Ao lado da parceira de cena Agatha Moreira, o ator Rainer Cadete cumpriu com a missão de alcançar altíssimos índices de audiência para a novela “A Dona do Pedaço” nesta semana. Não é para menos, na pele do fotógrafo Téo, o brasiliense tem dado um show de atuação na construção de um relacionamento abusivo com a blogueira vilã na trama.
Em um bate-papo exclusivo com o hugogloss.com, o artista falou sobre a repercussão do trabalho, e trouxe uma análise mais profunda sobre o que está por trás da aparente “burrice” do seu personagem em relação à namorada Josiane. “Ele acreditava realmente que poderia transformar a Jô através do amor. Além disso, acho que esse personagem em toda sua trajetória falou de uma coisa muito urgente e necessária a ser discutida nos dias de hoje que é a questão dos relacionamentos abusivos e tóxicos. Quem sofre com isso geralmente não quer acreditar, não consegue ver e acaba se sujeitando a essas situações”, alertou.
Já que a trama das 21h está em sua reta final, nós, que não somos bobos nem nada, fomos logo perguntando: o ator volta ou não volta para a continuação de “Verdades Secretas”?! “Acho que o Visky tá louco pra voltar e dar uma ‘pinta'”, disse misterioso sobre seu personagem icônico na trama de 2015. Com o papel, que caiu no gosto popular, o ator chegou a ter sua sexualidade colocada em xeque pelo público. A questão é vista com naturalidade por Cadete.
“O Visky sempre foi um personagem muito complexo, porque apesar dele se definir como gay, ele só teve relações heterossexuais na série. Ele se relacionou com a Lourdeca [Dida Camero], né?! ‘Que tipo de gay é esse?’, as pessoas se perguntavam. Então, sempre achei ótimo levantar esse debate, porque acho que sexualidade é muito mais complexo que isso de rótulos, por exemplo”, analisou. Um homem bem resolvido e sensato! Amei, achei tudo!
Confira a entrevista com Rainer Cadete na íntegra:
Hugo Gloss: Por que diabos o Téo foi questionar Josiane sobre as fotos dos assassinatos ao invés de ir para polícia?! Tava na cara que não era amor, era cilada! Kkkk
Rainer Cadete: Já tem até a trilha sonora, né?! [Risos] Olha, eu acho que ele acreditava realmente que poderia transformar a Jô através do amor. Pelo menos foi isso que me norteou mais ou menos. Mas, além disso, acho que esse personagem em toda sua trajetória falou de uma coisa muito urgente e necessária a ser discutida nos dias de hoje que é a questão dos relacionamentos abusivos e tóxicos. Os homens sofrem com isso, mas naturalmente por uma questão histórica e social, as mulheres acabam sendo muito mais vítimas. Diariamente a gente vê quantos casos de feminicídios, que normalmente acabam sendo resultado do ápice dessas relações. Então, quem sofre com isso geralmente não quer acreditar, não consegue ver e acaba se sujeitando a essas situações. Com toda essa audiência e podendo trazer essa discussão à tona pode ser um alerta para muitas pessoas.
HG: Com as últimas cenas exibidas, o público ficou frustrado e se divertiu muito ao ver que Téo caiu nas garras da Josiane outra vez e fez o famoso “papel de trouxa”. Prova disso é que os nomes dos personagens ficaram por muito tempo no topo dos trending topics do Twitter com o capítulo. Como tem sido a recepção do público nas ruas ao seu papel? Estão te dando muitos conselhos?
RC: Tá uma loucura! Até segunda-feira (28 de outubro), todo mundo falava para eu “abrir o olho” com a Josiane. Qualquer lugar que eu ia, de dentro do carro, no raio-x do aeroporto, sempre tinha alguém que falava. Agora, depois do capítulo de segunda (quando Téo foi atacado pela vilã com um picador de gelo), todo mundo pergunta “Ué, você tá vivo?!”. Eu acho muito legal porque dá pra ver o quanto a cultura da novela ainda tá presente, faz parte da rotina das pessoas e o que representa para a cultura popular brasileira. Acho que “A Dona do Pedaço” ainda trouxe um público que tava meio disperso em relação à televisão. Seja por causa da Vivi Guedes [Paolla Oliveira] junto com o meu personagem ou até a quantidade de memes que foram criados elas se conectaram mais à história. Que legal isso, né?!
HG: Bom, sites especializados já divulgaram que o desfecho de Josiane seria uma conversão para a igreja evangélica. Você gosta desse final?! Qual destino você idealizou para ela depois de tantas barbaridades?
RC: Olha, o final que espero para ela é de justiça, porque afinal de contas, a Josiane cometeu crimes e precisa pagar por eles. Mas não é bem um desejo, porque eu tô muito feliz com essa reta final da novela. É eletrizante, sabe?! O negócio pega fogo e tem muitas cartas na manga do Walcyr [Carrasco] ainda. É impressionante! A gente tem gravado muito e estamos felizes porque as cenas estão muito legais.
HG: Você acha que o público vai aprovar isso?
RC: Olha, eu já li o último capítulo e é muuito surpreendente! Só isso que eu posso te falar. Eu gostei muito e achei legal demais.
HG: E para o Téo? Você já imaginou como quer que ele termine na novela?
RC: Quero que o Téo seja feliz. Ele é um cara profissional, bom namorado, bom filho, bom irmão. Independente de encontrar um novo amor ou não. O cara merece ser feliz, né?!
