Entrevista: Sandra Echeverría fala sobre desafios de viver Paola e Paulina no remake de “A Usurpadora”, e revela truques para gravar irmãs gêmeas; assista

Lançada originalmente em 1998, a telenovela “A Usurpadora” marcou uma geração e se tornou um verdadeiro fenômeno tanto no México, seu país de origem, como no Brasil. Prova disso é que o folhetim, reprisado diversas vezes nas telinhas, ganhou um remake! Sandra Echeverría, nova intérprete das icônicas Paola e Paulina, bateu um papo com o hugogloss.com e falou sobre o desafio e a responsabilidade de assumir o papel das gêmeas, marcado pela atuação de Gaby Spanic.

Acredite ou não, mas Sandra hesitou em aceitar o convite, num primeiro momento, ao descobrir que o projeto se tratava de um remake. “A proposta chegou a mim há um tempo, através da minha produtora, Carmén Mendares, da Televisa e eu, de verdade, não estava muito contente com a ideia de fazer um remake, porque sempre há julgamentos, tipo ‘você nunca vai fazer igual a outra atriz que fez a primeira versão’. Mas me disseram: ‘Leia o roteiro, porque é completamente diferente, são apenas 26 capítulos’. Então comecei a ler e fiquei encantada com a história, e eu lia, lia e dizia: ‘Uau, é completamente diferente'”, lembrou.

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A nova versão começa quando a mexicana Paola Miranda se torna primeira-dama. Ela, entretanto, não é feliz no casamento com Carlos Bernal (Andrés Palacios), não suporta o enteado, Emilio (Germán Bracco), e mal consegue se relacionar com a filha Lisette (Macarena Oz). A personagem então descobre que é adotada, o que a motiva a procurar a história de sua família biológica e a encontrar sua irmã gêmea que mora na Colômbia, chamada Paulina Doria — com quem mais tarde, acaba trocando de lugar.

“Eu adoro essa volta que eles dão com a política, porque a primeira-dama está casada com o presidente e eles buscam a irmã dela que está na Colômbia. Eu tive que fazer dois sotaques — um colombiano e o outro mexicano, e aí começa o jogo de trocar uma com a outra. A verdade é que eu me apaixonei pela história. É muito estranho, porque quando saiu o primeiro capítulo, as pessoas disseram: ‘Não, não queremos ver a Sandra, Gaby Spanic é a única que vai fazer ‘A Usurpadora’. E eu dizia: ‘Ai, eu não quero ver as críticas, não quero ver as críticas’. Mas aconteceu algo muito diferente, porque depois, as pessoas se encantaram e colocaram mais expectativa e realmente rompemos recordes de audiência aqui no México, graças a Deus”, celebrou ela.

No remake, Paola é mais amarga, obscura e raivosa que a interpretada por Spanic. Essa mudança, entretanto, não aconteceu por acaso. “O que tentamos fazer, tanto o diretor quanto eu, foi criar uma personagem mais humana, entendendo que ela vem de uma família a qual realmente se sente abandonada, porque a mãe tem que deixar uma das irmãs, porque não tem dinheiro. Então, Paola cresce com esse ressentimento, com essa dor de não ter uma família unida, de não ter sua mãe biológica, e é por isso que ela tem tanta mágoa, nojo e raiva. O que fizemos realmente foi tirar esse nojo por esse lado e, de repente, quando ela se encontrar com sua mãe — que vai acontecer mais pra frente — ela se rompe e chega esse amor que nunca tinha sentido por ninguém mais”, contou Echeverría.

“A Paola tem muitas nuances, o que eu gosto, porque me diverti muito com ela. Ela tem boas frases de efeito e também se diverte e bebe muito, toma muitos remédios, drogas, álcool, então sempre está com uma ansiedade muito grande, mas ao mesmo tempo tem o coração despedaçado e tem muita dor, e toda essa emoção que vão ver mais pra frente, mas é uma personagem que me encantou, porque eu nunca havia sido uma antagonista, e fazer uma antagonista como a Paola, foi para mim, o máximo”, acrescentou.

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Questionada sobre como é encarar essas mudanças de personagem, a atriz caiu no riso e classificou o processo como sendo desafiador. “Eu ficava louca! A verdade é que essa é a personagem mais complicado que já fiz, o projeto mais complicado, exatamente por isso, porque era um ir e vir dos personagens, era jogar com dois sotaques diferentes, uma tinha um sotaque colombiano, a outra, um sotaque mexicano… Eu fazia o sotaque colombiano como Paulina e tinha que voltar para o mexicano. Outra coisa muito complicada, era fazer as cenas com as duas irmãs juntas. O que fazíamos era gravar primeiro uma personagem, aí colocavam uma bola de tênis fora do set, para que eu pudesse olhar como ponto de referência, e eu atuava, gritava e chorava olhando para uma bola de tênis. As pessoas no set me viam como uma louca”, brincou.

