O quinto episódio do podcast “UOL Esporte Histórias – Os Grampos de Robinho” foi lançado nesta sexta-feira (30) e mostra Robinho jogando toda culpa do crime para os amigos que estavam no Brasil. Condenado a nove anos de prisão por violência sexual em grupo contra uma mulher albanesa em 2013, nos áudios, o jogador mudou sua versão e admitiu sexo com a vítima. O foco do episódio está nos diálogos entre Robinho e Ricardo Falco, que tinha dado seu segundo depoimento, mas desta vez para o Ministério Público no Tribunal de Milão.
“É, eu comi, pô! Porque ela quis. Aonde eu forcei a mina? Eu comi a mina, ela fez chupeta pra mim e depois saí fora. Os caras continuaram lá. ‘Você viu os caras lá?’. ‘Vi, os caras continuaram, ela queria’. Ah, porventura, em último caso, em última instância… ‘Tu..?. ‘Comi, ela queria me chupar. Ela me chupou um pouquinho, depois saí fora também‘”, admitiu para Falco, que também foi condenado por estupro coletivo. Os áudios foram obtidos pela Justiça italiana através de grampos no telefone dos envolvidos e no carro do brasileiro. Neles, Robinho confessa que fez sexo com penetração com a mulher. Anteriormente, sua versão era de que ela teria praticado sexo oral.
Entre os seis acusados de estupro, apenas Robinho e Falco permaneciam na Itália, o que fez a dupla partir para o plano B e colocar a culpa nos quatro amigos que estavam no Brasil. “Você quer que eu te fale a real? As únicas coisas que eu acho que deve ter: Claytinho e Rudney. Nem o Galan tocou na mina que é lixo. O próprio Alex, que é mó lixo… Agora Claytinho e Rudney ficaram desesperados na mina. Nós tava em pé, tava em pé, rindo. Nós tava em pé, rindo, pô!” (sic), disse o jogador. “Te perguntaram se a mina tava mamada?“, quis saber Robinho.
“Não, porque eu dei o mesmo depoimento, ele só confirmou. Não precisava falar nada. O cara leu meu depoimento, o advogado. ‘Confirma?’. ‘Confirmo’. Aí o bagulho que eu falei também, de passar um pano para nós. Eu falei assim: ‘O seu Clayton já conhecia a menina de um ano que ele veio e eu vou ser sincero pra vocês, depois que acabou o bagulho, ficamos trocando ideia lá e tal. Ela tá falando que tava bêbada, que os cara abusou dela. (sic) Vou falar um negócio pro senhor: Dentro de uma discoteca, um monte de gente, ninguém vai pegar a pessoa no meio da pista, a marra, na força?’“, contou Falco.
“Eu tinha falado no depoimento, leva embora, depois que eu fui ver. ‘Depois que eu fui ver, o Galan chegou’, falei: ‘O Galan chegou por trás e falou pra mim’. Só que daí no dia lá eu falei: ‘O Robinho me salutou. Olhei e não tinha ninguém’. Ele falou: ‘E a mulher?’. ‘Não tinha’. Também falei assim: ‘Eu não vou falar pra você, eles comeram, não comeram? Porque eu não vi. Mas que é uma coincidência, é. Porque sumiu os caras e a mina. Aí eu falei: ‘Quer saber, mano? O máximo que eu puder jogar pros caras, mano…‘”, continuou. “É, pô, joga pra eles”, concordou Robinho, dizendo que também “jogou pra eles“.
A dupla estava conversando sobre seus depoimentos para a polícia, quando Falco revelou que mentiu para as autoridades e para seu advogado sobre o envolvimento de Robinho no crime. “Dei depoimento, falei toda a verdade para o meu advogado. Só não falei que você comeu a mina”, disse o motorista. “Eu falei assim, quer dizer: ‘Oh, quando eu entrei, eu vi tudo o bagulho, eu tava lá’. ‘Robinho estava, né?’ Falei pra ele: ‘Oh, não tava’. ‘Você tá mentindo’. Eu falei: ‘Não tava, mano, não preciso defender ninguém, não tava’“, contou.
No entanto, ao descobrir que o depoimento de Robinho o incriminava, ele mudou o rumo da conversa. Falco contou que foi questionado pelas autoridades se confiava em Robinho. Ele disse que sim e relatou: “Aí o cara falou assim: ‘Então pera que eu vou ler para você aqui o depoimento dele’. E aí leu. Aí foi quando eu fiquei chateado pra c*ralho, Neguinho. Ele falou assim: ‘Oh, ele não confia em você. E segundo ele, você tá armado com a mina’. Daí, olha, posso falar um bagulho pra você? Sinceridade? Você está gastando maior caminhão com o seu advogado. O próprio cara falou: ‘Foi mal’. Daí meu advogado falou assim: ‘Mas como assim? Ele está armado com a mina e tá sendo indagado junto com o De Souza?’. O promotor falou assim: ‘Ele foi mal’“, revelou.