HG: Na sua vida pessoal, você é como o Téo que se joga de cabeça nos relacionamentos? Já foi procurar por algo errado numa parceira e acabou descobrindo algo sério como o personagem?
RC: Eu sou super intenso e entregue, mas sempre repito para mim mesmo como se fosse um mantra, não fique perto de quem pode quebrar seu coração, mas sim de quem incentiva que você seja e dê o melhor de si. A gente tem tudo dentro da gente, e o que alimentamos interiormente é o que cresce. E nós somos seres sociais, não só amorosamente falando, mas também em amizade. As pessoas ao nosso redor podem alimentar o que somos. Então, quais são as qualidades dessas pessoas? O que elas acrescentam para mim? Eu tento ficar perto de quem pode ser bom para minha vida. Até hoje vem dando certo sem problemas e necessidade de procurar por algo errado.
HG: Falando de amor, você arranca suspiros de muita gente com seus cliques no Instagram. Esse coração aí tem vaga para uma nova paixão ou já está ocupado?
RC: Olha, te falar que não tô nem tendo tempo para pensar nisso com tantos episódios pra gravar, viu?! É muito intenso o ritmo das gravações. Então eu tô me dedicando só a isso e tô bem feliz.
HG: As cenas da tentativa de assassinato foram muito intensas… Como foram os bastidores da gravação?! Você e a Agatha Moreira tiveram algum combinado especial para levar ainda mais verdade para essa sequência?
RC: Tentar alcançar esse nível de verdade sempre é nosso objetivo naquele espaço de tempo. A gente tentou discutir o máximo sobre a cena entre nós dois e com os diretores. Isso se deu durante toda a novela, porque as gravações não são cronológicas. Então temos que pegar aquele texto e estudar, pensar para onde o personagem vai e ir “encaixando” as coisas para fazermos o que temos de melhor. É uma galera muito apaixonada pelo que faz que tá por trás disso tudo também, então acaba que isso “salta” para a televisão.
HG: Inclusive, como tem sido trabalhar com a Agatha Moreira depois do sucesso que vocês fizeram em “Verdades Secretas”?
RC: Ela é um amor! A gente se conheceu em “Verdades Secretas” e eu sempre torci muito por ela. Acho uma grande atriz, mulher, parceira. É muito legal poder dividir mais essa parceria com ela com tantas cenas bacanas. A rotina também é ótima! Tenho muita gratidão por poder trabalhar ao lado de amigos, é uma sorte. Sem falar que ela tá fazendo um trabalho incrível. Nós dois temos vivido aquilo ali com o máximo de verdade possível.
HG: E por falar em “Verdades Secretas”, a gente já pode contar com sua presença na sequência da trama? Todo mundo quer ver o Visky de novo!
RC: Então, eu tô torcendo muito para que dê certo. Acho que o Visky tá louco para voltar e dar uma “pinta”. Tá todo mundo comentando e pedindo, então já tô na torcida para que tudo dê certo.
HG: Você já sabe alguma coisa sobre “Verdades Secretas 2”?
RC: Não tenho ainda, infelizmente! Mas espero que isso mude em breve e eu possa te contar muita coisa logo.
HG: Por conta do seu personagem em “Verdades Secretas”, muitas pessoas se confundiam com a realidade e a ficção e passaram a questionar sobre sua sexualidade. Isso te incomodou de alguma forma? Ainda acontece hoje em dia?
RC: De forma alguma, isso nunca me incomodou, seja naquela época ou agora. O Visky sempre foi um personagem muito complexo, porque apesar dele se definir como gay, ele só teve relações heterossexuais na série. Ele se relacionou com a Lourdeca [Dida Camero], né?! “Que tipo de gay é esse ?”, as pessoas se perguntavam. Então, sempre achei ótimo levantar esse debate, porque acho que sexualidade é muito mais complexo que isso de rótulos, por exemplo.
HG: A gente adora ver que você é um paizão super presente na vida do Pietro. Como é a relação de vocês? Ele gosta do fato de você ser ator? Ele já expressou alguma vontade de seguir os rumos artísticos também?
RC: Ser pai é uma coisa incrível, um amor muito louco! Meu filho já está com 12 anos. É um menino ótimo e é muito bom poder compartilhar a vida com ele, ser pai dele. É muito amor, afeto. Nosso tempo juntos sempre tem muita qualidade, ele é meu parceirão. Não tem como falar dele e não me derreter. Sobre talvez ser ator, eu percebo que ele tem um senso muito crítico para questões técnicas, o lado psicológico dos personagens. Eu acho muito bacana, principalmente levando em consideração a idade dele. Mas o Pietro cresceu nas coxias dos teatros, né?! Às vezes ele passa cena comigo, e é muito legal. Mas vamos ver, se ele quiser ser, vou apoiar completamente.
HG: Bom, depois de “A Dona do Pedaço”, vai rolar as merecidas férias ou você já vai emendar em algum novo projeto? O que vem aí em 2020?
RC: Olha, tem alguns filmes para estrear. Um é o “Carcereiros – O Filme” no dia 28 de novembro, que eu faço o Príncipe, líder de uma facção criminosa em guerra com uma outra facção dentro da prisão. E é bem diferente de tudo que eu já fiz, um outro universo. Tô com uma expectativa muito boa! Também tem o “Virando a Mesa”, que eu gravei com a Monique Alfradique, que aliás entrou na novela agora e é uma excelente parceira de cena. E o “Cidade do Medo”, que eu interpreto o Caio, que é soldado de uma UPP e youtuber.