Jordan Chiles acredita que imagens do documentário de Simone Biles na Netflix podem ser a prova cabal da luta para recuperar a medalha de bronze das Olimpíadas de Paris. A norte-americana perdeu o terceiro lugar após a romena Ana Barbosu entrar com um recurso.
Durante a competição pelo Solo Individual no dia 5 de agosto, Chiles recebeu inicialmente um somatório que a colocou em quinto lugar. No entanto, sua treinadora, Cecile Landi, rapidamente enviou uma contestação aos juízes para reavaliar a pontuação de dificuldade, o que a colocou à frente de duas ginastas romenas.
Chiles chegou a receber a medalha de bronze na cerimônia, mas o Tribunal Arbitral do Esporte (CAS) decidiu que Landi havia se atrasado quatro segundos para entregar o inquérito e retirou o bronze da norte-americana.
Porém, de acordo com documentos judiciais obtidos pela revista People nesta segunda-feira (16), trechos da série “O Retorno de Simone Biles” capturadas em Paris podem provar que a treinadora de Chiles enviou o pedido de revisão a tempo. No processo, o advogado Maurice M. Suh apresentou imagens da Religion of Sports, a produtora por trás do seriado documental de Biles, e da diretora Katie Walsh, que, segundo ele, comprovam o “momento exato” em que Landi mencionou o nome de Chiles.
A nova ação argumentou que a treinadora declarou pela primeira vez que gostaria de uma “investigação para Jordan” 49 segundos após o resultado ser divulgado, o que se enquadra no prazo de 60 segundos concedido para apelações.
Landi não pode ser vista na filmagem fornecida ao tribunal, mas o processo alegou que a profissional “clara e audivelmente” declarou “uma objeção oral pela primeira vez” 49 segundos após o resultado. O advogado também disse que a filmagem mostra dois “assistentes técnicos” fazendo “contato visual com Landi e acenando para ela para indicar o recebimento da queixa verbal”.
Segundo o representante da ginasta, o CAS “violou o “direito fundamental de Chiles de ser ouvida” ao se recusar a considerar as evidências em vídeo que mostravam que seu pedido de revisão foi enviado no prazo”. A equipe jurídica da ginasta ainda argumentou que o presidente do CAS, Hamid G. Gharavi, teve um “sério conflito de interesses” no assunto entre Chiles e Barbosu, já que ele atuou como advogado da Romênia por quase uma década e foi um “representante ativo da nação na época da decisão” da retirada da medalha de Chiles.
“Os apelos de Jordan Chiles apresentam à comunidade internacional uma questão jurídica fácil: todos ficarão parados enquanto uma atleta olímpica que fez apenas a coisa certa é destituída de sua medalha por causa de injustiça fundamental em um processo de arbitragem? A resposta a essa pergunta deveria ser não. Cada parte das Olimpíadas, incluindo o processo de arbitragem, deve defender o jogo limpo”, alegou Suh.
Uma carta também foi protocolada em apoio ao apelo de Chiles pelo Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOPC). Em uma declaração, a USA Gymnastics disse que a organização tomou uma “decisão coletiva e estratégica de ter Jordan liderando o processo inicial”.
Simone Biles se manifesta
Em entrevista à revista People, Simone Biles comentou a decisão da CAS e afirmou esperar justiça para a colega de equipe. Simone comentou que mantém contato frequente com a ginasta e que a aconselhou sobre o assunto. “Conversei com ela em um dos dias e falei: ‘Quer saber, Jordan, você tem que sentir todas essas sensações. Não deixe que essas emoções a impeçam de fazer nada. Esta será a maneira mais saudável de lidar com tudo isso”, pontuou.
Entretanto, a atleta, que é uma das maiores medalhistas da história da modalidade, não concorda com o resultado. “Achamos que eles fizeram os procedimentos corretos para chegar a essa decisão? Não. É por isso que queremos justiça para Jordan e continuaremos a apoiando e a reerguendo”, finalizou.
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