quero que seja mais democrática a série e que as pessoas consigam acompanhar, então eu provavelmente vou criar um canal no YouTube pra, nesse primeiro momento, postar os meus projetos, e a gente começa com o projeto da “Fake Live”. Eu não faria um canal no YouTube como os que a gente já tá acostumado a ver, talvez eu faria um canal no YouTube muito mais pra cada projeto meu ou algum programa, alguma outra ideia que eu vá ter, de repente colocar ali.

HG: Alguma vez na vida, você já se pegou vivendo uma “fake live”, e o que te trouxe de volta para a Fernanda real? Ou o que evitou que isso acontecesse?

FP: Quem me conhece, sabe que eu sou Fepa real oficial, eu sou muito racional, eu vivo muito a minha vida sem esconder as coisas e, principalmente, sou muito sincera com tudo, com as pessoas e principalmente comigo. Eu acho que uma “fake live”, talvez no momento de uma pessoa que cresceu trabalhando em frente às câmeras como eu, que comecei com 15 e tô com 37 anos, poderia ter vivido isso talvez num momento de deslumbramento de sucesso, mas eu sempre tive os pés no chão, e a minha carreira sempre foi subindo um degrau de cada vez. Tenho muita consideração pelas pessoas que estiveram ao meu lado desde sempre, busco enaltecê-las principalmente ao longo da vida, e assim o farei, mas eu acho que talvez quando eu fiz a Paty do “Sandy & Junior”, que poderia existir um certo tipo de deslumbramento, eu trabalhava com a Sandy e com o Junior que são muito reais, são pessoas muito sinceras, muito honestas, muito generosas e zero deslumbradas, então, eu acho que esse era um período que eu poderia de repente ter deslumbrado e vivido uma “fake live”, mas se eu não vivi ali, depois, pelo contrário, ali foi justamente o que pautou a minha consideração pelos outros e o meu crescimento sem ter que passar por cima de ninguém, e não viver uma vida que não é minha. Então, eu devo muito isso a eles também, e à educação também que eu tive da minha mãe, que sempre manteve os meus pés no chão, então eu nunca vivi uma “fake live”, só na websérie mesmo.