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O comentarista esportivo Enrique Vargas Peña, um dos principais âncoras da rádio ABC Cardinal, chamou os brasileiros de “macacos” ao comentar a derrota da Seleção para a Argentina. O episódio ocorreu nesta quarta-feira (26), um dia após o jogo entre Argentina e Brasil pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.
“Outra felicidade enorme que eu tive ontem foi que o Brasil perdeu de 4 a 1. Os macacos!”, disparou o jornalista. A fala gerou uma reação imediata da apresentadora do programa, que o alertou sobre possíveis consequências: “Meu Deus… Você vai receber uma multa”.
Ela mencionou a punição aplicada no Paraguai para condenações por racismo. Em resposta, Vargas Peña faz uma referência à presidente do Palmeiras, Leila Pereira: “Não, aquela cachorra de m**** não vai dirigir a palavra a mim”.
A presidente do Palmeiras foi uma das vozes mais críticas à postura das autoridades paraguaias após um episódio de racismo sofrido por Luighi, jogador do time sub-20 do clube paulista. Durante uma partida contra o Cerro Porteño, no dia 6 de março, o atleta foi alvo de insultos racistas e até uma cusparada ao se dirigir ao banco de reservas.
Enrique Vargas Peña, comentarista do ABC do Paraguai, um dos veículos de comunicação mais importantes do país, chamou os brasileiros de “macacos” e a Leila Pereira de “cachorra de merda” no programa “La Primera Mañana” ao falar sobre o jogo de ontem. pic.twitter.com/Gl0MMSHhU4
— Juan Sebastián Pérez 𝕏 (@juans_perez) March 26, 2025
Após a partida, Luighi relatou ao árbitro que foi chamado de “macaco” e desabafou sobre o ocorrido. “O que fizeram comigo foi um crime”, lamentou. Além disso, na ocasião um torcedor também foi filmado imitando um macaco em direção a outro jogador do Palmeiras, Figueiredo, enquanto segurava uma criança no colo.
Leila Pereira, por sua vez, criticou a punição imposta pela Conmebol ao Cerro Porteño, que recebeu uma multa de US$ 50 mil, classificando-a como “ridícula”. A presidente também afirmou que levaria à Confederação Brasileira de Futebol a proposta da saída dos clubes brasileiros da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol).
No Paraguai, o racismo é classificado como uma infração, e não como um crime ou delito. A legislação do país enquadra manifestações discriminatórias e racistas como atos infracionais, puníveis com multas que podem chegar a R$ 7,8 mil, sem previsão de pena de prisão – diferentemente do que ocorre no Brasil.
No entanto, há dúvidas sobre a aplicação a legislação do país vizinho ao caso Luighi, já que o jogador não reside no Paraguai. Um dos artigos da lei estabelece proteção à “população afrodescendente paraguaia” e aos “afrodescendentes que vivem no território” do país.
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