A experiência, entretanto, foi muito enriquecedora para Sandra. “Foi realmente um exercício de concentração, porque tem que pensar e dar tudo de si para uma bola de tênis. Os movimentos são muito precisos, porque eu tenho que me mover em certos pontos, em certos lugares para que realmente encaixe a filmagem de Paulina e de Paola na edição, então era um trabalho muito específico, de movimento, de emoções, de concentração, mas a verdade é que aprendi muito, muito, muito”, avaliou.

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As gêmeas Paola e Paulina no remake de “A Usurpadora”. (Foto: Divulgação)

“O Clone”

Além de dar vida às protagonistas de “A Usurpadora”, Sandra também interpretou Jade na versão colombiana de “O Clone”! A personagem, interpretada por Giovanna Antonelli, foi lembrada, inclusive, com muito carinho pela artista. “Essa foi minha história favorita da vida! Quando recebi o convite, comecei a assistir os capítulos da versão brasileira e me apaixonei pela história. Eu pensei: ‘Essa atriz é maravilhosa, nunca vou poder ser como ela, ela dança muito bem’. Eu admiro muito ela, de verdade, por ter sido tão maravilhosa, tão natural. Ela dançava espetacularmente bem, tudo dela me parecia um máximo, sou super fã. Então, eu tratei de fazer minha versão e dar o melhor de mim e a novela foi muito bem em todos os países da América Latina, a versão em espanhol foi um grande hit. Fiquei muito orgulhosa de ter feito isso e bem, obrigada a vocês, por criarem histórias espetaculares”, declarou.

Carinhosa, ela seguiu rasgando elogios às produções brasileiras. “Parece que vão voltar a reprisar ‘O Clone’ na televisão aqui. Foi um fenômeno espetacular e a história é tão bonita e realmente, tudo vindo de vocês, brasileiros, que tem tanta criatividade, tanto talento para escrever, para criar produtos que são espetaculares e suas produções, de verdade, deixam, como dizemos aqui no México: ‘Deixam os padrões muito elevados’. Porque a qualidade é muito alta e temos que tratar de chegar perto de vocês!”, afirmou.

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Sandra caracterizada como Jade na versão colombiana de “O Clone”. (Foto: Divulgação)

Novo filme

Durante a conversa, Echeverría também antecipou alguns detalhes sobre um novo filme que estrelará, da Amazon Prime Video. O drama aborda como tema principal o tráfico de mulheres e chegará às telas no ano que vem. “A história é muito interessante, porque fala de algumas mulheres que vão viajar para Porto Rico e ficam em um Airbnb. Acontece que o dono desse Airbnb, o anfitrião — interpretado por Pedro Capó, que é cantor e também um grande ator — é um traficante de mulheres. Então o filme começa como comédia, mas termina sendo um drama muito forte. E eu gostei muito do projeto porque é realmente um tema que está acontecendo atualmente por todos os lados e acredito que é importante passarmos a mensagem, para que nós mulheres tenhamos cuidado e que os homens também aprendam a nos respeitar mais”, enfatizou.

Carreira musical

Multitalentosa, Sandra também canta e lançou, recentemente, o single “No Te Dejes Engañar”. A música, para a artista, tem suma importância, e ela se mostrou muito grata aos fãs brasileiros que apoiam esse outro lado de sua carreira. “Esse é meu último single, eu lancei há algumas semanas e lançamos também uma canção, uma rumba, com a parceria do ‘Grupo Canaveral’, não sei se você conhece os conhece… e tem uma outra canção muito bonita que se chama ‘Dos Ojos’ que é para dançar, e vocês podem escutar em todas as plataformas digitais!”, avisou.

“Tenho muitos fã clubes do Brasil que me seguem. Eu quero mandar muitos beijos e abraços, porque estão sempre abertos para mim, me apoiando, e cumprimento eles com todo meu coração. Eu canto desde que tenho nove anos,  meu sonho sempre foi cantar, mas a vida me levou para diferentes caminhos e terminei sendo atriz. Agora estou retomando minha carreira musical e estou realmente desfrutando muito, cantando por todos os lados, e já, já vou estar indo cantar no Brasil”, prometeu.

Muito simpática, ela ainda se arriscou no português, língua que aprendeu um pouco com a ajuda do pai. “Meu pai sabe um pouquinho, então ele em algum momento me ensinou algumas palavras, mas na verdade, muito pouco. Outro dia, eu mandei uma mensagem em português que dizia: ‘Estou muito grata que vocês vêem ‘A Usurpadora’ e o que mais dizia? Não me recordo, mas, era… ‘um abraço a todos meus amigos do Brasil’. Eu vou praticar mais porque tenho, como te disse, muitas pessoas que me seguem do Brasil, e eu tenho que aprender mais coisas em português”, comentou.

Por fim, Sandra, que visitou o Brasil tempos atrás, se mostrou ansiosa para voltar! “Fui ao Rio há muitos anos, muitos, muitos anos, com meu pai e eu amei a praia, o clima, as pessoas nas bicicletas e o pão de queijo, que me fascina… Mas nada mais, não pude conhecer mais, mas tenho muita vontade de voltar e espero que, em pouco, aconteça”, vislumbrou. Fofa!

Assista ao bate-papo na íntegra: