Ameaça de morte, arma e fogos de artifício: testemunha dá relato tenso de ataque contra Luan em motel

Torcedores pediram a rescisão imediata do jogador, que tem contrato até o fim desta temporada

Luan

Uma testemunha contou em depoimento à Polícia Civil de São Paulo que um dos membros da torcida organizada Gaviões da Fiel estava armado e ameaçou matar o atleta Luan Guilherme, meia do Corinthians. O jogador foi agredido por torcedores e retirado à força do motel Caribe, na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, na madrugada desta terça-feira (4).

No boletim de ocorrência da polícia obtido pelo g1, a pessoa descreve o momento em que sete torcedores invadem o quarto. “Vou matar o Luan, vou matar vocês, aqui é da Gaviões”, teria dito um dos criminosos. “Safado, vagab*ndo. Se não sair do Corinthians, vamos te matar”, disparou outro. Um dos suspeitos, com moletom azul e máscara de ninja, estaria armado e apontando o revólver para Luan.

Ainda de acordo com o relato, além das ameaças e agressões, o grupo teria soltado fogos de artifício no estacionamento do local. O jogador e dois amigos constam no registro como vítimas. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra a agressão, quando os torcedores “exigem” que o jogador rescinda imediatamente o contrato com o Corinthians. Luan estava no motel acompanhado de cerca de cinco amigos e quatro mulheres, e sofreu ferimentos na região da costela.

Os funcionários do motel afirmaram que foram “rendidos” pelos criminosos armados e não conseguiram impedir a ação. Um motorista de aplicativo teria revelado a localização de Luan para os membros da Gaviões da Fiel. “As vítimas relatam que estavam realizando uma festa no local, sendo que uma das meninas teria dito ao motorista de aplicativo sobre a tal festa, este por sua vez repassou a outras pessoas e tal informação teria chegado à torcida organizada Gaviões da Fiel”, diz o registro.

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Com a ajuda de vídeos e fotos que circularam nas redes sociais, a Polícia Civil identificou sete suspeitos da invasão ao motel e das agressões contra Luan. Segundo o delegado Daniel José Orsomarzo, os registros foram tirados de uma lanchonete no centro de São Paulo, e mostram sete pessoas com os rostos descobertos. O autor da publicação escreveu na legenda: “Alvo encontrado com sucesso. Vontade de 37 milhões de loucos”. Agentes também já visitaram o motel que foi cena do crime e solicitaram imagens de câmeras de segurança, que devem auxiliar na investigação.

As autoridades suspeitam que pelo menos alguns dos responsáveis integram a diretoria da torcida organizada. Até o momento, o atleta não registrou queixa. Por lei, o jogador tem até seis meses para denunciar seus agressores. Apesar disso, a Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva foi acionada pela diretoria do clube paulista.

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Luan e Corinthians se manifestam

No Instagram, Luan se manifestou e compartilhou uma imagem da roupa ensanguentada, resultado do ataque. Além de mostrar a peça de roupa, o atleta, que tem evitado o uso de plataformas online, escreveu na legenda: “Não é só futebol”.

Luan Guilherme expõe resultado das agressões. (Foto: Reprodução/Instagram)

Após o incidente, o clube paulista repudiou a ação dos agressores e lamentou o ocorrido. “O Sport Club Corinthians Paulista recebeu com tristeza e indignação a informação de que o atleta Luan foi agredido por supostos torcedores na madrugada desta terça-feira (04), em São Paulo. O clube acompanha a apuração dos fatos e está oferecendo todo o suporte necessário ao jogador, como sempre fez desde a sua chegada, em 2020. Depois de mais um repugnante caso de violência, o Corinthians lamenta o atual momento de intolerância que domina o futebol brasileiro. Nada justifica a agressão covarde sofrida pelo atleta”, afirma a nota.

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Luan Guilherme foi contratado em 2020 por R$ 28,9 milhões e recebe um dos maiores salários do atual elenco. Em 2022, o Corinthians fechou o ano devendo R$ 4,5 milhões ao meia por direitos de imagem. A última partida de Luan pelo time foi em fevereiro do ano passado, acumulando 80 jogos, 11 gols e cinco assistências. No início deste ano, ele pediu uma chance ao técnico Vanderlei Luxemburgo. Segundo o treinador em entrevista, ele só não foi escalado ainda “porque a torcida não quer”. 

Há poucos dias, o presidente do clube, Duilio Monteiro Alves, disse que gostaria de rescindir o contrato do jogador, mas alegou que o time não tem dinheiro para fazer um acordo, pois teria que pagar os seis meses restantes de salário de uma só vez.

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