A maratonista ugandesa Rebecca Cheptegei morreu nesta quinta-feira (5), aos 33 anos, quatro dias depois de seu ex-namorado, Dickson Ndiema, ter colocado fogo em seu corpo. A notícia foi confirmada pelo diretor da UTI do Moi Teaching and Referral Hospital (MTRH), Kimani Mbugua, onde a atleta estava internada em estado grave.
“Os ferimentos cobriam a maior parte de seu corpo. Isso levou à falência múltipla de órgãos. Fizemos o nosso melhor, mas não tivemos sucesso”, declarou o diretor. “Considerando a idade e as queimaduras em mais de 80% do corpo que ela sofreu, a esperança de recuperação era pequena”, explicou.
Segundo Mbugua, o óbito ocorreu por volta de 5h30 (horário local), na cidade de Eldoret, no Quênia. O pai de Rebeccca, Joseph Cheptegei, informou que ela vivia com sua irmã e as duas filhas em uma casa construída na localidade de Endebess, a 25 km da fronteira com Uganda.
O que diz o B.O
O boletim de ocorrência do caso revelou detalhes sensíveis. De acordo com o documento, Dickson invadiu a casa da maratonista no domingo (1º), enquanto ela estava na igreja com as filhas. Quando elas retornaram para a residência, o suspeito jogou gasolina no corpo da atleta e ateou fogo na frente das filhas dela, de 9 e 11 anos.
A informação foi confirmada pelo comandante da polícia do Condado de Trans-Nzoia, Jeremiah ole Kosiom. A dupla foi socorrida por vizinhos, que ouviram o embate e os gritos de socorro, e levada para o hospital. Rebecca teve 75% do corpo queimado, e o homem também ficou ferido.
O boletim também apresentou Rebecca Cheptegei e Dickson Ndiema Marangach como “um casal que constantemente tinha discussões familiares”. Em um relatório registrado pela polícia local e obtido pela Associated Press, os dois teriam discutido sobre o terreno onde a casa da maratonista olímpica foi construída.
Ao jornal local The Standard, Kosiom ainda informou que a polícia apreendeu “uma lata de cinco litros” pertencente a Dickson e “um celular queimado que se acredita ser de Rebecca” para análise forense. As autoridades afirmaram que o caso está sendo investigado.
Os dirigentes do atletismo e ativistas dos direitos das mulheres condenaram o assassinato. O presidente do Comitê Olímpico da Uganda, Donald Rukare, denunciou o ocorrido em uma mensagem no X. “Um ato covarde e sem sentido que provocou a perda de uma grande atleta. Condenamos de modo veemente a violência contra as mulheres”, afirmou.
A Athletics Kenya, confederação de atletismo do Quênia, apontou que “a morte prematura e trágica é uma perda profunda” e exigiu “o fim da violência de gênero”.
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