Olimpíadas 2024: Caio Bonfim chora e dá depoimento forte após medalha inédita do Brasil: ‘Xingado desde o 1º dia que marchei na rua’; assista

Atleta fez história ao conquistar o segundo lugar na modalidade, sendo esta a primeira vez que o Brasil subiu ao pódio

É do Brasil! Caio Bonfim se emocionou ao comentar sua vitória na marcha atlética 2okm, nesta quinta-feira (1), nas Olimpíadas de Paris 2024. O atleta fez história ao conquistar a medalha de prata, sendo esta a primeira do país na modalidade. Em meio às lágrimas, ele recordou os triunfos de sua carreira, e citou as dificuldades que já enfrentou no esporte.

Em entrevista à Cazé TV, Bonfim mencionou a dedicação que teve para garantir o pódio. “Eu falei: ‘E aí, cara, é isso que você pode fazer? Ficar entre os dez melhores do mundo? É lindo, maravilhoso, tenho muito orgulho. [Mas] você pode mais’. Eu fiz um compromisso comigo, sabe?”, iniciou.

O brasileiro, então, abordou o preconceito que já sofreu devido ao esporte e os xingamentos que recebia. “E aí o cara perguntou: ‘Foi difícil essa prova?’. Não, difícil foi desde o dia que eu fui marchar na rua pela primeira vez, e fui xingado. E eu falei: ‘Não, eu estou pronto, pai. Eu quero ser marchador’. Quando eu falei isso pro meu pai, foi o dia que eu decidi ser xingado sem ter problema. E ali eu larguei pra esse dia”, explicou ele, com a voz embargada.

“São quatro olimpíadas, cara. Terminei carregado em uma cadeira de rodas em 2012, e quarto [lugar] no meu país, com a minha família. [Já fiquei] em décimo terceiro, e hoje aqui. Medalhista olímpico. Esse momento eterno. Você sabe o tanto que é difícil, tem que ter muita coragem para viver de marcha atlética. E hoje eu sou medalhista olímpico. Valeu a pena pagar o preço”, declarou Caio.

Caio Bonfim ganha medalha inédita para o Brasil na marcha atlética, nas Olimpíadas de Paris 2024 (Foto: Alexandre Loureiro/COB)

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Em seguida, o atleta dedicou a vitória à sua mãe, Gianetti Bonfim, que também é sua treinadora e oito vezes campeã brasileira. “Em 2012, eu falei: ‘Mãe, quem disse que você não é atleta olímpica?’. E hoje eu pude falar pro meu pai e para minha mãe ‘nós somos medalhistas olímpicos'”, celebrou.

“Não é fácil. No meio da prova, você olha e fala: ‘Meu Deus, ainda estou em décimo [lugar]‘. Chegou a hora de eu mostrar aqui. Você tem que lidar com tanta coisa, mas eu senti a mão de Deus segurando em mim, falando: ‘Vamos, cara'”, salientou Bonfim em meio às lágrimas.

Assista e confira a vitória de Caio:

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Já em um papo com a Globo, Caio Bonfim refletiu sobre vir de uma família de atletas. “Todo mundo um dia viu a marcha atlética e achou estranho. Eu não, porque era a profissão da minha mãe. Cresci com isso, era normal. Ela fez índice para Atlanta-1996, mas teve mudança de critério e ela não foi. Quando eu fui pra Londres, falei para ela: ‘Quem disse que você não foi para as Olimpíadas?’. Hoje, estamos em nossa quarta Olimpíadas e posso dizer para ela: ‘Nós somos medalhistas olímpicos'”, ressaltou.

“Não estou acreditando. Obrigado ao Brasil, a todos que trabalharam comigo. É muita gente que a gente representa aqui.  E chegar hoje aqui, com muita raça. Nessa prova não estamos brincando de rebolar, somos uma potência, somos medalhistas olímpicos”, acrescentou o brasileiro. Na sequência, ele mencionou como sua conquista pode influenciar outras pessoas que queiram seguir no esporte.

Brinco que o Brasil tem dois esportes: o futebol e o outro que está ganhando. Se quer aparecer tem que estar nesse outro que está ganhando. Então se você quer aparecer, você tem que estar naquele que está ganhando. Agora, somos medalhistas, tomara que essa medalha possa abrir portas e ter mais investimento. Projeto bom é o que dá oportunidade, e essa medalha dá oportunidade para quem quer fazer marcha atlética e viver dela“, pontuou o campeão.

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Bonfim ainda entregou como reagiu à falta de punição aos seus adversários, enquanto ele concluiu o trajeto com duas. “Sempre sofri com isso, um preconceito. Você vê que na câmera de chamada chamam cinco atletas, quatro são europeus, em uma prova europeia. E aí tem dois sul-americanos liderando a prova? Alguém tinha que tomar falta. Mas sou brasileiro, não desisto, é na raça. Consegui manter a técnica, equilíbrio e levar essa medalha pra casa”, completou.

Na disputa, o ouro ficou com o outro atleta sul-americano, Braian Pintado, do Equador. O primeiro colocado fez a prova em 1h18min55s, enquanto Caio terminou com 1h19min09s. Alvaro Martin, por sua vez, conquistou o bronze para a Espanha, com uma diferença de apenas dois segundos do brasileiro.

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