Entrevista: Iza fala tudo sobre o feat “Let Me Be The One” com Maejor, relembra bastidores de desabafo que viralizou em quarentena e revela conselho poderoso da mãe; confira!

Dona e proprietária de si mesma e da carreira! Nesta quinta-feira (21), a cantora Iza deu mais um grande passo em sua trajetória profissional com o lançamento do single “Let Me Be The One”, gravado em parceria com o norte-americano Maejor. Em bate-papo exclusivo com o hugogloss.com, a estrela falou tudo sobre o feat gringo e comemorou a oportunidade de cantar a música, que fará parte de uma campanha global da ONU com a Humanity Lab Foundation.

A iniciativa tem um apelo especial em prol das pessoas refugiadas e da diversidade no mundo. “Eu não estava nem esperando que uma coisa como essa fosse acontecer! É uma mensagem que precisa muito ser passada e discutida. Acho que eu nunca tinha me envolvido tanto dessa forma em uma campanha social”, declarou a artista.

Iza comemora participação em campanha global da ONU e Humanity Lab Foundation. Foto: Rodolfo Magalhães

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O trabalho foi desenvolvido antes do início da quarentena e ganha nesta quinta (21) um videoclipe lindo, diga-se de passagem. Iza, que está obedecendo as recomendações do isolamento social, contou o que a motivou a publicar o texto em que falava sobre uma “montanha russa de sentimentos” nesse período. O ‘desabafo’ viralizou e fez muita gente se identificar nas redes. “Foi fruto de uma conversa que eu tive com a minha mãe. Passei um dia na m*rda! Sabe o que é na m*rda?! Eu tava na m*rda naquele dia!”, relembrou. A verdadeira definição de “gente como a gente”!

Confira a entrevista com Iza na íntegra:

Hugo Gloss: Iza, primeiro a gente quer saber tudo sobre essa parceria com o Maejor. Vocês já se conheciam? Como surgiu a ideia ou o convite para esse feat?

Iza: Esse convite veio através do Humanity Lab, da ONU, chamaram o Maejor para participar disso e pensaram em um nome no Brasil e me sugeriram. Eu fiquei muito lisonjeada, não só por fazer parte de uma campanha tão grande e tão importante, mas também de fazer uma música com o Maejor, que é um artista que admiro muito e que depois desse trabalho eu descobri que é uma pessoa muito gente boa, parece até brasileiro! A gente se conheceu aqui no Brasil mesmo, alguns dias antes de gravar o clipe pra já poder começar a trabalhar. Ele é um querido, uma pessoa muito respeitosa e talentosa! Então, está sendo duplamente especial, pela parte musical e a parte social.

A princípio, a música seria toda em inglês, mas Iza pediu para gravar sua parte em português. Foto: Rodolfo Magalhães

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HG: Sim, essa é uma campanha global em parceria com a ONU, com foco na questão dos refugiados e na diversidade. Qual a sensação de conseguir hoje usar sua voz para um projeto como esse? É um marco na carreira e na sua própria trajetória pessoal, né?!

Iza: Com certeza! Eu não estava nem esperando que uma coisa como essa fosse acontecer! Eu achei muito especial fazer parte disso, é uma mensagem que precisa muito ser passada e discutida. E ela vem num momento em que o mundo está atento a tudo que acontece. É muito bacana conseguir atrelar o meu trabalho, que é a música, com uma causa como essa. Eu sempre acreditei que eu como artista poderia falar o que eu quisesse em relação a qualquer coisa, mas eu também precisava falar sobre as coisas que se passam no meu coração, que é algo que eu faço desde “Pesadão”, falando de resiliência, sobre ser mulher, e essa história agora pra mim é realmente o ponto alto social da minha carreira. Acho que eu nunca tinha me envolvido tanto dessa forma em uma campanha. E poder estrear desse jeito, com a ONU e o Humanity Lab, eu não tenho palavras pra explicar.

HG: A música é incrível e tem uma mensagem linda por trás. Me conta o que ela significa pra você?

