A ex-ginasta Lais Souza revelou que já sofreu abuso sexual por cuidadores que deveriam zelar por sua saúde. Em um papo com Rodrigo Mussi, no podcast “Café com Mussi“, a ex-atleta, atualmente com 34 anos, relembrou que, após o acidente que a deixou tetraplégica, muitos profissionais se aproveitaram de sua vulnerabilidade para praticar delitos contra ela.
Durante a conversa, o participante do “BBB22” e a esportista conversaram sobre as consequências do trauma ocorrido às vésperas da Olimpíadas de Inverno de Sochi 2014. Um dos resultados, segundo ela, foi a convivência com “cuidadores que não foram legais”. “Já fui abusada antes, quando tinha quatro anos, e depois do acidente, que foi quando realmente fiquei super vulnerável. Eu estava totalmente vulnerável: deitada, dormindo… não estava nem vendo o que estava rolando”, recordou.
Lais explicou que as pessoas se beneficiavam do fato de ela não ter 100% de sensibilidade no corpo. “Se eu deitar de barriga, acabou, não sei o que está rolando porque tenho pouca sensibilidade. São muitos procedimentos que preciso fazer de barriga para a baixo. Isso é só um exemplo”, esclareceu.
“A maioria [dos abusos] foi quando eu estava quase dormindo”, detalhou. Ela ainda apontou que, nesse caso, o gênero dos cuidadores não foi um fator determinante, já que ela sofreu violência tanto de homens, quanto de mulheres. “Aconteceu com homem e com mulher. Com homem gay, mulher gay… é uma parada estranha, mas a gente tem que se educar e ‘ver’ mais essas coisas”, continuou.
Ela ainda ressaltou: “Quem já passou por isso sabe que quem tem que ouvir é o homem hétero, mas também a população em geral. Nosso corpo é nosso corpo, não tem que ser invadido”.
A medalhista também confessou ter ficado ansiosa após denunciar seus assediadores: “Simplesmente denunciei. Em alguns casos, me deu medo. Fiquei com medo de a pessoa vir atrás e me matar. Não [houve ameaça], só medo e insegurança mesmo”.
Por fim, Lais lamentou a forma como a experiência terminou gerando outros impactos negativos em sua vida. “Minha confiança é bem abalada. Para confiar em alguém, tenho saber realmente quem está ali, conversando, convivendo… quando vai entrar um cuidador, a gente fica um bom tempo treinando. Explico para ele como quero. Deixo cada coisa no seu lugar para que não tenha nenhum pontinho em que ele precise dar um passo para lá que eu não saiba”, afirmou. E concluiu: “Tento fazer com que tudo esteja no meu controle”. Assista à entrevista completa: