Daniel Alves: Advogada de acusação revela como cliente reagiu à absolvição do jogador e critica decisão: “Retrocesso jurídico e social”

Decisão unânime da Justiça espanhola liberou o ex-jogador

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A decisão da Justiça da Catalunha de absolver Daniel Alves por agressão sexual deixou a acusante devastada. A advogada da denunciante, Ester García, classificou a sentença desta sexta-feira (28) como um “retrocesso” e demonstrou preocupação com o impacto do veredito sobre outras vítimas.

Em entrevista ao UOL, a advogada afirmou que sua cliente ficou sabendo da condenação pela imprensa, antes mesmo de ser informada oficialmente por sua defesa. O ex-jogador havia sido condenado em fevereiro de 2024 a quatro anos e meio de prisão pelo estupro de uma jovem em uma boate de Barcelona, em 2022. Ele estava em liberdade desde março do mesmo ano, após pagar fiança.

“A sentença é um retrocesso em nível social e jurídico em relação à luta contra a violência sexual”, declarou García, que criticou a forma como a Justiça espanhola avaliou o depoimento da denunciante. Segundo o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC), os juízes apontaram “falta de fiabilidade do depoimento da autora” e alegaram que parte do relato não correspondia aos registros em vídeo.

A advogada rebateu: “Essa sentença não se ajusta às reformas legislativas que houve nos últimos anos para erradicar a violência sexual e me preocupa, porque pode inibir que muitas mulheres que sofrem ataques a denunciarem”.

A advogada também relatou que sua cliente soube da decisão enquanto participava de uma reunião de trabalho e procurou imediatamente seu escritório. “Não consigo descrever a cara que ela tinha quando entrou no meu escritório hoje: decepcionada, triste, sentindo-se questionada”, afirmou. Segundo García, a sensação foi de reviver o trauma: “De alguma maneira ela sentiu-se como se tivesse voltado ao banheiro onde os fatos aconteceram”.

Daniel Alves durante julgamento, no ano passado, em Barcelona. (Foto: Reprodução/GE)

Questionada sobre a possibilidade de recorrer, García disse que a equipe jurídica ainda não discutiu o assunto com a cliente, mas adiantou que há intenção de seguir adiante. “Juridicamente, cabe a possibilidade de recorrer ao Tribunal Supremo. Hoje não tivemos tempo para conversar com minha cliente sobre isso, nosso trabalho com ela hoje era outro, e não pensar num recurso”, explicou.

“Temos que recorrer desta sentença, digo isso de forma contundente. Mas temos que levar em conta o fato de que minha cliente tem que estar disposta a suportar mais sofrimento durante o tempo que pode durar o recurso. Porque nosso objetivo é sua recuperação emocional”, completou.

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A decisão desta sexta-feira também rejeitou, por unanimidade, os recursos apresentados pela Promotoria de Barcelona e pela acusação particular, que pediam aumento da pena de Alves para nove e doze anos, respectivamente. Os juízes decidiram absolver o ex-jogador, revogaram as medidas cautelares impostas e declararam extintas as custas processuais. Desde o início do caso, os advogados da jovem pediam pena sem direito a fiança. A nova sentença anulou completamente a condenação e negou as solicitações da promotoria.

Com a absolvição, Daniel Alves continua em liberdade. Ele havia deixado a prisão no ano passado após pagar fiança de um milhão de euros, valor viabilizado por sua então esposa, a modelo Joana Sanz. A defesa do ex-jogador ainda não se pronunciou publicamente sobre a nova decisão. Leia a sentença, clicando aqui.

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