Iza: Nossa, essa música se eu escutasse ela antes eu já teria começado a cantar. Acho que tudo aconteceu na hora certa, mas considerando que eu canto desde nova e eu esperei até os 25 [anos] pra tomar coragem pra fazer isso (cantar profissionalmente), acho que tem a mensagem de que eu posso fazer a diferença. Acho que seria muito bem recebida por mim se eu a ouvisse [no passado]. Muitas das vezes a gente tem vontade de fazer as coisas e nos sentimos desestimulados pelo mundo, nos sentimos insignificantes, que ninguém está ouvindo a gente, mas realmente estão nos ouvindo, sim. E tudo aquilo que a gente puder fazer em prol do mundo sempre vai fazer alguma diferença. O que eu canto é pra me fazer feliz, pra pagar minhas contas, pra viver fazendo aquilo que eu mais amo, mas saber que você pode fazer a diferença na vida de outra pessoa através da arte é muito potente. Uma mensagem muito poderosa que faz toda a diferença pra mim.

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HG: Como foi o processo de produção com o Maejor?

Iza: Foi super bacana! Toda a parte musical nós fizemos à distância. O Maejor mandou pra mim a música, a gente fez uma chamada antes pra trocar ideia, se conhecer e entender o que tínhamos que fazer. A música tava totalmente em inglês e eu perguntei se podia fazer a minha parte em português, porque eu acho que é uma mensagem que precisava ser passada na nossa língua pra galera do Brasil também. Ele foi super aberto, falou que eu podia fazer. Depois a gente se encontrou pela primeira vez pra jantar, eu, ele, o pessoal da Humanity Lab, da ONU, e trocamos muita ideia sobre essa campanha, a música, composição e tudo isso no meio de caipirinha! (Risos) Foi muito descontraído e eu pude ver como ele é um cara envolvido com aquilo que acredita. No dia do clipe, a gente já estava mais entrosado e foi um processo muito bacana. Tinha gente ali da República do Congo, China, Venezuela… Cada um falava um idioma, mas aparentemente tava todo mundo se entendendo! Foi muito especial ver esse poder que a música tem.

HG: O videoclipe, que está lindo de viver, diga-se de passagem, conta com a presença de vários refugiados e pessoas que representam a diversidade. Deu pra ver que você interagiu muito com todos no making of! Como foi essa experiência com todos nos bastidores? Teve alguma história que te marcou?

Iza: Eu gosto muito de pessoas, né? Eu fiz comunicação, então eu gosto de gente, de trocar ideia, de abraçar, de conversar. E foi muito bonito ver todo mundo arranjando um jeitinho pra conversar do seu próprio jeito. Eu conheci a grande maioria do casting ali na hora, algumas eu já sabia que fariam parte porque me contaram, mas conhecer mesmo foi no set. Foi um momento muito avassalador pra mim, porque a gente começa a questionar o motivo de problematizar tanto a nossa própria vida. Comecei a entender o quanto eu sou privilegiada, a ver como cada um de nós dentro da sua vivência tem sua história de resiliência, de reinvenção e sonho. E eu sempre falo muito da Thereza [Brown]. Quem me apresentou ela foi a Gloria Groove, e Thereza está comigo nos bastidores em todos os meus clipes praticamente. Ter ela ali na frente da câmera foi muito especial. Um momento pra brilhar! E a história dela me toca. Todas as histórias me tocam bastante, mas como eu conheço a Thereza, eu fiquei muito emocionada com a pessoa, a história, os sonhos dela. Foi muito legal ver ela feliz ali!

A gravação do videoclipe reuniu pessoas das mais diversas, seja no quesito nacionalidade ou formas de se vestir, expressar e outras características. Foto: Rodolfo Magalhães

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HG: Por falar em carreira, “Let Me Be The One” entra para a sua lista de feats gringos, que já tem Ciara e Major Lazer. Você tem vontade de investir em projetos internacionais? E quais as colabs dos sonhos no exterior? Há alguma outra engatilhada?

Iza: Tem várias collabs dos sonhos com artistas maravilhosos que eu tenho vontade de fazer. Poderia fazer aqui uma lista com 50 nomes facilmente! Nesse momento de quarentena eu tô trocando ideia com muita gente, escrevendo a partir de agora – no início da quarentena eu tava só surtando mesmo, tava fazendo nada! (Risos) Não enlouquecendo de tédio, mas de preocupação sem saber o que ia acontecer. Agora eu me sinto mais propensa a criar, a pensar. Sempre pensei muito em fazer música com gente lá de fora, quem me acompanha sabe que eu amo cantar em inglês, gosto muito de R&B, soul, jazz… Então não descarto a possibilidade de fazer outro projeto, mas eu tô com muita calma. Acho que nesse momento da quarentena eu tô preocupada em não surtar apenas.

HG: Pois, é… Você inclusive chegou a escrever nas redes sociais um texto sobre uma “montanha russa de sentimentos” diante da quarentena. É algo que você experienciou ou que apenas quis deixar um recado para quem possa estar atravessando? 

Iza: Esse texto foi fruto de uma conversa que eu tive com a minha mãe. Passei um dia na m*rda! Sabe o que é na m*rda?! Eu tava na m*rda naquele dia! E eu não sabia o porquê. Isso é uma coisa que a gente faz, fica tentando entender o porquê, tentando refazer seu caminho e por qual motivo ficou assim. E na real, estamos no meio de uma pandemia, tem gente morrendo, sem água pra lavar a mão. Eu comecei a fazer umas doações de cestas básicas, aí eu soube que as pessoas não tinham dinheiro pra pagar o gás, então do que adiantava aquela cesta?! É uma coisa que é enlouquecedora mesmo! Você fica preocupado com os seus. A gente tá lutando contra uma coisa que é invisível, então é muito complicado. Aquele dia eu tava mal, fui começar a entender o motivo e minha mãe falou pra mim: ‘Se você tá mal, então você tá mal. E às vezes você precisar abraçar essa tristeza muito forte. Às vezes ela só quer um abraço’. Só que é um abraço forte pra ela ir embora, sabe?! Aí não adianta ficar problematizando. Aquele post foi fruto da conversa e eu postei a resolução. Eu tava tranquila naquele momento, mas estava mal antes. E eu fiquei feliz porque vi um monte de gente repostando, falando sobre e me dizendo que eu falei o que eles precisavam ouvir. É um momento que tá todo mundo passando. Alguns disfarçam melhor, mas tá todo mundo surtando na real.

HG: O que você tem feito nesse período e o que tem sido mais difícil de tudo?

Iza: Eu tenho aprendido a respeitar meus sentimentos, a me dar um tempo. Eu já estava preparada pra não trabalhar abril, maio e junho, desde setembro do ano passado eu já tinha bloqueado tudo. De uma forma muito louca coincidiu com esse momento. Óbvio que eu não esperei ficar trancada dentro de casa, mas já sabia que ficaria distante do mercado. Acho que é uma mensagem que precisamos fazer pra todo mundo. Precisamos ter paciência com nós mesmos, porque não existe jeito certo de passar a quarentena, de aproveitar o dia. A gente só tem que ter muita paciência com a nossa cabeça, nossa mente. Sair são dessa quarentena já vai ser o hit da parada! (Risos)

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HG: E pra quando a quarentena acabar, quais seus planos? Seu disco de estreia rendeu sucessos como “Pesadão” e “Dona de Mim”. Desde então, você tem lançado apenas singles, e exitosos também como “Brisa” e “Meu Talismã”. Quando vem um segundo álbum?! Já está gravando?

Iza: Eu tava preparada pra produzir bastante coisa em abril, maio e junho, que era um plano meu e tenho conseguido adiantar bastante. Mas, sinceramente, eu não sei quando ele vai ficar totalmente pronto e eu não tenho pressa mesmo. Eu demorei um ano e meio fazendo o “Dona de Mim” e eu acho que dá pra fazer outras coisas para os meus fãs e o público enquanto o álbum não fica pronto. Quero mesmo que ele fique do jeitinho que eu sonhei e eu espero. Algumas coisas a gente já conseguiu tirar do papel, mas outras precisamos presencialmente das pessoas e eu não posso colocar as pessoas em risco pra isso. Precisamos dar tempo ao tempo. Mas este ano ainda meus fãs podem esperar bastante coisa, mas a questão do álbum ainda tá um pouquinho indefinida.