A boxeadora italiana Angela Carini se desculpou após abandonar uma luta contra Imane Khelif, da Argélia, durante as Olimpíadas de Paris. Ontem (1º), ela já havia negado que desistiu por conta de polêmicas envolvendo a adversária, que foi anteriormente reprovada em testes de gênero e autorizada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) a competir nos Jogos. Já nesta sexta-feira (2), Carini afirmou que gostaria de se retratar com a rival.
“Toda essa polêmica com certeza me deixou triste, e também tive pena da minha adversária, ela não teve nada a ver com isso e assim como eu só estava aqui para lutar”, começou a italiana em entrevista ao jornal “La Gazzetta dello Sport”. “Não foi intencional, na verdade peço desculpas a ela e a todos. Fiquei com raiva, porque meus jogos já tinham virado fumaça. Não tenho nada contra Khelif e, pelo contrário, se a encontrasse novamente, daria um abraço”, acrescentou.
Carini ainda comentou diretamente as acusações de que teria se retirado da luta em boicote à Khelif. “Se o COI disse que ela pode lutar, eu respeito essa decisão”, concluiu.
Ela já tinha se pronunciado sobre o ocorrido assim que saiu da competição. “Não sou ninguém para julgar e não tenho nada contra a minha adversária. Eu tinha uma tarefa e a executei mesmo que ela não conseguisse. Tudo o que aconteceu antes da reunião não teve absolutamente nenhuma influência”, ressaltou, de acordo com a CNN.
Emanuele Renzini, técnico da boxeadora italiana, confirmou que ela chegou a ser convidada a participar de um boicote a Imane, mas recusou. “Angela recebeu centenas de mensagens, inclusive nas redes sociais, convidando-a a não lutar pela sua segurança e a fazer sinal de protesto. A argelina está aqui porque o COI tomou esta decisão, que é muito difícil de tomar porque o caso é complicado. Ela também certamente tem sofrido com tudo o que está acontecendo”, pontuou.
A luta repercutiu nas redes sociais, especialmente pelas últimas polêmicas em torno do nome de Khelif. No ano passado, tanto a argelina quanto a taiwanesa Lin Yu-ting foram desclassificadas do campeonato mundial de boxe, em Nova Delhi, na Índia, por apresentarem níveis elevados de testosteronas em seus sistemas.
Igor Kremlev, presidente da Associação Internacional de Boxe (IBA), disse à agência de notícias russa Tass que os testes de DNA das atletas indicaram “que elas tinham cromossomos XY e foram, portanto, excluídas dos eventos esportivos“. O presidente ainda afirmou que foram identificadas “várias atletas que tentaram enganar as colegas e se fingir de mulheres“. Em junho daquele ano, o COI anunciou que a IBA acabou banida do circuito olímpico por apresentar falhas recorrentes em integridade e transparência na governança, acusada de manipulações de resultados e corrupção.
Após a vitória de Khelif, alguns famosos criticaram o Comitê Olímpico Internacional nas redes sociais. O Comitê Olímpico da Argélia também se manifestou sobre os comentários e publicações a respeito do gênero de Khelif. Saiba mais detalhes, clicando aqui.
Diferente das informações falsas compartilhadas nas redes sociais, a atleta nunca se declarou publicamente uma mulher transgênero. Na verdade, ela é uma pessoa com variação intersexual.
A argelina nasceu com uma condição em que tem órgãos genitais femininos, mas tem cromossomos sexuais XY (que determinam o sexo masculino) e níveis de testosterona no sangue compatíveis com o corpo masculino. Khelif também se identifica como mulher.
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