Robinho tinha construído uma teoria de que estava sendo acusado por ser famoso e que a vítima não estaria sozinha no plano. Ela supostamente contaria com ajuda de algum amigo dele e essa pessoa devia ser Falco. O atleta não confiava em Ricardo e disse isso em seu depoimento ao promotor. “Eu falei: ‘Bruno, eu sou homem até o fim, porque é o seguinte, num bagulho desse quem tem mais a perder é ele, porque eu podia chegar lá e falar assim: O Robinho comeu a mina mesmo e o caralho?’. É sua vida, sua profissão, você se f*de. Eu falei: ‘Bruno, mas é o seguinte, independente se ele falou ou não, se eu não trombar mais ele, vou guardar pra mim’. Mas é o seguinte: eu vou ser homem até o fim. Não vou chegar lá e falar’“, disparou para Robinho.
Exame de DNA e mais violência contra a vítima
O quinto episódio ainda mostra o medo dos amigos com um exame de DNA feito no vestido que a vítima usava no dia do estupro. Os dois temiam que a polícia encontrasse esperma na roupa. “Eu também fiquei com medo disso aí. O próprio advogado falou: ‘P*ta?’ Eu falei: ‘Se eu não soubesse que tivesse essa p*rra desse vestido aí?‘”, declarou o jogador. De acordo com UOL, a vítima mergulhou o vestido em água e amaciante, mas foram identificados vestígios de interesse nele.
“Não, vai constar, porque tava lá daquele jeito, batendo punheta e o c*ralho, certeza que raspou, vai ter algum bagulho, vai ter. Ele falou assim: ‘Se raspou e estiver com a cabeça do p*u melada algum bagulho vai constar’“, disse Falco. “Só que a minha preocupação é essa, Neguinho. Porque é quase certeza que vai pegar algum bagulho no meu [exame de DNA]”, continuou. Para ele, mudar o seu depoimento e dizer que viu os amigos praticando o crime e não participou, mas se masturbou explicaria o esperma que poderia ser encontrado.
Em outro momento, Robinho disse que “isso não vai dar em p*rra nenhuma“, expressando seu desejo de bater na vítima. “A mina sabe, ela sabe que tu não fez p*rra nenhuma com ela, ela é idiota? A gente vai dar um soco na cara dela. Tu vai dar um murro na cara, vai falar: ‘P*rra, que que eu fiz contigo? Eu fiz alguma coisa?’ E eu, se eu fiz alguma coisa com a mina, não foi nada forçado“, declarou.
Promessas
Na época, Falco estava desempregado e, conforme foi dito nos episódios anteriores, enfrentava dificuldades para pagar o aluguel. Foi então que Robinho prometeu conseguir um cargo público para o amigo caso eles voltassem para o Brasil. “Já não tinha a piração de ir pro Brasil, que nem… não estudei, porra nenhuma, estudei em colégio normal. Não fiz faculdade, nada. Aí eu piraria em voltar pro Brasil estruturado, chegasse lá e falar assim: ‘Não vou precisar morar no apartamento do meu pai. Vou comprar um apartamento só meu. E vou montar um barato pra mim que eu consiga arrumar uns 5 mil reais, que eu vivo legal, de boa, tranquilo’. Aí eu já tava nesse pensamento. O dia que que falei com o meu irmão, meu cunhado”, reclamou Falco.
“Se eu for voltar pro Brasil, eu te coloco pra trabalhar na prefeitura lá que é uma teta. Igual os caras… os caras ganham 2 conto”, garantiu Robinho. “Porr*, aí é bom mesmo, lindo“, respondeu o amigo. Confira o episódio completo:
Relembre o caso
Robinho e Ricardo Falco foram condenados em todas as instâncias pela Justiça da Itália por estupro coletivo de uma mulher albanesa. Na época, a vítima tinha 23 anos e estava com o grupo de amigos na casa noturna Sio Café, em Milão, em 2013. Além da dupla, Fabio Cassis Galan, Cleyton Florêncio dos Dantos, Alexsandro da Silva e Rudney Gomes da Silva, amigos do atleta, também foram acusados pela vítima.
Os quatro amigos de Robinho escaparam do julgamento porque deixaram a Itália logo após o crime. De acordo com o UOL, a vítima, que nunca quis ser identificada, se formou em Direito e pretende atuar na defesa de mulheres vítimas de violência sexual.